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'Metamorfose ambulante', Aston Martin busca soluções, mas sábado vira problema crônico

AMR22 é irregular e desempenho da equipe de Silverstone, vice-lanterna, decepciona. Aston Martin deu o 'all-in' — não só com as diversas atualizações nesta temporada, como também na escolha de Fernando Alonso para 2023 —, mas por enquanto segue sem colher frutos. Problemas básicos permanecem sem solução e há um vilão maior: o desempenho inexistente nas classificações

19 ago 2022 - 04h00
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Qual vai ser, Aston Martin?
Qual vai ser, Aston Martin?
Foto: Aston Martin / Grande Prêmio

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A Aston Martin foi a equipe que mais mudou seu carro nesta primeira parte da temporada de 2022 da Fórmula 1. O AMR22 — mas pode chamar de metamorfose ambulante — 'sofreu' nas mãos do time de Silverstone e, mesmo com diversas facetas, não conseguiu livrar a esquadra do fantasma da irregularidade — e do desempenho ruim também.

O ponto-chave da Aston Martin na F1 2022 acontece no GP da Espanha. Mas antes de chegarmos à disputa catalã, vamos para um resumão do que aconteceu com o time chefiado por Mike Krack nas cinco primeiras corridas do calendário.

Antes mesmo do início oficial do ano para a Fórmula 1, Sebastian Vettel testou positivo para Covid-19 e foi substituído no Bahrein e na Arábia Saudita por Nico Hülkenberg. Nessas duas corridas, nada de pontos e muito de reclamações — primeiramente, pelo estado do motor Mercedes e, segundamente, por um safety-car ingrato, vilão de estratégias.

Niko Hülkenberg foi prejudicado por safety-car na Arábia Saudita, de acordo com chefe da Aston Martin (Foto: Aston Martin)

Vettel retornou para a disputa em Melbourne, mas nem ele nem Lance Stroll foram capazes de pontuar - o fim de semana, em geral, foi desastroso para os dois pilotos. O saldo após as três primeiras etapas, portanto, era: única equipe zerada no campeonato, ritmo quase inexistente e clima de decepção pelos grandes investimentos e aumento no quadro de funcionários.

Mas aí veio Ímola. Ah, Ímola… a chuva colaborou, é verdade. Mas a boa pilotagem de Vettel e Stroll; as condições amenas de traçado e o controle dos pneus; e, claro, os problemas enfrentados pelas rivais diretas Williams e AlphaTauri: tudo isso colaborou para que a Aston conseguisse uma improvável pontuação dupla no GP da Emília-Romanha. 

Pontuação dupla para Aston Martin em Ímola (Foto: Aston Martin)

Em Miami, diferentemente do que aconteceu em Albert Park, Vettel e Stroll conseguiram escalar o pelotão. Tanto que o canadense herdou mais uma vaga na zona de pontuação, após a punição aplicada ao piloto da Alpine, Fernando Alonso. O tetracampeão mundial também teria pontuado, não fosse uma colisão já no fim da corrida com o conterrâneo Mick Schumacher.

Chegamos, então, ao GP da Espanha. As expectativas eram boas, graças à melhora visível da equipe ao longo da temporada. Mas elas tomaram uma proporção descabida e ainda maior antes mesmo do primeiro carro adentrar a pista catalã.

Visando solucionar de vez os problemas de peso e de aerodinâmica, a Aston Martin remodelou o AMR22. Pequenas atualizações? Que nada! Para deixar o fundo do grid, a equipe de Silverstone redesenhou toda a lateral do AMR22. Antes mais convencional, com entradas de ar quadradas e fendas maiores em cima, o carro que surgiu na Catalunha tinha uma clara inspiração na Red Bull. As entradas de ar se tornaram mais arredondadas. As fendas para melhorar a refrigeração agora tinham um novo desenho, um pouco menor que as originais - solução muito semelhante ao do RB18. O apelido 'Red Bull verde' não surgiu do nada.

