Pietro Fittipaldi perde vaga que nunca foi sua na Haas
Pietro Fittipaldi foi preterido por Kevin Magnussen pela Haas, mas segue como piloto reserva e de testes. Endurance, Indy e Stock Car são algumas opções para a carreira do brasileiro
A possibilidade de ter uma vaga em tempo integral na principal categoria do automobilismo veio após a deflagração do conflito entre Rússia e Ucrânia. A Haas cortou relações com a patrocinadora russa, a empresa de fertilizantes Uralkali, e com o piloto Nikita Mazepin, que era financiado pela companhia do pai, Dmitry.
Chefe da Haas, Gunther Steiner chegou a afirmar que Pietro, piloto reserva e de testes da equipe, era o primeiro na fila para assumir a vaga. Mas, os rumores eram de que o time estava em busca de alguém com um bom aporte financeiro e alguma experiência na categoria. Os nomes de Nico Hülkenberg e Antonio Giovinazzi ganharam força, mas foi Magnussen, membro da equipe americana dentre 2017 a 2020, quem acabou ficando com o assento.
Nem um patrocínio de última hora do Banco do Brasil, que apareceu no macacão de Fittipaldi em foto divulgada nesta quarta-feira (9), foi suficiente para abrir espaço na categoria. O que mostra que o talento e a experiência foram determinantes para a escolha de Gene Haas e Steiner.
Pietro chegou a participar de duas corridas pela Haas após o grave acidente de Romain Grosjean no GP do Bahrein, terminando em 17º no GP de Sakhir e 19º em Abu Dhabi, sem mostrar muito brilho.
A forma com que o brasileiro conseguiu sua superlicença, requisito para pilotar na F1, também nos ajuda a entender o porquê de ter sido preterido. O primeiro passo foi conquistar a Fórmula V8 3.5, a antiga Fórmula Renault, que sobrevivía aos trancos e barrancos e já não tinha um elenco de grande nível.
O título lhe rendeu 35 dos 40 pontos necessários para tirar o documento obrigatório. Na temporada seguinte, a Federação Internacional do Automobilismo (FIA) passou a dar apenas 20 pontos para o campeão.
Em 2018, Pietro sofreu um grave acidente em Spa-Francorchamps, durante um treino do Mundial de Endurance, no qual fraturou as duas pernas. Sem poder correr, a FIA permitiu que o piloto ficasse com os pontos conquistados por mais tempo.
No ano seguinte, Fittipaldi correu na DTM, mas não teve bom desempenho na categoria alemã. Partiu então para a F3 Asiática, na qual um quinto lugar na classificação geral seria o suficiente para tirar a superlicença. Mas começou a temporada mal, e só terminou em quinto porque conta da pandemia da Covid-19, que interrompeu o campeonato e resultou na desistência de dois competidores.
Assim, o brasileiro conquistou sua superlicença e participou de duas corridas na Fórmula 1. Isso já pode ser considerado um grande feito para um piloto que pouco se destacou nas categorias juniores e que também não traz consigo um caminhão de dinheiro. Para se manter na principal categoria do automobilismo, o corte é acima do que Pietro oferece.
Fittipaldi seguirá como piloto reserva e de testes na Haas e ainda vai pilotar o carro da equipe americana nesta quinta-feira (10), no primeiro dia de testes de pré-temporada no Bahrein. A equipe teve atrasos na entrega dos equipamentos, e ele deve guiar apenas na parte da tarde.
Além dessa função, o jovem de 25 anos também participará da European Le Mans Series na classe LMP2 pela equipe Inter Europol. Ele já disputou uma corrida na categoria em 2021, que é uma boa porta de entrada para o Mundial de Endurance e, quem sabe, uma participação nas 24h de Le Mans.
O sonho do brasileiro em 2022 era conseguir uma vaga em tempo integral na Indy, onde disputou três provas no ano passado pela Dale Coyne. Mas a falta de patrocínios impede que ele tenha uma temporada completa na categoria.
No início deste ano, Pietro também participou da tradicional corrida de duplas da Stock Car, que abre a temporada da categoria em Interlagos. Ao lado de Tony Kanaan, conquistou um bom quinto lugar na prova para os convidados.
O fato é que a porta da Fórmula 1 parece ter se fechado para Fittipaldi: o neto de Emerson dificilmente terá um caminho mais aberto para a categoria do que foi em 2022. Então, talvez fosse mais interessante seguir outro caminho, até mesmo no Brasil. Às vezes, é preciso recalcular a rota. Esse é o momento.