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Na Garagem: Schumacher se aposenta em dia de tri de Vettel e vitória de Button no Brasil

Segunda — e definitiva — aposentadoria de Michael Schumacher aconteceu em dia de corrida histórica no Brasil, que marcou tricampeonato mundial de Sebastian Vettel na Fórmula 1

25 nov 2022 - 05h01
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Despedida de Schumacher da F1 aconteceu no Brasil, que sediou mais um GP emocionante em 2012
Despedida de Schumacher da F1 aconteceu no Brasil, que sediou mais um GP emocionante em 2012
Foto: Mercedes / Grande Prêmio

Se o dia 25 de novembro de 2012 já seria marcante na história da Fórmula 1 pelo GP do Brasil caótico ocorrido naquele dia, em Interlagos, a despedida definitiva de Michael Schumacher da categoria conseguiu imortalizá-lo de vez. Em uma prova que contou com incríveis 147 manobras de ultrapassagem bem-sucedidas, os holofotes estavam todos virados para aquele que reinava sozinho, até então, como único heptacampeão da história.

O primeiro 'até logo' do alemão à F1 aconteceu no fim da temporada 2006, que marcou o bicampeonato mundial de Fernando Alonso, mas 'Schumi' não resistiu à falta de adrenalina que representava sua ausência da categoria. Assim, Michael abraçou o projeto da conterrânea Mercedes, que decidira se tornar de novo uma equipe na F1 e contava com a experiência de Ross Brawn, justamente aquele que fez parte da época de ouro de Schumacher na Ferrari.

No entanto, a união entre as partes — que teve seu início em 2010 — não surtiu o efeito esperado. Schumacher retornou longe da forma que tinha em seus dias de grandeza, e a Mercedes não produziu um carro que permitisse ao alemão sonhar mais alto: como resultado, Michael terminou sua primeira temporada em nono lugar, com apenas 72 pontos.

O panorama se alterou muito pouco nos dois anos seguintes, e 2013 trouxe o estopim: longe de suas melhores atuações e com um carro que não conseguia controlar o desgaste dos pneus, Schumacher até teve alguns lampejos — como em Mônaco e Valência —, mas acumulou erros e atuações apagadas. Foram cinco abandonos nas sete primeiras corridas do ano, e o alemão só marcou pontos em oito das 20 corridas de 2012. Muito pouco.

Assim, 'Schumi' acabou substituído pelo britânico Lewis Hamilton — na época, com apenas um título — e resolveu anunciar a aposentadoria no fim de semana no GP do Japão, 15ª corrida do ano — que previa 20 etapas.

Mercedes celebra Michael Schumacher em sua despedida da Fórmula 1
Mercedes celebra Michael Schumacher em sua despedida da Fórmula 1
Foto: Mercedes / Grande Prêmio

Com seu melhor resultado pela equipe justamente em 2012, no terceiro lugar do GP da Europa, Schumacher chegou à última corrida do ano sem possibilidades de galgar posições no campeonato — mas com a intenção de finalizar uma carreira brilhante de maneira digna.

A classificação não foi boa para o heptacampeão, que optou por um acerto misto — esperando pela chuva — e largou em 13º. Seu companheiro Nico Rosberg também não conseguiu um resultado muito melhor, com o nono lugar do grid, enquanto a McLaren dominou a primeira fila: Hamilton na pole, Jenson Button em segundo. Naquele fim de semana derradeiro da temporada, Sebastian Vettel tentava garantir o tricampeonato mundial, em batalha que envolvia apenas ele e Alonso.

A ordem do grid, entretanto, mudou completamente assim que a corrida começou. Com a chuva começando a desabar em Interlagos, com apenas dez minutos restantes para o início da prova, todas as equipes optaram pelos pneus macios. Assim, Vettel teve um início terrível e se envolveu em acidente com Bruno Senna, que imediatamente se viu sem saída ao acertar a traseira de Sergio Pérez. Na volta seguinte, Pastor Maldonado perdeu o controle do carro na curva 3 e também foi direto na barreira de proteção.

Nem Schumacher conseguiu escapar da confusão. O alemão teve um pneu furado logo na quinta volta da disputa, o que alterou completamente os planos da corrida e trouxe a necessidade de retornar aos boxes da Mercedes. De volta à pista em último, Michael passou a imprimir um ritmo alucinante para encostar novamente no pelotão.

