GUIA 2022: F1 vive temporada de revolução e torce por reedição de batalha épica
A Fórmula 1 entra em uma nova era em 2022. Com um toque do passado, a maior das categorias do esporte a motor olha para o futuro com esperança de um grid equilibrado e de corridas imprevisíveis. E torce que a sorte sorria novamente com um campeonato tão disputado quanto o do ano passado
ENFIM, A FÓRMULA 1 VAI VIVER sua tão aguardada revolução técnica. O novo regulamento, fruto de intensas reuniões e concessões, já era para estar em vigor, mas a pandemia da Covid-19 forçou uma alteração drástica nos planos, adiando em um ano a introdução dessas normas. Agora, equipes, pilotos e fãs se preparam para uma das mais importantes revisões de regras da história recente da maior categoria do esporte a motor. E o objetivo é equilibrar as forças do grid e tornar as corridas imprevisíveis, ao mesmo tempo em que busca um formato financeiramente saudável.
É certo dizer que a F1 ainda não deixou para trás as imagens do épico duelo protagonizado por Max Verstappen e Lewis Hamilton no ano passado e que, de certa forma, torce pela revanche em 2022, mas é igualmente verdade que essa nova fase também empolga. Não só pela concepção dos carros em si, mas também por ser o primeiro passo para aquilo que o Mundial deseja para o futuro. Ainda que alguns pontos necessitem de uma postura mais assertiva, como a posição frente à sustentabilidade e às questões sociais, como o fim dos protestos antirracistas.
De toda maneira, a Fórmula 1 inicia o ano também sendo obrigada a tomar decisões contundentes, diante do que acontece no mundo - já não dá mais para fechar os olhos para tudo. Até porque o conflito entre Rússia e Ucrânia respingaria de qualquer maneira. No fim das contas, a americana Haas se viu em um beco sem saída e precisou encerrar o patrocínio pomposo com a russa Uralkali, de propriedade do pai de Nikita Mazepin. E por consequência, teve de dispensar o piloto - que jamais deveria ter integrado o campeonato. Assim, Mazepin deixa a F1 não por seu papel odioso no caso de assédio contra uma mulher e nem por ser um piloto inexpressivo, mas, sim, por conta somente dos negócios de sua família.
Na esteira de tudo, o Liberty Media promoveu o cancelamento do GP em Sóchi. Era inevitável, diante da pressão por sanções contra o governo de Vladimir Putin. Dessa forma, o calendário de 23 etapas, que seria o maior da história, tem 22 provas programadas por enquanto.
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Aliás, a temporada reserva uma estreia muito esperada, com a corrida em Miami. Há tempos, a categoria máxima tenta emplacar um segundo GP nos Estados Unidos, para ganhar de vez o público americano e parece que a cidade da Flórida é a decisão mais acertada nesse sentido. Espera-se por grandes eventos promocionais e um gigantesco trabalho de marketing em um dos destinos mais procurados por turistas dentro e fora dos EUA.
Além de Miami, o campeonato também aguarda ansioso o retorno de praças queridas do público, como Canadá, Japão e Austrália. Nem tão perto do coração assim, mas importante para a composição do calendário está a volta de Singapura. Esses lugares ficaram afastados da F1 também devido aos efeitos da pandemia.
Ainda assim, a programação para 2022 obedece a uma lógica atravessada. O Bahrein tomou de vez o lugar da Austrália como etapa inaugural. Melbourne será o terceiro palco do ano. Entre as duas corridas, está a de Jedá, na Arábia Saudita. Aqui é outro exemplo do quanto as decisões da F1 são controversas e sem pouca defesa.
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A primeira etapa na Europa será em Ímola, que assegurou uma renovação de contrato com a F1 para manter o GP da Emília-Romanha. Depois, o campeonato viaja aos EUA para a corrida no circuito urbano de Miami. Na volta, a temporada emenda a longa perda europeia - a exceção é a visita a Montreal, em um estranhíssimo traslado do Azerbaijão. Mais tarde, a disputa segue para a Ásia e volta às Américas. O GP de São Paulo, já com ingressos quase esgotados, será a penúltima parada do ano, em novembro. Abu Dhabi sedia o encerramento, um dia antes do início da Copa do Mundo.
