F1 x FIA: Sulayem dobra a aposta e lança processo para novos times
Cumprindo a promessa, a FIA dá inicio a processo de escolha de novos times na F1. Agora, é ver como a Liberty e as equipes se posicionarão
No início de seu segundo ano de mandato, Mohammed Bin Sulayem prometeu que lançaria um processo de verificação de interesse de novos times em entrar na F1. Esta ação acabou dando mais esperanças à Andretti e jogou gasolina na briga entre FIA e Liberty Media.
Com a escalada da briga entre as partes, tendo seu último lance a fala de Sulayem sobre valores de compra da F1 e uma resposta irada da Liberty a respeito, um novo movimento veio a publico nesta quinta (02/02): a FIA oficialmente lançou uma “chamada de expressão de interesse” (tradução literal) para a entrada de novas equipes na F1. O link para leitura está aqui
Logo no início, a FIA deixa claro que procura “um ou mais times de F1 interessados em entrar no campeonato” e que pode entrar no certame em 2025, 2026 (quando está prevista a introdução de um novo regulamento técnico) ou 2027.
Como uma boa entidade, a FIA cobrará US$ 20.000 inicialmente dos interessados, que deverão se pré-habilitar apresentando um dossiê com carta de apresentação, documentos legais, identificação de acionistas e declaração de experiência relevante em esporte a motor.
Os pré-qualificados irão receber os requisitos completos para o processo em um prazo de 48 horas após a apresentação do documentação ou até 17 de fevereiro. A partir daí, a FIA diz que levará em conta vários itens, entre eles:
- Habilidade técnica e recursos do time;
- A capacidade do time em captar e manter recursos para cumprir obrigações financeiras e permitir participar do campeonato em “um nível competitivo”;
- A capacidade do time cumprir os requisitos dos regulamentos da categoria;
- Um plano de negócios detalhado para os primeiros 5(cinco) anos do projeto;
- Demonstrar experiência de competição e na área automotiva;
- Considerar aspectos de sustentabilidade e promoção de igualdade;
- Formação do corpo de gestão;
- Julgamento da FIA do “valor que o candidato pode trazer ao campeonato, considerando sua reputação e integridade”;
Além disso, a FIA deixa claro que o donos dos direitos comerciais da F1 (entenda-se Liberty Media) poderá impor condições e critérios adicionais e que podem ser expostos separadamente do processo de inscrição.
Para esta fase do processo, a inscrição poderá ser feita até 30/04 e a FIA se reserva o direito de divulgar conclusões até 30/06/23. Além disso, a FIA deixa claro que a indicação não dá direito a uma inscrição automática para o campeonato e que o máximo de equipes precisas para participar do certame são 12 até 2025. E que os times atuais têm prioridade sobre os novos.
Esta visão deixa claro que a FIA quer habilitar no máximo mais 2 equipes, embora o regulamento esportivo atual preveja um máximo de 13 equipes. E que a Liberty terá que dar o seu aval para que novos entrantes façam parte efetivamente do campeonato.
A integra do documento está aqui. No jogo de pôquer entre a FIA e a F1 (Liberty e equipes), Sulayem bancou a aposta e colocou mais fichas na mesa. Agora, deveremos ver a Liberty e times tentar sair da sinuca de serem os chatos da história e deixar que novos times entrem.
Entretanto, há um ponto aqui que deve ser levado em consideração: os times vem defendendo o aumento da taxa de inscrição de novos times na nova versão do Acordo Comercial, que entraria em vigor a partir de 2026. Até onde se sabe, o valor atual seria de US$ 200 milhões para compensar as equipes atuais em relação à perda de receita.
Aí fica a pergunta: um time novo que decidir entrar em 2025 pagaria este valor ou seria empurrado para 2026 pagando mais do que o dobro? (se fala numa taxa de até US$ 600 milhões). Seria feito um acordo entre as partes atuais para fazer um ajuste no acordo atual?
Ainda veremos muita água rolando embaixo da ponte. Neste momento, Sulayem conseguiu se colocar na liderança. A ver qual será o próximo movimento do outro lado.