Gasolina F1 2026: Ainda muitas dúvidas, mas Brasil pode ajudar
Um dos pontos mais dramáticos da F1 2026 tem passado sem muita atenção. Afinal de contas, sem combustível os carros não rodam.
De certo é que a F1 decidiu que terá um combustível 100% sustentável, em busca da famosa emissão de carbono zero. Os trabalhos neste ponto estão a pleno vapor, conduzidos principalmente pela saudita Aramco. Só que há uma grande dúvida sobre que caminho seguir. Afinal de contas, o Regulamento abriu a possibilidade de duas abordagens, mesmo se falando em “combustível sustentável”: combustível com biomassa ou combustível sintético.
Embora tudo seja combustível, há uma questão de rendimento. O combustível sintético usa processos químicos para transformar o gás carbônico em gasolina, o que ainda é caro e demanda o uso de muita energia na execução. Já o biocombustível tem como foco o uso de biomassa orgânica, especialmente de algas ou de resíduos agrícolas.
Um dos desafios das petroleiras, capitaneadas pela Aramco, é achar o ponto certo para o combustível. O sintético tem um rendimento menor em relação ao fóssil (tem menos octanagem, por isso não gera tanta potência). Já o biocombustível tem a questão do consumo elevado (quem tem carro a álcool sabe muito bem disso).
Os trabalhos estão em curso desde 2021 e vários avanços foram feitos. Uma das linhas de desenvolvimento foi a utilização de combustível 55% sustentável na F2 e F3 esta temporada. Para 2024, o objetivo é usar a mesma proporção, mas de combustível sintético.
Muita conversa vem sendo conduzida pela FIA e a F1 e até mesmo colocada novamente na mesa a possibilidade de fornecedor único para evitar uma corrida tecnológica e segurar custos. Só que as petroleiras atuais (Shell, Petronas, BP e Gulf) estão a pleno vapor no desenvolvimento e são umas das principais financiadoras da categoria....
Uma das soluções para este impasse está no Brasil. Não é de hoje que o desenvolvimento de tecnologia de combustíveis alternativos feito no país chama a atenção. No caso da F1, a Petrobrás foi pioneira no uso do etanol de cana-de-açúcar como aditivo e ajudou a desenvolver uma das melhores gasolinas da categoria no início dos 2000.
Quando a F1 anunciou a introdução de 10% de combustíveis de biomassa na gasolina, esperava-se que a petroleira brasileira estivesse bem-posicionada para este ponto. Tanto que se desenvolveu um produto para ser usado pela Renault, mas houve mudança de planos da empresa e isso ficou para trás (embora o consumidor brasileiro tenha se aproveitado do trabalho feito em novos combustíveis especiais).
A Shell, através da Raízen, usa o chamado etanol de 2ª geração na composição da gasolina atual usada na F1. Este produto potencializa a biomassa da cana de açúcar, diminuindo a geração de resíduos no processo. Pelo ponto de vista da emissão de carbono, é uma ótima solução, praticamente compensando o processo completo.
Não é à toa que a Aramco vem negociando com a Petrobras para auxiliar neste ponto. As empresas vêm mantendo tratativas para fechar acordo em diversas áreas e os sauditas estão de olho no conhecimento brasileiro para os biocombustíveis, enquanto a Petrobras se interessa sobre a questão do hidrogênio verde, campo que os sauditas têm investido fortemente nos últimos tempos.
Em breve, teremos muitas novidades sobre isso, ainda mais depois do ajuste que a FIA anunciou na última semana para o desenvolvimento dos combustíveis para 2026 (os detalhes ainda não estão disponíveis).