A Aston Martin levou para o GP da Espanha um grande pacote de atualizações (Foto: Eric Calduch/Grande Prêmio)

A tônica das atualizações não parou por aí. Em Silverstone, a Aston Martin pegou o conceito cru da 'Red Bull verde' e, com exceção da asa dianteira, mudou pequenas coisas em virtualmente todas as áreas do carro. Mais um novo pacote para o AMR22.

Já no fim da primeira metade da temporada de 2022 da Fórmula 1, mais uma alteração radical: dessa vez, feita especificamente na asa traseira, com design mais complexo. A Aston Martin foi ao extremo para mudar seu carro o quanto possível, em conformidade com o reduzido limite orçamentário.

Chegamos ao ponto central dessa análise. Mesmo com tantas mudanças, atualizações, versões diferentes do AMR22, a Aston Martin não consegue se desgarrar da irregularidade e da performance fraca. Nas corridas seguintes à Espanha, em Mônaco, Azerbaijão e Canadá, o carro até mostrou promessa de potencial. Mas bastou voltar para pistas mais dependentes de um conjunto aerodinâmico forte, que tudo isso caiu por terra. Na Áustria, por exemplo, a equipe de Silverstone era a mais lenta do grid.

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Os problemas básicos do carro não foram solucionados, mesmo com diversas atualizações. E há um vilão maior: a performance nos treinos classificatórios. Não importa o que faça, a Aston Martin simplesmente não consegue ir bem aos sábados. E isso obriga Vettel e Stroll a escalar montanha atrás de montanha nas corridas.

Curiosamente, o ritmo do AMR22 aos domingos não é lá de todo ruim. Mas o desempenho nas classificações é horrível. Vettel já reclamou — mais de uma vez, inclusive —, e o problema é reconhecido até mesmo pelo chefe Mike Krack.

"Parece que acumulamos uma boa quantidade de corridas positivas, mas precisamos também começar da frente. Acho que já foram algumas vezes em que tivemos um ritmo muito forte na corrida e tomamos boas decisões, mas largamos muito atrás — e esse foi o problema", ponderou Krack.

Mike Krack é o chefe da Aston Martin desde o início de 2022 (Foto: Aston Martin)

E já que falamos em Vettel… o tetracampeão mundial, todo mundo sabe, marcou aposentadoria ao fim da temporada. A Aston Martin tentou convencê-lo do contrário, mas agiu rápido assim que viu que não conseguiria segurar a vontade do piloto alemão: chocou o mundo da F1 e contratou Fernando Alonso como substituto.

De veterano para veterano, campeão mundial para campeão mundial, a opção por Alonso em muito se justifica. A equipe de Silverstone desejava contar com o espanhol para manter um grande nome em seu quadro de pilotos e, também, pela experiência e habilidade de seu novo piloto. Afinal, tais fatores - combinados com o feedback valioso - serão de extrema ajuda para o projeto a longo prazo da Aston Martin.

Alpine se despediu do bicampeão mundial após o piloto acertar ida para Aston Martin (Foto: Alpine)

Mas será que em meio a um 2022 tão problemático, a Aston Martin vai mesmo dar indícios de um salto maior na próxima temporada? E mais: Alonso vai ter paciência para aguentar o processo? Dúvida válida, afinal, o bicampeão mundial queria não só permanecer na principal categoria de automobilismo do mundo, como também desejava (deseja) voltar a vencer.

Para a equipe de Silverstone, resta esperar e seguir trabalhando. O teto de gastos vai limitar atualizações ao AMR22 no restante do ano, então é analisar e ver como o desempenho do bólido pode ser melhor e resultar em mais pontos para a equipe. Principalmente, melhorar o ritmo aos sábados. Abaixar a cabeça, jamais: no fim das contas, é necessário criar uma base competitiva para o tão aguardado projeto a longo prazo. E isso, mesmo com percalços, obstáculos e barreiras, precisa ser feito já.

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