Largada, pneus, pit-stop: Red Bull e Mercedes têm desafios diferentes para decisão da F1
Max Verstappen obteve uma pole sensacional em Abu Dhabi, surpreendendo a Mercedes e Lewis Hamilton, que ainda foi capaz de se colocar na primeira fila. Acontece que a corrida deste domingo terá outros elementos, e os dois protagonistas terão de trabalhar em três pontos fundamentais para tentar o título mundial
Como tudo em 2021, prever o que vai acontecer na corrida decisiva da temporada em Abu Dhabi é um exercício de muito risco e pouca chance de acerto. Ainda assim, a suadora classificação em Yas Marina neste sábado, aliada aos dados coletados na sexta-feira, fornece elementos interessantes para entender os planos de Red Bull e Mercedes para as 58 voltas que vão definir título mundial entre Max Verstappen e Lewis Hamilton. Empatados em número de pontos, leva quem chegar à frente na bandeirada deste domingo (12), que tem cobertura completa do GRANDE PRÊMIO.
É importante começar essa análise reconhecendo o belíssimo trabalho feito por Verstappen. A décima pole do campeonato não veio só na estratégia dos taurinos em enviar Sergio Pérez à pista com o objetivo de oferecer o vácuo ao colega. Há muito de uma configuração de asa certeira neste processo e, principalmente, da pilotagem do holandês. O caso é que os engenheiros do time energético trabalharam firmemente em anular as forças do W12 nos dois primeiros setores. A parte final teria de ficar na conta do piloto do carro #33.
De fato, a menor carga aerodinâmica proporcionou a velocidade que a Red Bull queria nos primeiros trechos do redesenhado traçado árabe. A performance no setor 3 está totalmente relacionada à incrível condução de Max. "Foi uma volta fantástica", disse Hamilton depois ao falar do adversário. "Hoje, não conseguiríamos", completou.
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Isso tem a ver com o acerto do carro taurino, muito diferente da opção feita pela Mercedes. Só que há um ponto que precisa ser levado em consideração: os pneus. Em 2021, foi raro perceber uma diferença de tática de compostos entre os dois combatentes, mas vai existir uma agora. E isso é algo que pode acabar sendo determinante.
As equipes têm disponíveis os compostos da gama mais macia da Pirelli para esse fim de semana: C3, C4 e C5. E os pneus médios (C4) proporcionam maior flexibilidade na estratégia de corrida porque duram mais. É claro que precisa aí de um grande cuidado com eles também, especialmente por causa das temperaturas. É necessário encontra a janela correta. Já os macios (C5) tendem a um desgaste maior. Por isso, em tese, a melhor tática é a de largar com os amarelos médios.
Só que, durante a segunda fase da classificação, Max errou e acabou danificando o jogo de pneus médios que pretendia iniciar a prova de domingo. Assim, a Red Bull não teve escolha a não ser lançar mão dos macios para que o holandês pudesse passar ao Q3.
Inicialmente, pareceu uma enorme desvantagem, levando em conta que o rival Hamilton usou os médios e vai partir com eles amanhã. A ideia por trás disso está no fato de uma degradação maior dos compostos e do fato de que o RB16B de Verstappen tem uma configuração mais agressiva do ponto de vista do downforce.
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Max Verstappen festeja a pole-position para a decisão do título da F1 em 2021 no GP de Abu Dhabi (Foto: AFP)
Porém, o cenário pode não ser exatamente esse. Isso porque Max apresentou um ritmo de corrida muito forte na simulação de sexta-feira, quando esteve com os pneus vermelhos. Chamou a atenção os tempos de volta muito parecidos ao que Lewis vinha fazendo em cima dos médios. Além disso, Ferrari, Alpine e McLaren escolheram deliberadamente os compostos macios para a largada. "Isso nos dá a liberdade de correr com uma ou duas paradas. Acho que Verstappen não está tão mal com sua escolha de pneus", afirmou Mattia Binotto, o chefe da equipe italiana.
"Teríamos feito o Q2 com pneus médios, mas decidimos conscientemente pelos pneus mais macios", completou.
Talvez esteja aí o chamado pulo do gato da Red Bull.
Mas Verstappen terá de fazer sua parte: largar bem e manter a ponta, além de gerenciar muito bem os compostos vermelhos nas voltas iniciais para que consiga alcançar a janela de pit-stop de Hamilton. "Foi uma decisão 50/50. Queríamos começar com o pneu médio porque é um pouco mais robusto, mas não estamos muito incomodados por termos que usar o pneu mais macio", revelou Christian Horner, o chefão da Red Bull.
O GRID DE LARGADA DO GP DE ABU DHABI
A Pirelli reiterou a tese de que a situação é menos complicada para os energéticos do que pareceu inicialmente. "Se Verstappen conseguir manter a liderança após a largada, vai ter pista livre à frente e poderá reduzir o superaquecimento mantendo uma carga consistente nos pneus. Esperamos uma corrida taticamente intrigante, em que a gestão dos pneus certamente será um fator", explicou Mario Isola, o chefe da fornecedora italiana.
A Mercedes, por outro lado, sentiu a derrota da pole, porque mostrou enorme ritmo de classificação desde a sexta-feira. A tática do vácuo, usada pela adversária, também deve render lições importantes em Brackley. Ainda assim, a heptacampeã confia não só na estratégia dos pneus médios para pegar a rival, mas especialmente no desempenho de corrida e na enorme sensibilidade de Hamilton para cuidar dos compostos.
Lewis Hamilton larga da segundo posição para a decisão título da F1 em 2021 no GP de Abu Dhabi (Foto: AFP)
A vantagem aqui é que o inglês tem a chance de permanecer mais tempo na pista e fazer a parte final da prova com pneus mais novos. Essa é uma corrida que tende a ser de uma parada, então o foco é esse. "Foi uma classificação complicada para ambos os pilotos. O carro estava muito bem na primeira parte, mas pareceu ficar menos competitivo à medida que avançamos. Claro que teria sido melhor estar na pole, mas estamos satisfeitos por começar com o pneu médio e esperamos ter acrescentado algum ritmo de corrida", disse Andrew Shovlin, engenheiro de pista da Mercedes.
"Teremos uma noite ocupada com as várias opções de estratégia para amanhã, mas mostramos um bom ritmo de corrida ontem, junto com a capacidade de recuperar posições e passar na pista", emendou.
A decisão, portanto, começa com desafios distintos para os dois protagonistas, mas nada muito diferente do que já tenham vivido em 2021. A largada, a gestão dos pneus e a estratégia são os pilares da corrida que vai revelar, enfim, o campeão.
A decisiva e derradeira corrida desta imprevisível temporada 2021 da Fórmula 1 tem largada marcada para domingo, às 10h (de Brasília, GMT-3), com transmissão ao vivo da Band na TV aberta e do serviço de streaming F1 TV Pro. O GRANDE PRÊMIO acompanha a definição do grande campeão da Fórmula 1 AO VIVO e em TEMPO REAL.
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