Hamilton revela que não informou Mercedes sobre protesto antirracista em 2020
Lewis Hamilton disse que não comunicou à Mercedes que usaria uma camisa do movimento Black Lives Matter durante os protestos antirracistas da F1, após o assassinato de George Floyd em 2020
A Fórmula 1 gerou bastante polêmica às vésperas do Ano Novo, ao divulgar uma nova diretriz que impede os pilotos de se posicionarem politicamente a partir deste ano, e a medida imediatamente levantou questionamentos sobre qual seria a postura do britânico Lewis Hamilton, da Mercedes — heptacampeão mundial da categoria e uma das vozes mais engajadas do esporte em causas sociais.
O inglês alegou que prefere "arriscar tudo" para manter seus posicionamentos e não pareceu preocupado em perder possíveis patrocinadores. De acordo com Hamilton, a perda do medo de se posicionar foi um processo gradual, que começou ainda no retorno da Fórmula 1 em meio à pandemia, após o assassinato do americano George Floyd e os posteriores protestos do movimento 'Black Lives Matter'.
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"Há uma forma certa de se fazer [o protesto]", disse Hamilton ao podcast On Purpose with Jay Shetty. "Mas no primeiro dia em que eu ia me ajoelhar, não senti que poderia contar ao meu time. Porque senti que eles não entenderiam o quão importante aquilo era para mim, fazer isso naquele dia", explicou.
"Eu lembro que estava com minha camisa do 'Black Lives Matter' escondida, simplesmente vesti e fui em frente", destacou. "A F1 havia feito várias camisas com o slogan 'We Race as One' e deram para todo mundo, e eu pensava: 'não vou usar isso, não é por isso que estamos fazendo', então fiz de outra forma", salientou.
Hamilton disse que, ao contrário do que havia imaginado anteriormente, a Mercedes aplaudiu o posicionamento e ainda se colocou à disposição para ajudar. O piloto admitiu que tinha medo de ser impedido pelo próprio time, mas afirmou que o mais importante naquele momento era enviar a mensagem certa às crianças que poderiam estar assistindo.
"Depois, minha equipe disse: 'se você tivesse nos avisado, poderíamos ter nos preparado melhor', mas eu tinha esse medo de que eles poderiam tentar me parar", admitiu. "Mas era apenas um medo, eles me apoiaram muito ao longo de todo esse tempo", elogiou.
"Minha esperança era de que crianças estivessem me assistindo e perguntassem: 'porque ele está se ajoelhando? O que essa camisa significa? O que está acontecendo, pai ou mãe?'", afirmou. "E os parentes estariam em uma posição complicada para explicar", ressaltou.
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Sobre a possível perda de patrocinadores em caso de novos posicionamentos políticos, Lewis deixou claro que não se importa. Para o piloto da Mercedes, o mais importante é mostrar para as pessoas que elas não estão sozinhas em suas lutas, e que há uma voz atuante decidida a ajudar.
"Eu lembro de estar de joelhos pensando: 'o que está acontecendo no mundo? Eu preciso me manifestar, eu preciso agarrar essa chance", disse. "Porque se eu não fizer, ninguém fará. Se eu não me ajoelhar, se eu não fizer pessoas como eu saberem que eu me importo, que eu estou ali com elas", salientou.
"Eu vou fazer algo sobre isso e arriscar tudo", afirmou. "Não ligo se meus patrocinadores quiserem me largar porque preferem ficar associados a essa narrativa. Eu literalmente deixei todo esse medo para trás, e é por isso que eu me tornei tão atuante sobre isso", encerrou.
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