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Fórmula E dá novo show e mostra que entende DNA de Mônaco muito melhor que F1

Vitória de Stoffel Vandoorne em Mônaco marca nova corrida absolutamente movimentada da Fórmula E em Monte Carlo, enquanto Fórmula 1 segue acumulando disputas monótonas ano após ano

30 abr 2022 - 14h19
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As ruas de Mônaco novamente receberam uma baita corrida pela Fórmula E
As ruas de Mônaco novamente receberam uma baita corrida pela Fórmula E
Foto: Fórmula E / Grande Prêmio

SUSTENTABILIDADE PODE SER MOTIVO DE TRETA ENTRE FÓRMULA 1 E FÓRMULA E NO FUTURO?

Sempre que se fala em retirar o GP de Mônaco do calendário da Fórmula 1 — uma ideia constantemente debatida, dado o pouco nível de movimentação nas corridas —, os mais puristas e convencionais defendem que a tradição do Principado faz parte da história da categoria — e por isso, deveria ficar. Na Fórmula E, a situação é um pouco diferente: a etapa também precisa permanecer, mas por outro motivo — a corrida em si.

Ao contrário do que se vê na Fórmula 1 ano após ano, as características da Fórmula E permitem aos pilotos um número consideravelmente maior de disputas na pista, em um traçado praticamente igual ao que se usa na principal categoria do automobilismo. Com o desenho extremamente estreito pelas ruas do Principado, é comum ver pilotos presos atrás de outros carros — que não necessariamente estão mais rápidos — devido à dificuldade de se encontrar espaço.

Pois na Fórmula E, algumas diferenças conseguem tornar a corrida em Mônaco especial, uma das melhores do ano em quase todas as cinco temporadas em que fez parte da categoria. O principal deles é o modo de ataque, invenção da FE baseada em jogos de vídeo game que foi implementada na esperança de atrair o público mais jovem, teoricamente interessado em uma maneira menos convencional de correr.

Mesmo com traçado estreito, Fórmula E faz corrida funcionar em Mônaco (Foto: FIA Fórmula E)

A explicação é simples: o piloto passa pela zona de ativação — fora da linha de corrida original, o que o faz perder tempo e quase sempre posições — e ganha uma potência extra de 25 kW que dura um tempo pré-determinado — esse tempo varia de uma pista para outra, dependendo do número mínimo de ativações que os pilotos precisam fazer ao longo de uma corrida.

Assim, a discrepância de velocidade entre um piloto sem o modo de ataque e outro que utiliza do artifício se torna consideravelmente maior, possibilitando que os competidores ultrapassem até mesmo nas retas curtas de Monte Carlo. Desta forma, é comum ver disputas constantes de posição na reta principal, com os pilotos atacando o espaço na Saint Devote, por exemplo, ou na reta do túnel, logo antes da chicane.

A própria ativação do modo de ataque quase sempre gera um cenário de disputa, já que os carros que ganham a posição daquele que optou pela potência extra terão menos velocidade, ou seja, é natural que os competidores herdem a posição e sejam pressionados por um carro mais rápido logo em seguida.

António Félix da Costa venceu de forma espetacular em 2021 (Foto: Fórmula E)

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Enquanto a turbulência gerada por um carro de Fórmula 1 dificulta a aproximação em espaços curtos — característica principal do circuito de Mônaco, um dos menores do calendário —, a Fórmula E se beneficia da maior facilidade de aproximação de seus carros para gerar corridas bem mais movimentadas e emocionantes do que as procissões infindáveis da F1.

Para fazer um recorte, as duas últimas disputas no local pela Fórmula E tiveram corridas absolutamente movimentadas e com diversas trocas de posição — inclusive na última volta, como foi o caso de António Félix da Costa sobre Mitch Evans em 2021. Em 2022, o neozelandês novamente bateu na trave após conquistar a pole-position e liderar durante boas voltas, mas sentir um problema de energia que o limitou ao segundo lugar mais uma vez.

A energia da bateria, por sinal, é outro ponto importantíssimo e que faz a Fórmula E se diferenciar quando viaja a Monte Carlo. O vencedor da corrida deste sábado (30), Stoffel Vandoorne, é um exemplo disso: cruzou a linha de chegada com a bateria completamente zerada, após gerenciar de maneira perfeita o consumo durante as 17 voltas da prova.

Stoffel Vandoorne gerenciou energia ao longo da corrida para vencer em Mônaco na base da estratégia (Foto: Mercedes)

Enquanto a necessidade de gerenciamento de energia já causou cenários caóticos e algumas vezes vergonhosos na Fórmula E, ela também é responsável pelas diversas variações estratégicas que pilotos e equipes conseguem planejar durante uma corrida — exatamente o que Vandoorne conseguiu realizar em conjunto com a Mercedes.

Enquanto a Fórmula 1 implementa mudanças e constrói carros cada vez maiores para correr em pistas — Mônaco é o maior exemplo, mas não o único — que permanecem com a mesma largura de quando foram construídas — para carros que na época eram consideravelmente menores —, a Fórmula E foi na direção contrária e criou formas de tornar as corridas mais imprevisíveis.

Por mais que as iniciativas nem sempre tenham dado certo — e algumas situações constrangedoras, como em Valência, sejam sempre relembradas —, é impossível negar que a categoria busca alternativas para gerar mais interesse no esporte. E pelo que diz respeito ao público de Mônaco, o objetivo no Principado foi atingido em cheio.

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