Nunca a F1 faturou tanto como 2023. Mas é bom ter atenção
F1 teve o seu maior faturamento da história e os times nunca ganharam tanto dinheiro. Mas nem tudo são flores e depende da pista...
As últimas notícias dos bastidores da F1 acabaram por deixar de lado uma informação que mostram o tamanho que a categoria tomou nos últimos anos e como o acordo comercial fechado em 2020 no aperto da COVID-19, prevendo o teto orçamentário e o balanço de desenvolvimento, foram cruciais para isso.
No último dia 28, a Liberty Media divulgou seus resultados financeiros de 2023. A F1 foi no pacote e teve uma série de boas notícias para contar: o maior faturamento de sua história (mais de US$ 3,2 bilhões), bem como um belíssimo lucro e o maior valor dividido entre as equipes.
Para se ter uma ideia de como foi o faturamento da F1 em 2023: A Liberty Media desembolsou em 2017 cerca de US$ 4,5 bilhões para ter a categoria (mais US$ 4 bilhões de dívidas). Trazendo a valores atuais, seriam quase US$ 5,6 bilhões. Então, a F1 faturou o equivalente a quase 60% do que desembolsou seis anos antes...
O mais importante: O que a Liberty conseguiu fazer após a COVID. Após ter feito um grande esforço financeiro, incluindo um cruzamento interno de caixa e a abertura do capital para o Fundo Soberano Saudita, o novo acordo comercial e uma política agressiva de marketing catapultaram os resultados. Se notarmos, o início não foi tão promissor e 2020 foi um verdadeiro buraco. Mas as coisas se recuperaram e com sobra...
Pelo lado financeiro, as coisas vão caminhando. As equipes também não têm do que se queixar, tendo também sua maior participação nas receitas. Mas temos alguns pontos que merecem a atenção...
- Receitas: As receitas da F1 têm crescido exponencialmente por conta do aumento das provas do calendário e as renegociações com os organizadores. Claro que novos acordos comerciais vieram e a aposta em organizar a prova de Las Vegas abre a possibilidade de eliminar intermediários e aumentar a renda.
Só que há o limite do calendário e mesmo o potencial de ganhos com Las Vegas pode bater o teto. E há ainda a parte dos valores de transmissão. De 2022 para 2023, a participação dos direitos de transmissão caiu 4 pontos na composição das receitas. Por um lado, representa uma descentralização da fonte de receita. Mas abre um ponto de observação...
- Audiência: Segundo dados da própria Liberty Media, a audiência da F1 está praticamente estável desde 2020 em 1,5 bilhão de telespectadores acumulados. A Liberty Media tem seguido a linha de lucratividade: tem colocado a categoria em canais por assinatura em detrimento da TV aberta, além de incentivar a assinatura do seu serviço de streaming, o F1 TV (cujo desempenho é guardado a sete chaves).
A expectativa é que o aumento da procura nos Estados Unidos (que hoje é de responsabilidade da ESPN) e de outros países europeus, possam trazer alguma tração a estes números. Como apontado no tópico anterior, a representatividade das transmissões nas receitas caiu. Em tempos de uma dominância e da dificuldade de vender a ideia de brigas no resto do pelotão...
- Redes Sociais: Aqui, a F1 teve um grande ganho nos últimos anos. Praticamente saindo do zero, o crescimento tem sido explosivo ano após ano. Porém, no ano passado começaram a aparecer os primeiros sinais de que a lua de mel estava acabando...
Entretanto, há de se relativizar, pois tivemos um final de campeonato em 2021 intenso e 2022 ainda foi muito no rescaldo deste movimento. 2023 tenha sido um ano talvez mais próximo da realidade, mas como demonstrado por um estudo feito por uma empresa inglesa, as citações positivas acabaram reduzindo... (para refrescar a mente, eis o artigo sobre o assunto aqui)
A Liberty Midia deu conta que as redes sociais da F1 têm cerca de 70 milhões de usuários. É um aumento em relação a 2022, como mostra o gráfico. Porém, é o menor crescimento desde quando se começou a medir estes dados. A imersão tem sido sensacional, mas se as corridas não ajudarem...
