GUIA 2021: Ferrari revisa carro e chama Sainz para tentar retomar posto no top-3
Após um ano desastroso em 2020, a Ferrari só deseja uma temporada de paz, antes da revolução do ano que vem. Por isso, revisou todo o projeto para criar a SF21 e ainda renovou ares com a chegada do promissor Carlos Sainz
Equipe mais icônica do grid da Fórmula 1, a Ferrari enfrenta em 2021 uma temporada em que busca a redenção. Depois de um campeonato fraco e decepcionante no ano passado, a escuderia promoveu por duas vezes uma reorganização interna, realinhou departamentos e distribuiu mais funções aos homens de confiança, que ainda respondem a Mattia Binotto. A reestruturação foi a responsável pelo projeto da SF21, o carro que será conduzido por Charles Leclerc, que vai para o seu terceiro Mundial com os italianos, e Carlos Sainz, contratado para substituir o tetracampeão Sebastian Vettel, demitido antes mesmo do início da temporada passada. Portanto, Maranello terá muito o que fazer a partir de 28 de março.
Isso porque o fracassado 2020 ainda ecoa pelas garagens ferraristas. Além de um clima pesado durante a temporada por conta da decisão de dispensar Vettel, a problemática SF1000 também se mostrou difícil. O motor foi o principal vilão: depois de um estranho acordo com a FIA (Federação Internacional de Automobilismo), em que foi apontada irregularidades com a unidade de potência, a Ferrari perdeu rendimento. E tudo isso junto resultou em uma queda de performance acentuada, de um forte vice-campeonato em 2019 para um frustrante sexto lugar.
A verdade é que os italianos ficaram de mãos atadas. Não estavam autorizados a mexer no motor e, como desgraça pouca é bobagem, pouquíssimas atualizações ao longo do ano deram certo. Assim, a equipe decidiu por uma mudança completa para essa temporada. E o primeiro ponto foi exatamente a unidade de potência. Os engenheiros trabalharam em novos desenhos e melhoraram a performance - estima-se um aumento de 30 cv. Além disso, o projeto trouxe novas asas e demais recursos aerodinâmicos para tentar recuperar a perda de downforce imposta pelo regulamento. A Ferrari também mexeu na parte traseira e trouxe um novo assoalho.
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Os testes de pré-temporada no Bahrein mostraram que o time italiano conseguiu sanar algumas falhas do carro do ano passado, mas ainda tem um caminho a percorrer. Embora a velocidade de reta já se configure um ponto forte do novo modelo, assim como o desempenho melhor em ritmo de classificação, a performance de corrida preocupa. O carro apresentou um desgaste excessivo dos pneus traseiros. De qualquer forma, a Ferrari fez a lição de casa.
Só que, neste momento, parece otimista demais pensar em retorno ao posto deixando em 2019. A equipe vermelha ainda não tem estofo para uma briga mais intensa com Mercedes e Red Bull - esse salto não será imediato. Maranello deve seguir ainda no pelotão intermediário, mas não em sua ponta de baixo. A disputa será mesmo na frente, tendo como principais rivais a McLaren, a Alpine, a AlphaTauri e, eventualmente, a Aston Martin.
A boa notícia é que a Ferrari tem dois ótimos pilotos em suas garagens. Leclerc cresceu absurdamente desde o ano passado. A desastrosa temporada mostrou um monegasco mais brigador. Chales obteve resultados surpreendentes com a fraca SF1000, foi ao pódio por duas vezes e viveu corridas de recuperação e combatividade. Tirou leite de pedra, como se diz. Conta a favor o fato de que o jovem piloto possui um vínculo longo com os italianos e é considerado como a grande aposta da escuderia para o futuro.
Para completar a dupla, a Ferrari tirou Carlos Sainz da McLaren. O espanhol já é um gato escaldado do grid, com passagens pela Toro Rosso, Renault e a própria equipe inglesa. A experiência certamente vai desempenhar um papel fundamental no trato com a Ferrari. Sainz está em grande forma, especialmente depois disputar dois fortes campeonatos pelo time de Woking. O amadurecimento do piloto de 26 anos é nítido, por isso a escolha da equipe italiana é mais do que acertada.
Só tem um ponto: no papel, de fato, o grupo ferrarista parece muito bem azeitado, mas o potencial para um embate interno é grande. Ainda que pareçam entender a importância de se ter um bom relacionamento debaixo do mesmo teto, é pouco inteligente pensar que Carlos não vai querer se impor logo para não cair na armadilha de virar um segundão. Enquanto isso, Leclerc é o líder e não vai querer disputar os holofotes.
Portanto, a Ferrari já começa o ano tentando não só dar performance ao carro, mas também de olho em confronto que, mais ou mais tarde, terá de lidar.
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