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Jonathan Palmer: o outro campeão da temporada 1987 da F1

A temporada da F1 1987 teve um campeão além de Piquet. Os aspirados tiveram um campeonato para chamar de seu e foi ganho por Jonathan Palmer

8 nov 2022 - 08h00
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Jonathan Palmer em sua Tyrrell no GP da Grã-Bretanha
Jonathan Palmer em sua Tyrrell no GP da Grã-Bretanha
Foto: Twitter / divulgação

Neste dia 7 de novembro, o britânico Jonathan Palmer completou 66 anos. Embora tenha obtido bons resultados na base (foi campeão da F3 britânica e da F2), teve uma carreira discreta na F1. Estreou em 83 em uma corrida extracampeonato pela Williams e foi perambulando pela RAM e Zakspeed, sem conseguir brilho.

Jonathan Palmer se preparando para pilotar a Williams em Brands Hatch
Jonathan Palmer se preparando para pilotar a Williams em Brands Hatch
Foto: Twitter / divulgação

Mas em 1987, Palmer teve a chance de mostrar um pouco mais de trabalho. Naquele ano, a F1 começava a transição para a era totalmente aspirada em 1989. Para garantir as equipes pequenas e utilizar o estoque de motores Cosworth existente e que a F3000 não utilizava inteiramente, foram reintroduzidas as unidades aspiradas, porém com a cilindrada ampliada de 3 litros para 3,5 litros (até porque nenhuma outra fabricante de peso tinha motores disponíveis para atender esta demanda).

Cosworth V8: A volta dos que não foram embora da F1.
Cosworth V8: A volta dos que não foram embora da F1.
Foto: The Race Torque

Os turbos seguiam permitidos e conviveriam com os aspirados. Só que a diferença àquela altura era algo terrível. Para iniciar uma convergência e segurar o desempenho, a FIA trouxe dos EUA a ideia das válvulas de alívio no turbos. Ao atingir uma determinada pressão, a válvula abria, fazendo perder pressão e assim potência, respectivamente.

Antes, os turbos usavam até 6bar (medida de pressão) nas classificações, o que faziam os motores alcanças potências entre 1200/1500cv nos treinos. A partir de 87, o uso das válvulas limitando em 4 bar o fim de semana todo, fez um corte de cerca de 850cv para os treinos. A diferença para os aspirados caiu para a casa de 250cv/300cv. Para tentar compensar mais, a FIA autorizou que os aspirados não tinham limite de combustível (os turbos poderiam usar até 195 litros) e pesar 500 kg no mínimo (os turbo ficavam em 540kg).

Para dar uma animada nos times que usariam os motores aspirados, a FIA criou um campeonato específico para eles: o Troféu Jim Clark para os pilotos e o Troféu Colin Chapman para os aspirados. Os times pontuariam no campeonato principal, mas teriam esta “bolha” para eles.

A brecha dos aspirados abriu a porta para novos times. A March voltava após uma ausência de 5 temporadas; as francesas Larrousse/Camels e AGS estreavam. Alguns outros pensavam em vir, mas pensavam em 88. Porém, as estabelecidas também consideraram abraçar os motores de “respiração natural”. Minardi e Zakspeed pensaram, mas viram o uso do turbo como uma possibilidade de pontuar. A Osella flertou, mas o velho Alfa Turbo vinha sem custo. Ligier ficou sem o Alfa Turbo na véspera da temporada e chamou o uso dos aspirados de “andar com os mortos”.

Um nome de peso que viu uma oportunidade nisso foi a Tyrrell. Um dos últimos times que abraçaram os motores turbo (e até levaram um golpe, contei esta história aqui), a equipe de Tio Ken estava sem perspectivas com a saída da Renault no fim de 1986. Com a abertura da volta dos aspirados, era o momento de voltar a usar os Cosworth V8, que ele foi cliente fiel de 1968 a 1985.   

Com o apoio dos americanos da Data General (computadores) e da gigante britânica de produtos químicos Courtaulds, a dupla Maurice Phillipe e Brian Lisles projetou em curto tempo um carro descomplicado, de aparência bojuda, mas extremamente funcional. Nascia o Tyrrell DG016.

Compacto e bojudo: este era o Tyrrell DG016
Compacto e bojudo: este era o Tyrrell DG016
Foto: Legendary F1 / Twitter

Para pilotar um dos carros, Phillipe Streiff era mantido, graças ao dinheiro francês, especialmente da Elf, histórico apoiador da Tyrrell. Para o segundo posto, muitos pilotos foram considerados, especialmente por conta do orçamento. Palmer foi contratado uma semana antes do começo da temporada, o GP do Brasil, em 12 de abril.

O Tyrrell não era o mais rápido do grupo, mas a experiência do time ajudou nestas horas. Mesmo tendo problemas de ignição e alguns acidentes, como o aparatoso acidente no início do GP da Bélgica com seus dois carros, o time não teve problemas em dominar o Troféu dos Aspirados.

Streiff e Palmer se encontrando nas voltas iniciais do GP da Bélgica
Streiff e Palmer se encontrando nas voltas iniciais do GP da Bélgica
Foto: ZDravsko / Twitter

Um fato foi que, por boa parte da temporada, foi a única equipe a alinhar com 2 carros (a Larrousse só foi ter um segundo carro no México). A disputa acabou ficando entre Streiff e Palmer. Mesmo com os problemas de ritmo, a Tyrrell conseguiu resultados improváveis, como 2 quartos lugares na Alemanha e Austrália. E Palmer acabou sendo o campeão do Troféu Jim Clark, com 95 pontos, 21 a mais do que seu companheiro de equipe.

Desta forma, podemos dizer que a temporada 1987 da F1 teve 2 campeões de pilotos: Nelson Piquet pelo geral e Jonathan Palmer pelos aspirados. E o britânico acabou sendo o único vencedor da história, pois em 1988 a disputa foi descontinuada por conta das mudanças no regulamento para aproximar mais os turbos dos aspirados e o aumento do número de carros com motor aspirados.

Streiff, Ken Tyrrell e Palmer: os dominadores dos aspirados na F1 1987
Streiff, Ken Tyrrell e Palmer: os dominadores dos aspirados na F1 1987
Foto: Twitter / divulgação

Posteriormente, Palmer seguiu na F1 até 1989, quando foi trocado por Jean Alesi na Tyrrell. Ainda ficou algum tempo como piloto de testes da McLaren (chegou a aparecer na lista de inscritos para a temporada de 1990 por conta da confusão Senna x Ballestre), ajudando a desenvolver os carros de F1 e o primeiro automóvel de rua. Ao pendurar o capacete, se tornou empresário e hoje e dono de diversas pistas na Grã-Bretanha, além de ter orientado a carreira do filho, Jolyon.

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