Massa: "acidente mais grave após Senna foi o que sofri"
Único brasileiro na Fórmula 1 em 2014, Felipe Massa tinha 13 anos quando Ayrton Senna morreu em um acidente no circuito de Ímola, em San Marino, no dia 1º de maio de 1994. Vinte anos depois da tragédia e há onze anos correndo na categoria, Massa lembrou seu maior ídolo e referência no automobilismo, destacando a importância de Senna para a formação de novos pilotos no Brasil e a segurança na F1 de hoje.
Antes disso, no entanto, Massa falou da sua infância no interior paulista e das lembranças vívidas que aquela manhã em San Marino deixaram na sua memória, sem que o intimidassem para seguir o sonho de correr na principal competição do automobilismo mundial.
“Eu estava na casa da minha família em Botucatu. Como de costume, estava vendo a corrida e na hora achei que o acidente nem pareceu tão sério. Mas, quando se soube que o caso era aquele, ficamos o tempo todo grudados na televisão acompanhando o noticiário. Apesar da tristeza, aquela fatalidade não modificou o meu sonho de ser piloto e também chegar à Fórmula 1”, disse o piloto da Williams, escuderia na qual Senna encerrou de forma trágica sua vitoriosa carreira.
Vice-campeão em 2008 e terceiro colocado nas temporadas de 2006 e 2012, Massa deixou na última temporada a Ferrari, equipe pela qual correu durante os últimos oito anos. Dos pilotos do País da sua geração, o paulista foi quem obteve mais sucesso, estando atrás apenas de Rubens Barrichello, que foi vice uma vez a mais do que Massa, entre os brasileiros sucessores de Senna. Para Massa, o tricampeão da Fórmula 1 inspirou jovens como ele a entrarem e competirem no automobilismo.
“Ayrton foi importante não apenas para a minha formação, mas para toda a geração de pilotos brasileiros que surgiram naquela época. Nossas categorias de base se fortaleceram bastante, da mesma forma como a hegemonia do Michael Schumacher ajudou no surgimento de diversos pilotos alemães que hoje estão na Fórmula 1. Ele foi um piloto incrível, que todos nós seguíamos como exemplo em nosso aprendizado nas categorias-escola”, declarou o brasileiro, vítima de um grave acidente em Hungaroring, em 2009.
Desde então, Massa teve como melhores temporadas as de 2010 e 2011, encerrando-as na sexta colocação, sem conseguir vencer sequer uma corrida. Sua vida, no entanto, foi preservada, o que pode ser creditado aos avanços na segurança dos carros e circuitos da Fórmula 1, que não registra uma morte desde o fatídico GP que vitimou Ayrton Senna.
“A tragédia provocou praticamente uma revolução em termos de segurança na Fórmula 1, não apenas nos carros, mas principalmente nos autódromos que já existiam e naqueles que seriam construídos mais tarde. O resultado é que ninguém mais morreu na Fórmula 1 depois dele. Acho até que o acidente mais grave neste período foi o que sofri na Hungria em 2009. Não foi tão espetacular para o público, como o do Robert Kubica no Canadá, por exemplo, mas foi o que trouxe consequências mais preocupantes”, finalizou o piloto da Williams.
A comparação feita pelo brasileiro é com o acidente sofrido pelo polonês Kubica em 2007, no GP de Montreal, quando ele perdeu o controle do carro, ricocheteou na proteção da pista, rodou no ar, atravessou o asfalto, bateu do outro lado até o carro parar tombado de lado. Apesar de assustador, o evento causou apenas um traumatismo craniano leve no piloto, que voltou a correr no mesmo ano.
O caso de Massa, menos "espetacular", levou o brasileiro a um coma induzido após fraturas no crânio e uma lesão cerebral, que exigiram três cirurgia. O paulista precisou da ajuda de aparelhos para respirar após o susto nos treinos de 2009 de Hungaroring e só foi retornar às pistas na temporada de 2010.
