Motores F1: mesmo com confirmações, o futuro não é certo
2026 se aproxima e a F1 ainda discute sobre os motores. Mesmo com as confirmações da FIA, ainda há muito a se definir
Não é de hoje que se discute a receita que a F1 escolheu para 2026. Este espaço aqui discutiu por diversas vezes esse assunto e a ultima vez trouxe uma série de motivos que levariam a categoria a manter o esquema definido. No Bahrein, em princípio foi enterrada a volta dos V10. Mas isso não significou o fim da discussão.
Como sempre, não sabemos realmente todo o teor do que se trata e várias vezes ocorre aquele "vazamento seletivo" para poder direcionar o grande público. Não é a toa que na semana passada se pegou algumas linhas de um artigo de um site espanhol citando a Mercedes tendo problemas nas simulações com a bateria elétrica tendo acabado antes do final da reta de Monza...
(Curioso que algum tempo atrás, esta mesma situação se aplicava à Red Bull. Pano rápido).
O fato é que as decisões sobre o motor de 2026 foram sendo direcionadas para uma grande acomodação. Para trazer novas (e velhas) montadoras, decidiu-se pelo fim do MGU-H e aumento da energia elétrica na composição da energia total. Porém, o plano inicial de se usar o eixo traseiro para recuperação de energia, favorito de VW e Porsche, foi descartado. Foi uma série de acordos que não necessariamente representaram excelência técnica....afinal de contas, teremos um motor 1,6l turbo de 1000cv, que praticamente metade vem de energia recuperada, usa combustível sintético/sustentável, mas que acaba sendo mais pesado do que a unidade atual....
A ideia do retorno do V10 veio originalmente de Stefano Doemnicali (CEO da F1) e depois foi encampada por Mohammed Ben Sulayem (Presidente da FIA). Em tese, uma ideia interessante, pois seria mais simples tecnicamente, usaria o mesmo combustível e roncaria mais bonito. Mas como dito aqui, como vai se falar para montadoras que vai se jogar meio bilhão de dolares gastos nos ultimos anos pela janela em um momento de crise?
Trouxe a The Race que, após a negativa dada no Bahrain, a F1 tem mais uma opção na mesa: diminuir a geração de energia recuperada durante a corrida. Diz-se que a proposta principal agora seria deixar os motores no seu modo original nos treinos (50/50) e deixar na corrida a bateria com uma capacidade menor (de 350kw para 200kw), deixando a parte a combustão gerando cerca de 65% do total de potência.
Seria mais uma ideia de compromisso. Outro ponto seria mais abertura para os motores mais fracos poderem se aproximar dos mais potentes. As regras atuais já prevêem algumas facilidades, mas estão se pedindo mais liberdades.
O negócio é: em principio, o motor 2026 gera cerca de 550/580cv à combustão. Como se alcançaria os 65%? aumentando a potência ou amarrando a bateria? Normalmente, os motores são mais "amarrados" para a corrida, mas estariamos voltando a um ponto de potência de 6/7 anos atrás. E a resistência?
Isso é um cenário ruim para os fabricantes, mesmo os que querem mudança das regras. Nesta quarta (23), a FIA anunciou que a GM foi aprovada como fornecedora de Unidade de Potência para a F1 a partir de 2029. Como os americanos fazem: jogam fora o trabalho feito até aqui? investem em um V10? para fazer algo minimamemhte competitivo, é preciso tempo. Mesmo partindo para a "inspiração alheia" (termo adocicado para cópia).
Fazer uma mudança em cima da hora é quase assinar um atestado de incompetência da FIA e da F1. Olhar para o futuro é importante. Mas que este processo de mudança de regras para 2026 foi extremamente atabalhoado aos olhos do respeitável publico, isso nao se pode negar. Se a situação não fosse um pouco tão radical, poderia se pensar no mesmo do pacote atual: fazer um acordo para postergar por um ano a aplicação. Porém, tantos acertos já foram feitos que seria necessária quase uma demolição total da F1 para que pudesse ser feita mais uma temporada de transição.