Guia F1 2023 - Dar adeus à lanterna é a missão da Williams
Com novo chefe de equipe e piloto estreante, Williams tenta (de novo) se reestruturar para sair do fundão. E os testes não foram ruins...
Nome oficial: Williams Racing
Carro: FW45
Motor: Mercedes-AMG F1 M14 E Performance
Pilotos: #23 Alex Albon e #2 Logan Sargeant
Posição em 2021: 10º de 10
A equipe
Uma das mais tradicionais e vencedoras equipes da história da F1, a Williams vive um presente muito diferente do passado de glórias. De estrutura fundada pelo eterno Frank Williams, falecido no ano passado, e por Patrick Head, sobrou pouca coisa além do nome. A família Williams já não comanda mais o time, que está sob a batuta do grupo de investimentos Dorilton Capital desde 2020.
A última década foi uma espiral descendente para o time de Grove. A falta de dinheiro se convertia em falta de resultados, o que afastava ainda mais a entrada de recursos. A equipe acabou virando um mero espaço para pilotos pagantes que pouco poderiam agregar (Stroll, Sirotkin, Latifi), ou um vestibular para pupilos de equipes maiores (Russell).
Sob a nova direção, a Williams conseguiu alguma estabilidade financeira - ainda que em um patamar bem diferente daquele que a fez histórica. Hoje, a realidade da equipe é na parte de baixo da tabela de classificação.
Para 2023, o time traz novidades em seus quadros de funcionários, a começar pela chefia. Jost Capito sai de cena e abre caminho para James Vowles, vindo da Mercedes. James (famoso pelos rádios com Bottas) trabalhou como estrategista da equipe que foi campeã da categoria por oito vezes seguidas, e recebe sua primeira oportunidade como chefe de equipe.
A dupla de pilotos:
#23 Alex Albon: O anglo-tailandês segue para seu segundo ano na equipe. Albon vive uma interessante redenção na carreira, depois de ir para o limbo do universo Red Bull. Na Williams, assumiu o protagonismo do time e correspondeu bem – claro, dentro das possibilidades do time.
Depois de deixar boa impressão na temporada de estreia no time, com destaque para a incrível atuação no GP da Austrália, quando pontuou após fazer praticamente toda a prova com os mesmos pneus, ele deve liderar a equipe rumo a objetivos (ligeiramente) maiores em 2023.
#2 Logan Sargeant: O americano de 22 anos chega para a vaga do sempre contestado Nicholas Latifi. Trata-se do primeiro piloto do programa de formação da Williams a chegar à F1 – o que é um indicativo interessante da melhor saúde financeira do time, uma vez que pôde se dar ao luxo de dispensar um piloto que injetava uma receita expressiva para colocar um “prata da casa” (mas não nos enganemos a ponto de achar que alguém chega à F1 “de graça” em tempos atuais...)
Sargeant não deve ser o cara para mudar o patamar da Williams. Ele vem de uma boa temporada na F2, em que terminou em 4º, mas não é tido como alguém fora da curva. Seu objetivo deve ser aprender o quanto puder e, se possível, angariar alguns pontos. Além de, claro, ser o nome americano que a F1 tanto quer para se aproximar ainda vez dos EUA...
O carro
Se no ano passado a Williams foi uma das equipes a apostar nas laterais estreitas (os zeropods) e sofrer com elas, em 2023 o time foi por um caminho mais tradicional. Os sidepods maiores conversam mais com a escola Red Bull do que com a Mercedes. A ideia é que o conceito aerodinâmico mais convencional diminua a sensibilidade do carro a ventos laterais, que dificultou a vida de pilotos e engenheiros em 2022.
A pintura segue um estilo parecido com o adotado no ano passado, ainda que em tons um pouco mais escuros de azul. O preto, que ganhou espaço nos carros de várias equipes ao longo da última temporada, também se faz bastante presente.
Entre os patrocínios, sai de cena a Sofina, ligada à família Latifi, e chega a Gulf. Também ganha espaço a pintura no estilo pilha Duracell na parte de cima do carro, junto à entrada de ar superior (que tem um formato diferente quase quadrado). A marca de pilhas já havia sido exposta dessa forma em algumas etapas do ano passado, mas ganha lugar fixo em 2023.
Expectativa para 2023
A Williams tem se acostumado à inglória briga para não ser a lanterna: de 2018 para cá, a equipe só não foi última entre os construtores em 2021. Havia uma esperança de que o novo regulamento, de 2022, pudesse ser um atalho em direção à turma do meio do pelotão. Mas não foi o que aconteceu. Novamente, a Williams amargou a lanterna, com apenas 22% dos pontos do penúltimo.
Em 2023, um novo recomeço. James Vowles tem a dura missão de reerguer a Williams para que seja pelo menos algo minimamente digno do passado grandioso da esquadra. Mas essa missão deve ser bastante complexa.
Findos os três dias de pré-temporada no Bahrein, a Williams foi a 2ª equipe que mais andou, com 439 voltas. Indicativo de que pelo menos funcionando bem o carro está. Pouco tempo foi perdido na garagem consertando o FW45, o que é indicativo positivo em termos de confiabilidade.
Outro bom sinal é que a equipe foi quem mais diminuiu seu tempo de volta em comparação direta com os testes na mesma pista no ano passado. Sinal de que houve evolução - e de que a base de comparação era fraca...
Mas mesmo com o claro progresso em relação a 2022, a equipe ficou apenas em 9º entre as 10 equipes no que diz respeito aos tempo de volta. No entanto, é sempre importante relativizar os tempos de testes, afinal, cada equipe tem um programa distinto e nunca sabemos ao certo quão próximo do limite cada um está.
O ponto de partida para 2023 é claramente superior ao de 2022 – o que, convenhamos, é o mínimo que se espera depois da fraquíssima campanha do ano passado. A Williams parece ter um carro minimamente confiável e menos sensível aerodinamicamente.
O objetivo deve ser sair da lanterna na classificação geral. Com Albon mantendo sua boa fase e Sargeant motivado para mostrar resultados, é uma meta alcançável. Mas seria bom para a Williams se alguma outra equipe errasse a mão no carro, só para garantir...