Pérez enfim mostra a que veio e vira trunfo da Red Bull na luta pelos dois títulos em 2021
Sergio 'Checo' Pérez cresceu na hora certa, emendou dois pódios seguidos e cumpriu com o que a Red Bull dele espera: estar constantemente entre os primeiros, somar pontos importantes e ajudar a equipe na batalha pelos títulos em jogo na temporada
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Demorou um bom tempo, mas Sergio Pérez, enfim, começa a corresponder como piloto da Red Bull. Embora já tivesse até vencido corrida, no GP do Azerbaijão — ainda que de maneira circunstancial —, 'Checo' ainda não havia convencido de forma definitiva desde que passou a vestir o macacão da equipe dos energéticos. O mexicano de Guadalajara foi contratado para fortalecer o time com sua experiência, ajudar Max Verstappen a lutar pelo título do Mundial de Pilotos e pontuar bem o bastante para levar a escuderia de Milton Keynes rumo à taça do Mundial de Construtores. Mas tal cenário não chegou a ser realidade até semanas atrás. E mesmo quando estava em baixa, teve seu contrato renovado para 2022.
Entretanto, a sorte de 'Checo' começou a mudar justamente pouco depois da renovação de contrato. O piloto do carro #11 ficou perto de ir ao pódio nos GPs da Itália e da Rússia. Em Monza, uma manobra irregular ao cortar a chicane quando lutava por posição com Valtteri Bottas resultou na punição de 5s e na chance de conquistar o terceiro lugar. Em Sóchi, Pérez foi um dos tantos pilotos pegos de surpresa com a chuva nas voltas finais, não escolheu a estratégia certa e caiu para nono depois de ter andado em terceiro.
Mas foi em Istambul, onde já havia andado muito bem no ano passado, com a Racing Point, Pérez começou pra valer sua virada no campeonato. Sergio não se classificou bem, foi apenas o sétimo no sábado, que virou sexto no grid por conta da troca do motor de combustão interna feita pela Mercedes para o carro de Lewis Hamilton.
Sergio Pérez virou peça importante para ajudar Max Verstappen e a Red Bull na luta pelos títulos em 2021 (Foto: Chris Graythen/Getty Images/Red Bull Content Pool)
Com o habitual bom ritmo de corrida e o mais equilibrado carro do grid, Pérez fez um grande trabalho e ainda se notabilizou por vencer um duelo duro e limpo com Hamilton na fase final da prova. Ter segurado o heptacampeão do mundo foi fundamental para a Red Bull e seu companheiro de equipe, já que Verstappen conseguiu reassumir a liderança do campeonato depois de terminar em segundo, enquanto Lewis terminou somente em quinto.
Melhor ainda, para 'Checo', foi ter ido ao pódio, algo que não acontecia desde o distante GP da França, em junho. O latino-americano conseguiu um grande respiro para aliviar a pressão por resultados e por não entregar o que dele sempre a cúpula taurina esperou.
ANÁLISE
Se a jornada em terras otomanas foi positiva, Pérez foi melhor ainda nos Estados Unidos. Desde o começo do fim de semana no Circuito das Américas, diante de apoio maciço nas arquibancadas em Austin, capital do Texas e próxima a cidades importantes do México, como Monterrey, o piloto da Red Bull ganhou um grande apoio e teve seu melhor desempenho global no campeonato.
Pérez foi muito forte desde os treinos livres, chegou a liderar a sessão da tarde de sexta-feira e do fim da manhã de sábado. Para muitos, 'Checo' deu uma impressão falsa de que liderou somente porque os grandes protagonistas, Lewis Hamilton e Max Verstappen, não foram tão bem assim nos ensaios, mas a classificação confirmou a excelente forma do mexicano, que só não foi à primeira fila por míseros 0s016, tempo que o separou de Hamilton, segundo.
Sergio Pérez encontrou o rumo nesta reta final de 2021 (Foto: Chris Graythen/Getty Images/Red Bull Content Pool)
A corrida de Pérez foi bastante aceitável pelo que foi revelado logo depois pelo próprio piloto. Com diarreia pela manhã e desidratado, Sergio fez a corrida toda com mais de 30ºC dentro do macacão sem ter o sistema de hidratação funcionando corretamente — a água toda vazou ainda na volta de alinhamento para o grid.
Foi uma corrida no sacrifício, mas ainda assim Pérez conseguiu correr sozinho e, sem sustos, assegurou mais um pódio, o quarto da temporada. Com o carro que tem, é pouco, claro, mas o piloto tem uma reta final de temporada para entregar o que a Red Bull dele espera. Ainda há tempo.
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O que fica nítido é que 'Checo' cresce na hora certa. A luta contra Valtteri Bottas pelo top-3 do campeonato é difícil, já que o finlandês faz uma temporada melhor que a de Pérez e está 35 pontos à frente. Mas o mexicano sabe que ainda tem condições de terminar o ano em terceiro lugar. Mais importante ainda é ser decisivo a ponto de ajudar Verstappen na batalha com Hamilton pelo título. De quebra, Sergio pode ser fundamental para ajudar a Red Bull a buscar a taça do Mundial de Construtores. São 23 pontos de desvantagem para a Mercedes.
A próxima corrida vai ser a mais especial da temporada para 'Checo', que voltará a correr em casa depois de dois anos. O retrospecto do piloto da Red Bull no Hermanos Rodríguez não é dos mais animadores — jamais passou da sétima posição —, mas o fato é que Pérez nunca chegou tão bem para uma corrida no seu país-natal como agora.
No melhor momento do campeonato, tendo às mãos um carro que, ao que indicam as previsões, tem tudo para render muito bem na altitude e embalado pelos dois pódios, Pérez tem tudo para dar sequência à boa fase. De modo que o quinto pódio na temporada seria um resultado absolutamente normal e até esperado, o que deixaria Sergio Pérez em ótima condição nas quatro corridas finais do ano e com ainda mais moral dentro da Red Bull, cada vez mais convicta que tomou a decisão certa ao mantê-lo para 2022.