Michael Andretti: "Alguns na F1 acham que somos uma ameaça"
Em entrevista à revista GQ, Michael Andretti fala sobre os planos de levar seu time à F1 em 2024 e das dificuldades que tem enfrentado.
Michael Andretti segue empenhado em estender seus tentáculos à F1 e não faz segredo disso. Esteve em Miami conversando com muita gente e bateu novamente ponto no GP do Canadá tentando quebrar as resistências em torno ao seu projeto de entrar na categoria em 2024.
Embora tenha gasto muita saliva, somente McLaren e Alpine mostraram um apoio claro às pretensões americanas. Zak Brown tem interesses com Andretti na Extreme E na SuperCars Australiana. Já a Alpine tem interesse em ter um time cliente e vem negociando também para que usem seus carros na IMSA. Fora isso, não há muita boa vontade.
Em entrevista dada à edição de agosto da revista GQ, que tem como foco seu pai Mario, campeão da F1 em 1978, Michael desabafa sobre seus esforços para tentar se estabelecer na F1. Disse que em Miami tentou obter a assinatura de todos os times para que pudesse ter uma chance de entrar. Diz ele que “quatro ou cinco times aceitaram”. Mas que outros nem quiseram conversar.
Segundo ele, alguns questionam o que a chegada de uma nova equipe poderia agregar à categoria e que a taxa anti-diluição introduzida no novo acordo comercial da F1, estimada em US$ 200 milhões, não daria conta de cobrir as perdas de premiação. Mas o aviso vai direto para Christian Horner e Toto Wolff, que deram declarações neste sentido.
“É uma maneira muito esnobe que estão tendo. Ultimamente, temos criado mais valor que eles têm entregado. E a taxa de diluição é uma desculpa. Wolff deve pensar que menos um voto a favor dele, mais um voto contra ele”.
Michael e Mario dizem que dinheiro não é o problema. Afinal, eles negociaram ano passado coma Sauber e uma série de detalhes de última hora impediram a conclusão da transação. “Tenho tentado lembrar a eles que existem 350 milhões de pessoas neste país (Estados Unidos). E sim, há um aumento no interesse aqui por conta do Drive To Survive. Mas eles não podem estar contentes com o que tem. Estamos apenas raspando a superfície. Eles têm capturado a atenção de todos estes novos fãs.
Mas fãs são um pouco ariscos. Estão confiantes que eles tem a audiencia americana agora. Mas você precisa de uma isca para mantê-los no futuro. E achamos que podemos ser esta isca. Somos um verdadeiro time americano, traremos um verdadeiro piloto americano. Agora, é algo que realmente este país busca. Aqui é que acho que nossos valores se fortalecem, para dar aquilo o que o fã quer”.
Neste ponto, Michael lembra da sua passagem pela F1 em 1993 e lembra das dificuldades que teve, tendo certeza que não o queriam ali. Segundo ele, após Senna ter confirmado que participaria da temporada, a equipe tentou dar um jeito de que saísse. Diz que os mecânicos punham a culpa na eletrônica, mas que na verdade seria uma má programação, que o deixaria em maus lençóis. A situação chegou a um ponto que ele pediu para ir para Monza. E que seu terceiro lugar não ajudou em nada. “Naquela altura, já estava tudo morto”.
“Naquela época, senti que era um clube europeu. E ainda tenho o que ainda é, pela maneira que somos tratados. Porque nós podemos ser uma ameaça. O primeiro verdadeiro time internacional.”, diz Michael.
Mesmo assim, o trabalho de estruturação segue: a sede seria em Indianápolis e tanto pessoal como equipamento já está sendo providenciado. Uma base na Inglaterra está sendo considerada (a antiga sede da Catherham em Leafield está no radar) e um acordo com a Alpine para fornecimento de motores e cambio estariam alinhavados.
Michael segue confiante e diz que não esqueceu do que lhe aconteceu antes. “Eu já sabia muito bem no que estávamos entrando. Você está nadando com tubarões. Então, é melhor ter certeza que você tem o seu arpão. Não sou ingênuo sobre isso. Eu era ingênuo talvez quando fui um piloto, mas provavelmente por conta desta experiência, não sou bobo agora. Todo mundo tem a sua faca e estão prontos para apunhalá-lo.”.
A entrevista original está aqui