Hamilton é alvo de racismo após batida com Verstappen
Heptacampeão foi alvo de manifestações racistas nas suas redes sociais depois da vitória no polêmico GP da Inglaterra
Lewis Hamilton foi alvo de manifestações racistas nas suas redes sociais logo depois da vitória no polêmico GP da Inglaterra, décima etapa da temporada 2021 da Fórmula 1, no último domingo (18). A corrida foi marcada pela polêmica causada em razão da batida entre Hamilton e Max Verstappen na primeira volta, com o holandês levando a pior e batendo forte na barreira de proteção. A Mercedes, a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) e a Fórmula 1, também por meio das redes sociais, condenaram os ataques sofridos pelo heptacampeão mundial em uma declaração conjunta nesta manhã de segunda-feira. Logo depois, Red Bull, equipe de Max, e a McLaren, também repudiaram as manifestações racistas.
"Durante e depois do GP da Inglaterra de ontem, Lewis Hamilton foi submetido a vários casos de abusos racistas nas redes sociais após uma batida na corrida. A Fórmula 1, FIA e a Mercedes condenam este comportamento nos termos mais veementes possíveis. Essas pessoas não têm lugar em nosso esporte e pedimos que os responsáveis sejam responsabilizados pelas suas ações".
"A Fórmula 1, a FIA, os pilotos e as equipes estão trabalhando para construir um esporte mais diversificado e inclusivo, e tais casos, de abuso online, devem ser destacados e eliminados", encerra o comunicado conjunto.
A Red Bull também se pronunciou sobre o assunto. "Embora possamos ser rivais ferozes na pista, estamos todos unidos contra o racismo. Condenamos os abusos racistas de qualquer tipo contra nossa equipe, nossos adversários e nossos torcedores. Como equipe, estamos enojados e tristes por testemunhar o abuso racista que Lewis sofreu ontem nas redes sociais após a colisão com Max. Não há desculpa para isso, certamente não há lutar para isso em nosso esporte e os responsáveis devem ser punidos".
Após o pronunciamento da Red Bull, a Mercedes escreveu em sua conta no Twitter. "Lutamos na pista. Nos unimos fora da pista".
Pouco depois, Christian Horner, em sua conta no Instagram, repudiou os ataques sofridos por Hamilton, embora não tenha mencionado o nome do heptacampeão. "Embora a rivalidade seja intensa na trilha para o título, emoções altamente carregadas nunca devem cruzar a linha para o abuso racista. Temos uma abordagem de tolerância zero em relação ao comportamento racista em nossa equipe e, pessoalmente, sinto que os responsáveis por este tipo de abuso devem ser responsabilizados. Continuaremos apoiando a FIA e a Fórmula 1 para erradicar isso do nosso esporte", escreveu.
A McLaren se solidarizou com Hamilton e disse que "está com a Fórmula 1, a FIA e nossos companheiros de equipe e pilotos na condenação do deplorável abuso racista contra Lewis Hamilton. O racismo deve ser eliminado de nosso esporte. E é nossa responsabilidade compartilhada eliminá-lo", disse a equipe britânica, pela qual Lewis estreou na F1, em 2007, e por lá ficou até 2012.
A Honda, fornecedora de motores da Red Bull, também veio a público para repudiar o racismo sofrido por Hamilton. "Ainda que estejamos enormemente decepcionados com o resultado do GP da Inglaterra de ontem, estamos chocados e enojados por ver o abuso racista sofrido por Lewis nas redes sociais. Como pessoas e como empresa, a Honda condena todas as formas de racismo, no nosso esporte e na sociedade em geral. Não há justificativas para isso, seja qual forem as circunstâncias".
Quem também se posicionou foi a Aston Martin: "Estamos com Lewis Hamilton e a Mercedes na condenação deste comportamento inaceitável. Todos os responsáveis por isso não são bem-vindos à Fórmula 1".
Depois da disputa, Hamilton foi criticado por Verstappen por conta da batida, ocorrida na curva Copse, que fez o holandês acertar a barreira de proteção em um impacto de 51G. Max criticou o rival e disparou contra a atitude do heptacampeão ao comemorar a vitória enquanto o competidor da Red Bull estava no hospital. Verstappen disse que a conduta de Hamilton foi "desrespeitosa e antiesportiva".
Hamilton mostrou preocupação com o colega de trabalho, tanto que perguntou sobre seu estado de saúde ainda dentro do carro, durante a corrida. Horas depois, voltou a manifestar preocupação sobre Verstappen, mas reforçou que não teve culpa no acidente e rejeitou pedido de desculpas. "Não acho que esteja em posição de precisar pedir desculpas por qualquer coisa. Nós estamos ali correndo", disse.
"Ouvi que Max está no hospital e isso, definitivamente, me preocupa. Nenhum de nós quer ver o outro se machucar, nunca foi minha intenção, então espero que ele esteja ok", seguiu.
"Vou procurá-lo depois só para saber se ele está bem. E nós vamos lutar outro dia. Teremos muitas corridas duras pela frente e temos de aprender a encontrar um equilíbrio descente", ponderou. "Não concordo com os comissários, mas mato no peito a punição e sigo com meu trabalho. Não vou ficar choramingando, todos tem uma opinião diferente, realmente não me importo com o que as pessoas acham. Faço o que faço e sou realmente grato por hoje", sublinhou.
O heptacampeão respondeu a Christian Horner, chefe da Red Bull, que classificou como "vazia" a vitória no GP da Inglaterra.
"Não sinto que foi vazia. Existem 2 mil pessoas que trabalham incrivelmente duro na minha equipe. Naturalmente, isso não é só sobre mim. Claro, não é a maneira que gostaria que acontecesse na corrida. Acho importante todos nós darmos um passo atrás. Tenho certeza que as emoções estão a flor da pele, sei como é perder pontos na equipe e estar nessa posição, então não sinto nada em relação a isso", concluiu.
Semana passada, Hamilton partiu em defesa de três atletas negros, Marcus Rashford, Jadon Sancho e Bukayo Saka, que sofreram ataques racistas nas redes sociais depois de terem perdido pênaltis na decisão da Euro2020 contra a Itália em Londres.