McLaren: Falta pouco para juntar as peças para vencer na F1
Quase um ano depois do salto de desempenho, McLaren progride e tem quase todas as peças para vencer na F1. Precisa alinhar corretamente...
Uma das coisas que se questionavam tempos atrás era a evolução da McLaren. O trabalho desenvolvido por Zak Brown aos poucos vinha dando resultado e, exatamente a um ano, os carros laranja estão no grupo da frente e, nesta temporada, efetivamente lutando por vitórias.
Se julgava que a substituição de Andreas Seidl, que foi comandar o projeto F1 da Audi, por Andrea Stella poderia prejudicar as coisas. A saída de James Key, o Diretor Técnico por trás do MCL36 e do MCL60 também deixou algumas dúvidas no caminho.
Junte-se a isso a situação um tanto preocupante do Grupo McLaren, que levou inclusive à separação efetiva da área de corridas com a área automotiva. Uma série de recursos foram captados junto aos acionistas e investidores. Este processo foi bem documentado aqui no Parabólica em diversos artigos.
Havia muita coisa para dar errado. Mas o time manteve a frieza e, principalmente, o plano decidido.
O MCL60 nasceu com problemas, mas a equipe dizia que uma série de ações estavam em curso. Andrea Stella, que veio junto com Alonso para o time, assumiu o timão e seguiu a direção, mas dando o seu toque à receita. Gil de Ferran também veio no ano passado para ajudar no processo, mas sua morte foi um baque.
Com a saída de James Key, a área técnica foi remodelada de uma forma descentralizada e houve uma valorização da “prata da casa”, com a reaparição de Peter Proudomou (responsável por vários projetos) e Neil Oatley (responsável direto pelos carros da equipe entre 89 e 97). Para esta temporada, houve o reforço de Rob Marshall, ex-chefe de engenharia da Red Bull.
Outro ponto foi o início do uso do tão falado novo túnel de vento no MTC. Depois de vários adiamentos, o time volta a trabalhar em casa. Embora utilizasse o túnel da Toyota na Alemanha, um dos melhores da Europa, o deslocamento de recursos fazia perder uma parte de eficiência no processo de desenvolvimento.
O MCL38, carro deste ano, foi a evolução da “arrumação” feita em 2023. Embora tenha sido o único carro desde a entrada do regulamento atual a seguir a filosofia mecânica da Red Bull, especialmente em relação às suspensões, a atualização que entrou em ação justamente no GP da Áustria fez com que a McLaren voltasse a brigar por vitórias.
Um dos pontos que ajudou a McLaren neste salto de qualidade foi o fato da equipe usar sua própria caixa de câmbio, ao contrário dos demais clientes da Mercedes. Isso combinado com um assoalho bem revisado e a traseira “livremente inspirados” na Red Bull...
A dupla de pilotos também é importante: Lando Norris cresceu neste tempo e quer sim comprovar a grande aposta que se faz em ser o sucessor de Lewis Hamilton nas fileiras britânicas. Oscar Piastri vem na construção de ser um piloto de ponta, mas ainda necessita refinar seu estilo para se cacifar para voos mais altos. E a equipe também deu saltos nos boxes: os trabalhos de troca de pneus melhoraram e as estratégias passaram a mudar de patamar. Aí serviu para consolidar cada vez a McLaren no grupo da frente.
Mas é preciso mais. Uma das coisas que se coloca muito e se viu várias vezes na F1: para vencer é necessário ter uma mentalidade vencedora em todas as áreas. Coisa que a McLaren já teve ao longo de sua história e perdeu. Reconstruir é um processo que leva tempo e Zak Brown vem tentando fazer. Até aqui, mesmo com algumas ameaças, o trabalho vem sendo feito com sucesso.
Porém, o último GP da Espanha demonstra o tamanho o desafio. A McLaren parece que tem os elementos para dar certo à mão. Falta alinhar as peças para fazer funcionar.