Gasly desabafa e se decepciona com falta de reconhecimento na Red Bull: "É duro engolir"
Pierre Gasly deu uma longa entrevista à revista alemã Auto Motor und Sport, falou que se vê melhor a cada temporada, mas deixou claro que não se conforma por se ver fora da equipe principal da Red Bull: "Isso me decepciona"
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Pierre Gasly completou a temporada 2021 da Fórmula 1 como um dos grandes destaques. Diferente de 2020, a vitória não veio, mas o talentoso francês garantiu mais um pódio na carreira — terceiro lugar no GP do Azerbaijão —, emendou uma série de atuações notáveis e conseguiu brilhar correndo pela mediana AlphaTauri, a equipe B da Red Bull. O competidor, em entrevista à revista alemã Auto Motor und Sport, disse ter sido "o terceiro melhor" de 2021, depois de Max Verstappen e Lewis Hamilton. Mas mesmo depois da grande temporada que fez, Pierre carrega uma grande mágoa no seu coração.
O fato é que Gasly, que completa 26 anos em 7 de fevereiro, não se conforma por, mesmo depois dos grandes anos que fez na Fórmula 1 recentemente, ser preterido pela equipe principal da Red Bull. O francês de Rouen correu pela escuderia tetracampeã do mundo na temporada 2019, fez as 12 primeiras corridas daquele ano, mas foi muito pressionado pela cúpula do time, formada por Christian Horner e Helmut Marko, a entregar resultados próximos aos de Max Verstappen. O melhor resultado de Gasly foi um quarto lugar no GP da Inglaterra.
Pierre Gasly não se conforma por seguir longe da Red Bull (Foto: AlphaTauri)
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Pierre não teve tempo para se desenvolver com a Red Bull e foi dispensado depois do GP da Hungria para dar lugar a Alex Albon. O anglo-tailandês ficou uma temporada e meia antes de a Red Bull mudar sua filosofia de trabalho e trazer, no ano passado, o experiente Sergio Pérez, um piloto que nunca fez parte do Red Bull Junior Team.
'Checo' enfrentou suas dificuldades, sobretudo em termos de adaptação, não chegou a andar propriamente no nível de Verstappen, mas conseguiu marcar resultados importantes, como a vitória no GP do Azerbaijão — onde Gasly terminou em terceiro — e cinco pódios. De quebra, o mexicano conseguiu ajudar Verstappen de forma fundamental na corrida derradeira da temporada, o polêmico GP de Abu Dhabi, na disputa contra Lewis Hamilton pelo título, que foi logrado pelo holandês.
No fim das contas, Pérez teve contrato renovado com a Red Bull até o fim de 2022, enquanto Gasly continua com a AlphaTauri e permanece vinculado aos taurinos até 2023.
Em tom de desabafo, Pierre deixou claro que não sabe mais o que fazer para mostrar que merece reconhecimento e uma chance de voltar para a equipe que colocou Verstappen no topo da Fórmula 1 no fim de 2021.
"A minha vontade… A minha vontade de lutar pelo título mundial é muito forte. Estou na Fórmula 1 para lutar na parte de cima. Isso me motiva a seguir melhorando. Não vou mentir, é difícil entregar uma temporada como essa. Quando me comparo com aqueles que tiveram a oportunidade de estar na Red Bull, é decepcionante", disse.
Pierre Gasly voltou ao pódio da Fórmula 1 no GP do Azerbaijão (Foto: Getty Images/Red Bull Content Pool)
"Com base nos números e resultados, tive um desempenho melhor do que qualquer outro nesta equipe. No fim das contas, porém, não recebi o reconhecimento e a recompensa por isso. É duro engolir. Claro, isso me decepciona. Sei o que quero alcançar neste esporte. Quero lutar lá no topo, e isso não mudou. Não será muito distante no próximo ano [2022]. Mas se isso não significar que se não for ainda em 2022 não vai acontecer em 2023", acrescentou o gaulês. "Sigo a todo vapor e acredito em mim mesmo. Espero que a AlphaTauri seja tão boa quanto nesta temporada, em que pese a mudança no regulamento", complementou o piloto, já de olho na revolução da Fórmula 1 e em tudo o que será novo neste 2022.
Mesmo sem contar com o reconhecimento por parte da Red Bull, Gasly busca motivação para melhorar em tudo enquanto piloto. "Há um pouco de espaço para melhorias, em todos os aspectos. Vejo as coisas desta forma: podemos nos comparar a uma empresa normal, onde existem diferentes departamentos. Marketing, comunicação, gestão, produção, e você sempre pode tirar mais de todas essas áreas".
"Seja quando se trata de preparação, descanso, planejamento, tirar o máximo da sua energia durante os finais de semana de corrida, a forma como você trabalha com os engenheiros… Também, a constância, não cometer erros, tomar as decisões corretas toda vez que você larga, a gestão dos pneus…", explicou.
Depois do que entregou na temporada passada, com 15 vezes na zona de pontuação em 22 GPs disputados e a nona colocação do Mundial de Pilotos, Gasly promete ir além e entregar, em 2022, a sua melhor versão.
"Você vai ver o melhor Gasly de todos os tempos na Fórmula 1. Também sinto que, quanto mais experiência eu tenho, entendo melhor tudo o que está acontecendo ao meu redor. Tenho muito mais controle sobre as coisas. Sei exatamente o que quero do carro e da equipe. Acredito que, ano após ano, isso vai ficar cada vez melhor", garantiu.
Por fim, Pierre garantiu que planeja uma mudança de ares, mas não por agora, e entende que terá tempo para tomar a melhor decisão quanto ao futuro da sua carreira na Fórmula 1.
"O mercado vai mudar. Para muitos pilotos, os contratos vencerão em 2023. Haverá oportunidades. Tudo acontece muito rapidamente na Fórmula 1. Não estou muito preocupado. Vamos ver quando for a hora certa. No momento, estou concentrado em cada fim de semana de corrida, no meu desempenho. Dou o meu melhor. O melhor que posso fazer é repetir os resultados, como fiz no México. Terminar em quinto na classificação, atrás da Mercedes e Red Bull, com um carro de meio de grid. Certamente faria melhor com um carro mais rápido. Essa é a única coisa que importa", concluiu Pierre Gasly.