McLaren muda tudo para tentar voltar ao bom caminho na F1
Nova estrutura, novo túnel de vento e aumento da equipe técnica. Não se pode dizer que a McLaren está de braços cruzados diante do resto
Zak Brown e sua trupe tem aparecido nas manchetes, mas não por conta de seu desempenho nas pistas. Se fosse por isso, o início de 2023 tem sido pouco promissor. Entretanto, a movimentação para tentar mudar o quadro chama a atenção.
Na semana passada, foi anunciada uma reformulação da estrutura técnica, que levou à demissão do então Diretor Técnico James Key e a criação de um novo grupo. Isto foi bem abordado por nós aqui.
Como mostra de força, hoje dois fatos mostram que a McLaren quer sim recuperar seu lugar entre as equipes de ponta e quer sim “mudar a mentalidade”.
Em matéria do jornalista Jonathan Noble, da Autosport, publicada esta semana dá-se conta que a equipe está em processo de contratação de 15 novos membros para a área técnica, incluindo Mariano Alperin, que passou por Minardi, BAR, Honda e estava na Aston Martin.
Além disso, a McLaren trouxe de volta para a linha de frente um velho conhecido: Neil Oatley, que está no time desde 87 e foi o responsável pelos carros do time de 89 até 97. Anteriormente em um posto mais consultivo, Oatley irá se juntar ao grupo técnico para dar sua experiência.
Além disso, finalmente o novo túnel de vento tão planejado e que sua construção foi adiada por conta dos problemas financeiros da McLaren está em processo de calibração e deve começar a funcionar no 2º semestre deste ano. Desta forma, o projeto do carro de 2024 deve ter a sua parte final feita em casa.
Pode parecer besteira, mas ter isso em casa ajuda. A McLaren tem um túnel de vento no seu portentoso Centro de Tecnologia em Woking e o usava até 2018. Entretanto, por apresentar diversos problemas técnicos, a equipe passou a usar o túnel da Toyota em Colônia (Alemanha).
Mas não bastava somente modernizar o que já tinha? Este era o plano. Porém, a questão financeira pesou, veio a pandemia e os planos foram arquivados. Somente com a chegada de sócios americanos no fim de 2020 é que a questão pode ser retomada.
Ter que sair da Inglaterra para a Alemanha é algo que acaba tomando tempo de desenvolvimento e na F1, isto é crucial. Hoje, somente Haas, Aston Martin e McLaren usam unidades externas de suas fábricas. A única que sofre como a McLaren é a AlphaTauri, cuja sede fica na Itália e o túnel de vento fica na Inglaterra.
O fato é que a equipe tem procurado mostrar que estas mudanças não são uma reação ao inicio de ano longe do esperado. Claro que ataca esta questão, pois o desempenho presente impacta não só nos resultados de pista, mas também no tempo de desenvolvimento e no dinheiro a ser recebido de premiação.
Com estas mudanças, a McLaren tenta se posicionar para recuperar o terreno que esperava estar mais à frente neste momento da F1. A grande esperança eram as novas regras, mas a questão financeira impactou. As mudanças de agora darão algum folego para 2024 e 2025, além de preparar para a próxima grande virada prevista para 2026.
Não se pode acusar Zak Brown de inércia. Até aqui, o saldo de sua ação tem sido positivo, tendo retirado a McLaren de uma certa decadência. Os vários acordos comerciais e os esforços para fazer a equipe crescer são louváveis. Alguns podem questionar a expansão das atividades para outras categorias e talvez acontecer uma falta de foco. Mas a McLaren hoje aparenta estar melhor do que alguns anos atrás.
Não foram poucas as vozes de “agora vai” para a McLaren nos últimos anos, incluindo este espaço. As ultimas movimentações fazem mais uma vez os fãs do time cruzarem os dedos e dizer mais uma vez: agora vai.