Ferrari vê 'missão cumprida' de Binotto após saída: "Posição forte para sermos campeões"
A partir de 1º de janeiro, Mattia Binotto não será mais o chefe de equipe da escuderia italiana — que, na figura do CEO Benedetto Vigna, agradeceu o ex-engenheiro "por levar a equipe de volta a uma posição de competitividade"
Mattia Binotto pagou o preço pela falta de competitividade da Ferrari desde 2019 e, nas primeiras horas desta terça-feira (29), teve sua saída como chefe de equipe confirmada pela escuderia italiana. O crédito pela volta do time de Maranello ao pelotão da frente após dois anos difíceis não pesou mais na balança do que os erros de estratégia e sucessivas confusões no comando. A 'Era Binotto' chegou ao fim.
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Conforme anunciado pela própria Ferrari, Binotto só vai deixar o cargo em 1º de janeiro de 2023. Até lá, a escuderia italiana não vai decidir um substituto — nomes como Frédéric Vasseur, Ross Brawn e Andreas Seidl chegaram a ser especulados pela imprensa internacional. A conclusão do processo para a escolha do novo chefe de equipe é esperada para o próximo ano.
Depois de negar publicamente a saída de Binotto após os rumores iniciais, a escuderia italiana demitiu o ex-engenheiro. CEO da Ferrari, Benedetto Vigna agradeceu Mattia "por suas grandes contribuições ao longo de 28 anos com a Ferrari e, particularmente, por levar a equipe de volta a uma posição de competitividade".
"Como resultado, estamos em uma posição forte para renovar nosso desafio, acima de tudo por nossos incríveis fãs ao redor do mundo, de ser campeão da Fórmula 1. Todos aqui na Scuderia e na comunidade mais ampla da Ferrari desejam a Mattia tudo de bom para o futuro", completou o diretor-executivo.
O próximo chefe de equipe será o quinto da Ferrari na última década. Binotto sai após sua temporada de maior sucesso no comando da esquadra de Maranello: quatro vitórias e 12 pole-positions no ano. Mas, por um motivo ou outro, a escuderia italiana sempre perde fôlego ao longo da temporada, desde o momento em que Mattia foi promovido ao posto de chefe de equipe após a saída de Maurizio Arrivabene.
Vale lembrar que o escândalo técnico de 2019 da Ferrari também aconteceu na gestão Binotto. Naquela temporada, a unidade de potência da Ferrari parecia imbatível, com velocidade de reta muito superior às demais equipes. A Red Bull foi a primeira a levantar suspeita de ilegalidade no motor italiano, direcionando suas acusações ao fluxo do combustível.
A Mercedes, óbvia parte interessada, logo se juntou aos protestos. A FIA (Federação Internacional de Automobilismo), então, determinou o sistema da escuderia italiana, que pulsava sinais elétricos que interferiam no fluxômetro, como ilegal — sob a justificativa de que a vantagem obtida não estava de acordo com o regulamento técnico.
Nos bastidores, órgão regulador e escuderia italiana firmaram uma espécie de acordo secreto. Mas sem o 'temperinho', a pimenta no motor, a Ferrari enfrentou fortes repercussões técnicas em 2020 e 2021. Todo esse cenário também pesou contra Binotto.
É necessário apontar, também, o descontentamento de Charles Leclerc com o agora ex-chefe de equipe. O relacionamento entre os dois tornou-se conflitante desde o GP da Inglaterra deste ano, quando o piloto de 25 anos deixou de vencer após uma má escolha estratégica do time, que acabou tirando o monegasco até do pódio.
À época, Leclerc estava 49 pontos atrás de Max Verstappen na disputa pelo título. Um jantar de esclarecimento aconteceu em Monte Carlo pouco depois, mas não foi suficiente para recuperar a relação.
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