McLaren briga para ser melhor do resto e se descola do fundão, mas líderes seguem longe
Ímola trouxe respostas contundentes ao time de Woking, que mudou de perspectiva muito rapidamente na F1 2022. É impossível falar em briga com a Ferrari e Red Bull agora, mas sonhar é de graça - e pretexto de evolução existe
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Quem te viu, quem te vê, hein McLaren? Depois de um desanimador - para dizer o mínimo - GP do Bahrein, a equipe de Woking começou a acordar na temporada de 2022 da Fórmula 1 já na Arábia Saudita. Foi só na Emília-Romanha, entretanto, que o MCL36 se confirmou como um carro visivelmente diferente daquele em Sakhir. O time britânico trabalhou em cima do bólido e conseguiu uma rápida recuperação - que permite uma possível posição de liderança no pelotão intermediário, verdade, mas ainda sem perigo algum a Red Bull e Ferrari.
A grande verdade é que a McLaren começou o ano de 2022 com o pé esquerdo. Nos testes de pré-temporada da F1 no Bahrein, um esquentamento inesperado nos freios trouxe instabilidade à equipe. Novos dutos de refrigeração foram acionados, mas o desempenho ruim permaneceu. A cereja do bolo, de sabor problema, foi o diagnóstico positivo de Daniel Ricciardo para a Covid-19. O piloto australiano sequer participou das ações preliminares no circuito de Sakhir: Lando Norris se desdobrou e foi o único representante do time laranja nas sessões.
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Lando Norris com o MCL36 nos testes no Bahrein (Foto: McLaren)
Portanto, a expectativa para o GP inaugural da nova era da Fórmula 1 já era baixa. Mesmo assim, a equipe comandada por Andreas Seidl e Zak Brown conseguiu o improvável: decepcionar. Ricciardo foi somente o 14º no circuito de Sakhir e, Lando Norris, o 15º. Por incrível que pareça, o resultado não refletiu o desempenho, que foi ainda pior: o piloto australiano amargou a última colocação da prova - em puros termos de velocidade - em diversos momentos.
O MCL36 veio ao mundo sem estabilidade, pois. Um carro sem tração, sem acerto adequado de downforce, sem ritmo. O cenário de terra arrasada, com o time de Woking aparentando ser a pior equipe do grid e Lando Norris pedindo para os torcedores se acostumarem - porque "a realidade era essa" -, no entanto, não se confirmou. E a melhora do bólido veio já no GP seguinte, em Jedá.
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Por lá, a sorte da McLaren começou a mudar. Ricciardo abandonou, é verdade, mas Norris andou bem e figurou na zona de pontuação: sétimo lugar e seis pontos para a conta. Um panorama um pouco mais tranquilo, sem tanta pressão, para ir em busca de mais. E isso, de fato, pareceu dar início à mudança de chave definitiva da esquadra de Woking.
Na Austrália, comparado ao início do ano, o carro já estava visivelmente diferente. Com pequenas atualizações e acerto mais próximo ao ideal, a equipe de Woking esteve na zona de pontos no Albert Park em dose dupla: Lando Norris foi o quinto e, Daniel Ricciardo, o sexto. Mas, evidentemente, ainda era impossível cravar a efetiva melhora da equipe britânica. O gosto que Bahrein deixou na boca foi amargo demais para se dissipar em somente em uma etapa. Era necessária uma confirmação, portanto. E Ímola se propôs a isso.
McLaren em Melbourne: resultado bom, desempenho, nem tanto - ao menos de acordo com Lando Norris (Foto: McLaren)
No GP da Emília-Romanha, as condições adversas de pista representavam um chefão final de videogame. Quer prova definitiva da evolução do MCL36 melhor do que essa? Era matar ou morrer. E a McLaren matou a pau, como diria a expressão. No treino de classificação, um terceiro lugar de Lando Norris com gostinho de 'quero mais'. O posto caiu no colo, mas havia chance de alcançar Charles Leclerc - quem diria -, na opinião do piloto britânico. Já na corrida sprint, Norris foi o quinto. Natural, já que somente a dupla da Red Bull e da Ferrari ficou à frente.
Na disputa principal em Ímola, Daniel Ricciardo disse adeus à corrida na segunda curva da primeira volta. O piloto australiano não abandonou, mas tocou na traseira de Carlos Sainz, forçou o piloto ferrarista a deixar a disputa e, com o carro danificado, pouco fez. Já Lando Norris, com muito mérito, se consolidou na quarta posição. E quando Charles Leclec pecou pela ganância, lá estava o britânico, em plenas condições de substituir o monegasco no pódio. Sim, pódio. Num período de somente quatro corridas, a McLaren se descolou do fundo do pelotão e mudou completamente a perspectiva para a F1 2022.
Lando Norris achou que não subiria ao pódio nenhuma vez no ano (Foto: McLaren)
Ainda assim, o terceiro lugar no Autódromo Internacional Enzo e Dino Ferrari não pode virar uma conclusão de que a equipe de Woking briga com os líderes. Não briga. Ferrari e Red Bull estão em uma disputa própria, de outro nível - muito superior. Ainda assim, o time britânico pode ficar, e muito, orgulhoso do desempenho. Ímola trouxe respostas contundentes e provou o MCL36 como um bom carro.
"Foi ótimo ver que tínhamos essa consistência, e ótimo confirmar agora que Melbourne não foi um ponto fora da curva, mas que, na verdade, o MCL36 é um bom carro e uma base sólida para todos os desenvolvimentos futuros que estamos preparando", disse o chefão Andreas Seidl. "É claro que, para marcar um pódio na situação atual, um dos dois carros da Red Bull ou da Ferrari precisa ter um problema, porque eles parecem estar um grande passo à frente em termos de performance, mas, ao mesmo tempo, não é apenas sobre o desempenho. É também sobre ter um final de semana completo", completou.
Definitivamente longe do fantasma do fundo do pelotão, a McLaren deixa de olhar para Williams, Aston Martin e AlphaTauri no retrovisor, e passa a brigar com Alpine e Mercedes pelo posto de melhor do resto. Quanto aos líderes, deixa pra lá. Mas se a evolução seguir no mesmo ritmo do início da temporada, quem sabe? Sonhar é de graça. Quem diria que estaríamos falando sobre a equipe de Woking nas cabeças depois do Bahrein, hein? Quem te viu, quem te vê.
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