É importante destacar também que a Fórmula 1 ainda aposta nas corridas de classificação. E apesar do desejo de ter mais edições, 2022 vai acompanhar apenas três: Ímola, Red Bull Ring e Interlagos.
Então, tem os carros. A revolução técnica foi pensada com cuidado e apreço, para tentar reduzir a diferença de performance entre as equipes e afastar a chance de uma supremacia como a imposta pela Mercedes na Era Híbrida. Para isso, os engenheiros comandados por Ross Brawn buscaram inspiração no passado, em uma época de experimentos e da genialidade de Colin Chapman. A F1 trouxe de volta o efeito-solo, em uma ação ousada, uma vez que o conceito foi proibido no começo dos anos de 1980.
Agora essa concepção ganhou atualizações importantes, especialmente do ponto de vista da segurança. E veio acompanhada de pneus de 18" e um visual mais limpo dos carros. Se antes toda a eficiência aerodinâmica vinha das asas e de apêndices, agora o downforce passa a ser gerado pelo fundo do carro. O novo F1 tem um visual mais limpo, mas é igualmente complexo.
Portanto, o novo regulamento é, antes de tudo, um desafio para a criatividade dos projetistas. Isso porque, apesar das diversas particularidades, é um conjunto de regras que impõe pouca margem de manobra. E isso tanto do ponto de vista técnico, quanto financeiro - uma vez que as equipes já vivem sob um restrito teto orçamentário, outra consequência da pandemia.
Apesar dos temores de que os projetos pudessem ficar muito semelhantes, a pré-temporada apresentou modelos ousados e soluções extremas, especialmente diante de um fenômeno que pegou a todos de surpresa. O chamado 'porpoising' é resultado direto do efeito-solo. Os carros saltam em alta velocidade. E isso se tornou uma dor de cabeça (literalmente).
Assim sendo, os testes ganharam enorme importância e muitas equipes conduziram experimentos de toda a sorte. Neste ponto, é interessante colocar aqui as duas principais equipes de 2021. Mercedes e Red Bull levaram à pista modelos muito diferentes, praticamente em caminhos opostos de desenvolvimento.
Enquanto a atual campeã enfrentou problemas e deixou a pré-temporada afirmando que não se vê vencendo corridas, os taurinos encerraram os testes na frente, puxados por aquele que carrega o número 1 no bico do carro. Há também quem corra por fora. A Ferrari esbanjou confiabilidade e colocou uma pulga atrás da orelha de suas adversárias. E ainda teve uma Haas fazendo graça. Promete.
Por fim, é impossível falar desta temporada sem mencionar os dois protagonistas de 2021. Ainda que estejam em cenários diferentes neste momento, é inegável que a F1 espera por uma reedição dessa batalha. Depois dos acontecimentos diante do polêmico GP de Abu Dhabi do ano passado, é impossível não colocar Hamilton na posição de ataque, do homem que busca retormar seu cinturão. De outro lado, existe uma significativa expectativa sobre Verstappen. O prodígio que estreou aos 17 anos e que agora, maduro e campeão, sai em defesa do título mundial.
E ainda há uma esperança sobre uma terceira via, representada aí pela forte dupla ferrarista, Charles Leclerc e Carlos Sainz, sem contar com George Russell, que finalmente terá sua chance na Mercedes.
Portanto, está entregue o roteiro da 73ª temporada da F1, cujo primeiro episódio estreia neste domingo, no Bahrein, a partir das 12h (de Brasília). O GRANDE PRÊMIO acompanha o campeonato e abre nesta segunda-feira (14) um guia completo sobre tudo que é preciso saber para o Mundial de 2022.
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