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Mercedes vira coadjuvante na F1 2022 por manhoso W13. Mas teima e é recompensada

A Mercedes colocou na pista em 2022 um carro extremo e precisou dar alguns passos para trás até entender o projeto que criou. Acabou perdendo terreno para as rivais, mas não se deu por vencida. Agora, busca a recompensa: superar a Ferrari no Mundial de Construtores

22 ago 2022 - 04h00
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A Mercedes é só a terceira força em 2022
A Mercedes é só a terceira força em 2022
Foto: Mercedes / Grande Prêmio

A radical mudança de regulamento pela qual a Fórmula 1 atravessa em 2022 pegou a Mercedes de jeito. Depois de comandar a era híbrida por oito anos consecutivos, a esquadra chefiada por Toto Wolff deixou o papel principal para se tornar uma coadjuvante de luxo. Isso porque o projeto criado pela equipe alemã, dentro do conjunto de regras que trouxe de volta o efeito-solo, se mostrou inquieto e foi necessária uma série de intervenções para que o time de engenheiros conseguisse compreender e destravar o desempenho do W13. Mas não é que a Mercedes voltou aos dias de glória, longe disso, mas já foi capaz de eliminar boa parte dos problemas e agora se vê em uma posição de tentar mais na segunda fase da temporada.

Só que até chegar a esse ponto, a equipe prata precisou dar muitos passos para trás e para os lados. O caso é que o W13 nasceu com particularidades. A primeira delas foi a opção dos projetistas por um carro mais estreito, com uma filosofia de sidepods zero. A Mercedes afinou esses elementos, criou fendas e trabalhou muito para acertar a parte traseira do modelo. De início, ficou evidente a falta de velocidade e um déficit significativo em termos de downforce. No entanto, foi outro fator que atormentou as garagens alemãs: o porpoising. Os quiques gerados pelo efeito-solo ganharam maior notoriedade no carro prateado, que acabou ofuscando todo o projeto.

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A Mercedes brigou durante grande parte da primeira metade do campeonato contra esse fenômeno, ao mesmo tempo em que buscava performance. Também porque, além dos saltos, o W13 possuía outros detalhes problemáticos, como a suspensão, assoalho, asas. Descobriu-se mais tarde que a rigidez do projeto também teve papel fundamental no desempenho irregular das primeiras etapas. Enquanto isso, Ferrari e Red Bull passaram a disputar entre si o campeonato.

Porém, nem tudo é adversidade. Apesar das falhas do carro e das dificuldades em promover performance, a equipe alemã apresentou um ponto fortíssimo em relação a suas oponentes: a confiabilidade. O W13 pode ser tudo, mas seguiu a linhagem de seus antecessores: é um tanque de guerra. O único abandono da temporada até aqui aconteceu somente na Inglaterra, mas foi em decorrência do acidente que envolveu George Russell logo na largada. Fora isso, a equipe só não pontuou com Lewis Hamilton na Emília-Romanha, quando heptacampeão viveu uma corrida difícil e terminou apenas em 13º.

Dito isso, a primeira fase da F1 2022 foi um enorme exercício de autoconhecimento para a Mercedes. Com um carro caprichoso, a equipe teve de se voltar à fábrica para ajustes. Quase toda a corrida serviu como um banco de testes. Ora para entender os quiques, ora para testar elementos separados. Hamilton foi quem conduziu a maior parte dos experimentos. Na Austrália, andou com sensores pesados no carro, com o objetivo de coletar dados. Ao longo das etapas, tentou soluções diferentes para o assoalho, asas, suspensão.

Apesar de mudar a todo o instante, foi na Espanha que a Mercedes levou o primeiro grande pacote de atualizações, que teve como meta neutralizar os quiques. Deu certo. Foi uma corrida forte do time, que foi capaz de entender o porpoising. Mas foi também em Barcelona que o time descobriu outros problemas, como os saltos em curvas de baixa velocidade. Esse fator acabou por desempenhar papel crucial nos insucessos do time nos circuitos de rua de Mônaco e no Azerbaijão.

"Acho que de certa forma dissecamos o que definimos como porpoising ou quiques, e o porpoising, que é o movimento aerodinâmico do carro, acho que isso está resolvido, conseguimos resolver isso em Barcelona. O desenho dos carros é realmente o que causa os comentários dos pilotos. Os carros são simplesmente muito rígidos. Andar nas zebras é ruim, passar por irregularidades é ruim e eu diria que agora, entendendo esse problema, podemos resolver mais facilmente isso", explicou o chefão da Toto Wolff.