Schumacher e Räikkönen chegaram a se encontrar na pista de Interlagos
Schumacher e Räikkönen chegaram a se encontrar na pista de Interlagos
Foto: Mercedes / Grande Prêmio

O caos começou de verdade quando a chuva apertou em Interlagos, o que fez várias equipes optarem pela troca por pneus intermediários. No entanto, a estratégia de permanecer na pista se mostrou acertada, já que a chuva não se intensificou e os pneus para pista seca rendiam mais. Na volta 18, Nico Hülkenberg deixou Button para trás e assumiu a ponta.

Enquanto isso, Schumacher fazia uma corrida de recuperação. Andando em último, o alemão deu um suspiro de alívio quando o safety-car foi acionado na volta 23, o que enfim o aproximou de vez do pelotão. Enquanto isso, a pista secava cada vez mais, e os pilotos já haviam retirado os compostos intermediários.

A relargada só aconteceu seis voltas depois, e Vettel passou a sentir cada vez mais os danos sofridos na largada conforme o asfalto secava. Assim, o alemão foi perdendo posições e viu Kamui Kobayashi e Felipe Massa passarem sem maiores problemas. Na briga pela ponta, Hamilton deixou Button para trás e foi para cima de Hülkenberg, que acabou escorregando e acertando o inglês — que abandonou na volta 54.

Por algumas voltas, como se a Fórmula 1 decidisse que seria necessário realizar um show em sua despedida, Schumacher passou a empilhar ultrapassagens quando a chuva voltou a ficar forte em São Paulo. Aproveitando as paradas dos rivais e calçando pneus intermediários, o heptacampeão reviveu os velhos tempos e escalou o pelotão, assumindo o sexto lugar nas últimas voltas.

O nível apresentado por Schumacher na última corrida da carreira foi superior ao que o alemão vinha mostrando durante o ano
O nível apresentado por Schumacher na última corrida da carreira foi superior ao que o alemão vinha mostrando durante o ano
Foto: Mercedes / Grande Prêmio

Por outro lado, a batalha pelo título se desenrolava de forma dramática para Vettel, que chegou a se encaminhar aos boxes da Red Bull e encontrou a equipe sem os pneus — o alemão estava com um problema no rádio, e os taurinos nem sequer sabiam de sua chegada ao pit-lane.

Por fim, o último ato de Schumacher na Fórmula 1 reservou um roteiro absolutamente inesperado, mas que foi extremamente simbólico na despedida de um gigante. Maior ídolo da carreira do então bicampeão Vettel, Michael cedeu a sexta posição para o alemão nos instantes finais da corrida, o que rendeu — além do tricampeonato mundial — um agradecimento de 'Seb' no momento da ultrapassagem.

No fim, Paul di Resta bateu na reta principal e ativou o safety-car, que não deixou mais a pista até o fim da corrida. Button ficou com a vitória, Alonso e Massa completaram o pódio, enquanto Mark Webber, Hülkenberg, Vettel, Schumacher, Jean-Èric Vergne, Kobayashi e Kimi Räikkönen fecharam o top-10.

Sebastian Vettel e Michael Schumacher sempre tiveram uma relação muito próximo na F1
Sebastian Vettel e Michael Schumacher sempre tiveram uma relação muito próximo na F1
Foto: Getty Images/Red Bull Content Pool / Grande Prêmio

"Eu tentei fazer essa missão ser bem-sucedida. Não funcionou desta vez, mas estou muito feliz de terminar por aqui e ter uma vida diferente de novo. Nos últimos meses, houve momentos em que não quis lidar com a Fórmula 1 ou mesmo me preparar para o próximo GP", resumiu o histórico heptacampeão, admitindo o cansaço com a vida de esportista.

A despedida significou um verdadeiro alívio, nas palavras de Schumacher, que já havia admitido a vontade de parar de correr. Em sua última participação, o universo automobilístico brindou o público brasileiro com uma corrida de tirar o fôlego, uma atuação consistente e a cereja do bolo no fim — a passagem de bastão à jovem estrela alemã, que ainda conquistaria mais um título mundial em 2013.

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