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Motores F1 2026: muito além do push to pass...

A possibilidade da adoção do push to pass deixou muita gente alvoroçada, mas tem muita coisa que muda bastante situação atual da F1

2 abr 2024 - 08h56
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Unidade de Potência da F1: Cada vez mais aparecem as nuances da F1 2026
Unidade de Potência da F1: Cada vez mais aparecem as nuances da F1 2026
Foto: Mercedes AMG F1

Já que 2024 parece estar definido, alguns olhos já se voltam para 2026, quando a F1 promete uma nova revolução técnica. Na última quinta (28), a FIA divulgou a mais nova atualização das regras dos motores de 2026. No caso, a parte esportiva e a parte técnica desta área.

Muita gente ainda aguarda a divulgação das versões do regulamento técnico dos carros, que aparecem a conta-gotas. Porém, a documentação divulgada agora dá algumas pistas para o que pode ser o futuro da F1.

O ponto que chamou mais a atenção de todos foi a possibilidade da implantação de um esquema de uso reforçado para ultrapassagem. Na parte em que fala torque da Unidade de Potência e demanda de torque (item 5.14), mais especificamente no item 5.14.7, o regulamento diz que a potência total não pode estar disponível, com exceção do “modo ultrapassagem”.

A primeira visão que se tem é que poderia haver uma volta ao esquema inicial do KERS em 2009, que previa o uso de uma potência de 80cv por cerca de 6 segundos. Mas o regulamento específico de motores não deixa muito claro o que seria este “modo ultrapassagem”, o que deve aparecer nas próximas versões.

Atualmente, as unidades de potência têm modos mais extremos de uso (não chega a ser o “modo festa” de outros tempos...). Mas do jeito que está nesta redação, ele deixa em aberto o uso de uma espécie de “push-to-pass” no esquema semelhante ao da Fórmula Indy, embora não seja necessariamente efetivado. Só que Pat Symonds, responsável pela área técnica da F1 tem deixado claro que a “aerodinâmica ativa continuará tendo papel na nova fase da categoria”. Ou seja, teremos DRS ainda e assemelhados. Este uso da energia será um grande coringa.

Mas temos outros pontos para observar e que não fizeram tanto barulho quanto esse. Porém acabam tendo um impacto grande na dinâmica da F1 2026...

- Foi incluída uma definição de “fabricante externo de UP”. Aqui, ele fala em pessoa ou entidade que estava habilitado a fornecedor motor e desistiu ou que está desenvolvendo motor mas ainda não está registrado junto à FIA para tal. Aqui, foi uma cláusula para barrar os sonhos da Cadillac botar seu nome em um motor existente até o seu ficar pronto ou a repetência de um movimento Honda/Red Bull.

- O regulamento deu uma liberdade para um pouco mais de desenvolvimento aos times. Além da cláusula de nivelamento aberta no início de cada temporada (se o desempenho de um motor ficar mais de 3% abaixo do valor mais alto medido nas 5 primeiras provas de cada temporada, a FIA autorizará o fabricante a mexer no motor), alguns itens poderão ser melhorados após de 2026. Um exemplo: é o plenum (aquela peça que fica na entrada dos cilindros, que acaba influenciando na forma do capô e é importantíssima para a geração de potência), que poderá ser mexido em 26, 27 e 29.

O plenum do motor (envolvido em amarelo): uma área que haverá mais liberdade de desenvolvimento
O plenum do motor (envolvido em amarelo): uma área que haverá mais liberdade de desenvolvimento
Foto: NicolasF1 (Nicholas Carpentier) / X

- Sobre a quantidade de unidades para uso ao longo do ano, houve uma reavaliação do quantitativo: a partir de 2026 serão 3 Motores a Combustão (ICE), 3 Turbos (TC), 3 Jogos de Escapamentos (atualmente são 8), 2 baterias, 2 MGU-K e Centralina.

Porém, em 2026, por conta do novo regulamento, cada piloto terá direito a mais uma unidade de cada item, bem como fabricantes que não fornecerem motor em 2026.

- Um ponto que chama a atenção também sobre o uso do motor elétrico é a definição do limite da atuação da potência. O artigo 5.4 prevê que, quanto maior a velocidade que o carro estiver, menor o uso do motor elétrico. A definição é a seguinte:

Se o carro estiver abaixo de 340 km/h: 1800 – (5x a velocidade)

Se o carro estiver a partir de 340 km/h: 6900 – (20x a velocidade)

Se o carro estiver acima de 345km/h = 0

Se o carro estiver no modo ultrapassagem, com velocidade igual ou acima de 355km/h: 7100 – (20x a velocidade).

Dentro desta lógica, quando o carro estiver em velocidades menores, o motor elétrico poderá fazer o “serviço sujo” de empurrar o carro. Até 290km/h, a parte elétrica fica com os seus 470 cv inteiramente a disposição. E quanto mais veloz, menos o motor elétrico funciona, entrando em ação o motor a combustão, que ainda gera a maioria da potência da nova Unidade de Potência.

Gráfico do uso do motor elétrico
Gráfico do uso do motor elétrico
Foto: Sergio Milani / Regulamento Técnico UP F1 2026 FIA

Esta situação foi incluída para poder permitir o melhor uso da parte elétrica. Uma preocupação era que, principalmente em retas, a bateria descarregasse direto e houvesse uma sobrecarga do motor a combustão.  

Embora o regulamento só preveja o uso do MGU-K a partir de 50 km/h por hora quando de uma largada parada, ele abre a possibilidade de uso nos boxes. Porém, a partir desta velocidade, o motor elétrico fica liberado para uso. No FIA WEC, o motor elétrico geralmente é liberado para uso a partir de 150 ou 190 km/h (além de sair do box).

Com a capacidade de usar mais do que o dobro da energia atual (9MJ x 4MJ), os pilotos terão que saber dosar mais ainda o uso das baterias. Afinal, a potência do motor a combustão deve ficar por volta de 550 cavalos (contra 850 cv atuais) e ainda parte da energia será usada para poder evitar o atraso no funcionamento do turbo, coisa que o atual MGU-H faz.

Desta forma, deveremos ter um motor menos barulhento e a velocidade sendo garantida através de um carro mais leve e confiando cada vez mais na aerodinâmica ativa. Se a sensação de velocidade não for retirada e as disputas forem reais, os fãs da F1 não reclamarão.

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