Acontece que as ondulações, próprias dos traçados urbanos, se tornaram um ponto central dos problemas do W13. Tanto que Hamilton deixou o carro em Baku com fortes dores nas costas. Foi também na capital azeri que a esquadra início a uma cruzada contra o porpoising que gerou uma diretiva técnica será colocada em prática a partir do GP da Bélgica em que as equipes serão obrigadas a conter os saltos.

Os contratempos enfrentados nas duas etapas de rua acabaram jogando um balde de água fria nas certezas que os engenheiros tinham após a corrida espanhola - isso porque, na Catalunha, Hamilton apresentou um ritmo muito forte e poderia até ter brigado pela vitória, enquanto Russell terminou em terceiro. Aí veio o Canadá. Montreal foi uma das apresentações mais estranhas da Mercedes em todo o ano.

Ao fim dos treinos livres, os dois pilotos reclamaram fortemente do comportamento do carro. Apesar do assoalho revisado, que trouxe um furo, para tentar melhorar a passagem do fluxo de ar na parte inferior, Hamilton foi ainda mais vocal, classificando a configuração do carro como a pior que já teve no ano. Pois bem, no dia seguinte, a classificação com chuva colocou o heptacampeão em quarto. Mas a surpresa veio mesmo na corrida: o inglês não só largou bem, como exibiu um ritmo competitivo, muito próximo dos rivais da frente. Resultado: Lewis foi o terceiro e voltou a figurar no pódio. Daí para frente, a Mercedes finalmente deu passos mais firmes com relação ao desenvolvimento do carro.

W13: projeto extremo da Mercedes apresentou sidepods estreitos e diferentes fendas (Foto: Mercedes)

"Os sidepods eram uma distração em comparação com os problemas gerais que tivemos de resolver. Se você pensar estávamos pulando de todo o jeito. Montreal, Baku e Mônaco acima de tudo. Agora os pilotos deixam o carro falando pouco sobre saltos, ainda que tenhamos questões em curvas. Conseguimos aplicar essas melhorias ao pacote atual, e isso é um sinal muito bom", afirmou o diretor de engenharia da Mercedes, Andrew Shovlin.

O GP da Inglaterra foi também um marco não só por um novo e certeiro pacote de atualizações, mas também pelo desempenho. Foi a primeira corrida no ano em que a chance de vencer foi muito real. No fim, Hamilton voltou ao pódio. Na França, prova seguinte, alguns problemas voltaram, mas foi na Hungria - a última etapa antes das férias - que a esquadra teve certeza de que está no caminho certo. O caso é que o layout de Hungaroring não é o melhor para o W13, que prefere retas. Trechos de baixa velocidade ainda tiram o sono dos engenheiros. Só que em Budapeste a Mercedes foi capaz de promover um acerto primoroso. Tanto que Russell foi capaz de cravar a pole - a primeira desde o GP da Arábia Saudita do ano passado.

E o mais surpreendente: o ritmo de corrida no domingo foi ainda melhor. A estratégia correu de forma exemplar. Como conclusão: um pódio duplo. Hamilton foi o segundo, com George na terceira posição. Nada mal para encerrar o fim do primeiro ato em 2022. Ainda há outro aspecto: a Mercedes se consolidou como terceira força, mas já vislumbra a chance de fechar o ano como segunda colocada, uma vez que a Ferrari tem sido errática demais. A diferença na tabela neste momento é de apenas 30 pontos, restante nove etapas para o fim do campeonato.

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"O W13 tem sido particularmente irritante na maneira como oferece vislumbres de desempenho, no que poderia ser e o faz a tal ponto que é difícil desistir", reconheceu Shovlin.

"Era um carro difícil. E certamente alguns dos problemas se devem ao fato de não termos downforce suficiente. Temos que encontrar um pouco e ainda um pouco mais de potência. Mas, no geral, a pole de Russell e o resultado obtido na Hungria é um sinal de que estamos no bom caminho."

"O pódio duplo e a pole são coisas com as quais só poderíamos sonhar no início do ano. Isso é encorajador. Uma das coisas que mudou é que os pilotos de repente encontraram a confiança no carro que faltava na primeira parte da temporada. Parece que estamos progredindo. Foi útil ver que este carro tão estreito pode dar bons resultados", completou.

Outros aspectos reforçam essa ideia. As atualizações mais recentes da Mercedes funcionaram bem, e o time de engenheiros não pretende descansar nessa fase final. A equipe planeja levar elementos novos para quase todas as corridas. No fim das contas, a oito vezes campeã do mundo acertou ao insistir na evolução e na filosofia adotada neste projeto. O W13 parece mesmo ter se livrado do crônico porpoising, além de apresentar um melhor rendimento em curvas. E no topo disso tudo: esse desenvolvimento será útil para 2023 - uma vez que o regulamento segue para a nova temporada.

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