Ferrari ratifica ritmo com Leclerc na Austrália. Mas Red Bull tem como contra-atacar
A Ferrari é espetacularmente rápida, e a pole-position de Charles Leclerc é a prova. Poderia ter feito a dobradinha no grid, e essa é a única ressalva do sábado dos italianos na Austrália. A Red Bull, como sempre, segue de perto, embora tenha lá suas dores de cabeça para curar
O sábado (9) em Melbourne atestou a velocidade e o equilíbrio da Ferrari. Os italianos foram capazes de acertar muito bem a F1-75 para as diferentes exigências do circuito remodelado do Albert Park e, apesar de sofrer com o 'porpoising', ainda encontra um compromisso maior com a performance. E se não fosse um errinho e uma falta de sorte de Carlos Sainz no fim da classificação, a fila de honra do grid seria tomada pelos carros vermelhos. De qualquer forma, Charles Leclerc fez o que lhe é mais especial: conquistou a pole em uma volta sensacional, aproveitando tudo que tinha de melhor nas mãos.
O traçado australiano se mostrou mais exigente, assim como as condições do tempo. Ventou muito no parque, e as mudanças de direção colocaram alguns pontos interrogação na cabeça dos engenheiros. Além disso, encontrar a temperatura correta dos pneus também exigiu trabalho. Assim, a melhor configuração esteve longe de ser lógica. Mas a Ferrari se deu bem, melhorando a cada fase e se adaptando melhor às condições. Também ficou evidente que os italianos têm um carro muito versátil na garagem.
Mas impressionou a volta final de Leclerc. O monegasco superou a expectativa de uma marca em torno de 1min18s, quando virou 1min17s868 - quase 0s3 melhor que o tempo obtido por Max Verstappen, que entregou tudo que o RB18 permitia nos instantes finais. Charles demarcou território em um contra-ataque depois da derrota na Arábia Saudita. Ainda assim, o ferrarista tratou de frear o entusiasmo e sabe que os pontos só vêm no domingo. "O carro está bom. A Red Bull está rápida em simulação de corrida, mas estou surpreso com o nosso ritmo na classificação. Vai ser importante largar bem para termos um bom resultado, vamos ver o que acontece amanhã", disse.
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Charles Leclerc conquistou a pole do GP da Austrália (Foto: AFP)
"Foi muito bom, ainda mais porque essa é uma pista onde sofri muito no passado, não me sentia bem. Trabalhei bastante nesse fim de semana, mas conseguimos juntar tudo no Q3 fazer uma boa volta. Estou muito feliz", completou.
E o acerto encontrado pela Ferrari foi tão preciso que a primeira fila era muito possível. Sainz vinha muito rápido em sua tentativa no Q3, mas um erro na parte final, além da bandeira vermelha, acabou com qualquer esperança. O espanhol sai de nono e terá pela frente mais uma corrida de recuperação. Então, essa é a única ressalva da Ferrari, além da preocupação com os quiques acentuados, muito em função das condições do asfalto australiano.
"Tenho certeza de que não é o ideal guiar o carro com esses saltos. Não acho que seja fácil, mas no fim Charles e Carlos também se adaptaram muito bem. Sabemos que Melbourne, mesmo com asfalto novo, será mais acidentada do que outras pistas. É difícil, mas não é uma surpresa completa sofrer com isso", explicou Laurent Mekies, diretor de corrida da equipe de Maranello.
Até por isso, o desempenho ferrarista acabou por surpreender a Red Bull. A equipe austríaca parecia muito segura do ritmo de classificação e, realmente, Verstappen havia deixado claro na primeira tentativa no Q3 - e Sergio Pérez já na segunda fase da definição do grid. Só que os taurinos também tinham lá suas dores de cabeça. É bem verdade que os quiques não assolam o RB18 como nos rivais, mas o campeão do mundo não se mostrou completamente à vontade no carro no Albert Park. Ainda há algo que não encaixou perfeitamente, muito embora a pista pareça se adaptar com as características do rápido modelo criado por Adrian Newey.
Max Verstappen divide com Charles Leclerc a primeira fila (Foto: Red Bull Content Pool)
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"Não foi muito bom. Eu não me senti bem no carro o fim de semana inteiro até agora. Não houve uma volta sequer em que eu tenha me sentido confiante, mas o segundo lugar é bom", confirmou Max.
A aposta dos energéticos está mesmo no ritmo de corridas. Durante os treinos livres, a esquadra austríaca testou o comportamento dos pneus e trabalhou com os níveis de downforce, e o resultado é que a performance parece muito forte. "Provavelmente o ritmo de corrida vai estabilizar um pouco as coisas, mas até agora o fim de semana tem sido complicado. Estou feliz por ser segundo, mas, como equipe, queremos mais", disse o holandês, que terá o companheiro Pérez na terceira posição - o que amplia o ataque contra a Ferrari.
Portanto, parece muito claro que a corrida deve servir novamente um embate entre os dois ponteiros do campeonato. E se tudo transcorrer de maneira normal, essa é uma prova de apenas um pit-stop, segundo a Pirelli, a fornecedora de pneus da F1.
A marca se disse satisfeita com a inusitada escolha de compostos - C2 (duro), C3 (médio) e C5 (macio). "O que vimos até agora mostra que foi a opção certa vir aqui com dois passos entre os compostos macios e médios, o que permitiu que as diferenças de desempenho entre duro, médio e macio fossem quase iguais. Amanhã deve ser uma estratégia de parada única usando médio e duro, mas como vimos hoje, a ação aqui pode ser bastante imprevisível", justificou Mario Isola, o chefão da fabricante.
De fato, a imprevisibilidade se faz presente, mesmo no duelo da ponta. Ainda assim, é interessante notar o salto de performance da McLaren na Austrália. Lando Norris chegou a liderar o TL3 e completou voltas velozes durante toda a classificação. O quarto posto do grid é quase uma vitória. O desempenho é ratificado por Daniel Ricciardo, que sai em sétimo. Entre eles, estão os carros da Mercedes.
Mesmo com todo o desequilíbrio e um efeito do porpoising bastante acentuado, Lewis Hamilton e George Russell foram capazes de driblar as dificuldades e partem da quinta e da sexta posições, respectivamente. Só que, por mais incrível que pareça, a equipe prata mostrou um rendimento consistente em ritmo de corrida na sexta-feira. Talvez nem tudo esteja perdido.
Por fim, a grande desilusão do sábado foi Fernando Alonso. A Alpine trouxe um assoalho mais leve para Melbourne, e isso ampliou a percepção que os franceses acertaram o projeto do A522, muito embora a confiabilidade ainda precise de ajustes. Tanto é verdade que o espanhol acabou vendo a chance de uma primeira fila escorrer pelos dedos num problema hidráulico que ocasionou um acidente no fim do Q3. Mesmo assim, impossível não se encantar com o fato de que há, sim, a chance de novos players nessa F1 do efeito-solo.
O GRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades do fim de semana do GP da Austrália AO VIVO e EM TEMPO REAL. A largada está marcada para 3h do domingo.
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