Red Bull avisa: a AlphaTauri muda de nome e modelo em 2024
Em entrevista, Helmut Marko anuncia o fim da independência da AlphaTauri para 2024, que muda de nome e se submete mais à Red Bull
Não é de hoje que a AlphaTauri vem sendo observada com lupa por quem acompanha a F1. O time “satélite” da Red Bull vem tendo um desempenho muito abaixo do esperado, especialmente nesta temporada. Com a morte do home forte do mundo Red Bull, Dietrich Mateschitz, muitos pensaram que a equipe acabaria.
Mas uma sobrevida foi dada e o time seguiu. Porém, com a reorganização interna motivada pela mudança de comando do grupo, uma série de situações foram colocadas em perspectiva. Uma das ações que vinham em curso era dar mais liberdade para a AlphaTauri seguir seu caminho só.
Neste sentido, o time foi liberado para buscar novos apoios e a Red Bull foi reduzindo seu investimento. Até mesmo motivado pelo novo modelo de negócio que a F1 instituiu a partir de 2020. Em texto publicado esta semana, demonstramos que o investimento direto da Red Bull vem caindo nos últimos anos.
Porém, as mudanças seguiram: Franz Tost, o chefe de equipe deste o início das operações da Toro Rosso, se aposentará no fim do ano, vindo Laurent Mekies, atual Diretor Esportivo da Ferrari, para seu lugar, além da vinda de Peter Bayer (ex-FIA) para o posto de CEO do time.
Como a ordem que veio do alto foi revisar as atividades esportivas de todo o time, a F1 passou por aí e se decidiu que a equipe não seria vendida, embora se diga que propostas polpudas tenham aparecido na mesa. Entretanto, haveria uma maior integração entre a Red Bull e a AlphaTauri.
Tudo isso foi falado por nós em abril quando falamos no anúncio das mudanças
Hoje, a AlphaTauri tem sua base em Faenza (Itália), antiga sede da Minardi. Mas seu túnel de vento funciona em Bicester (Inglaterra). No início, a intenção da Red Bull era transformar o seu time satélite em um time B totalmente. Mas as regras foram sendo endurecidas e as sinergias foram sendo reduzidas.
Esta semana, Helmut Marko, o todo poderoso consultor da Red Bull, havia declarado que boa parte das operações da AlphaTauri poderiam ser transferidas para a Grã-Bretanha (ver aqui). E nesta quarta, vem uma fala mais rascante do austríaco em entrevista ao jornal Kleine Zeitung, dizendo que o time deve mudar de nome para 2024 e voltar a usar o máximo que puder da Red Bull.
Neste caso, é adotar o modelo Haas/Ferrari: comprar o máximo que o regulamento permite e fazer o mínimo que caracteriza uma equipe como construtora. Neste caso, a equipe satélite poderia comprar suspensões, direção e peças, além de ter acesso a algumas partes de “código aberto”.
Coincidentemente, a fala de Marko vem logo após a Diretriz Técnica da FIA sobre o uso de pessoal de outras unidades das equipes na F1. A entidade baixou instrução dificultando a intercambialidade de membros entre as divisões. Por exemplo: a Mercedes tem sua área de engenharia aplicada, que presta serviço para o desenvolvimento do barco britânico da America’s Cup, por exemplo.
A Red Bull não é muito diferente. Como falamos no ano passado, quem é a principal empresa deste mundo de automobilismo é a Red Bull Technology. A equipe de F1 é uma subsidiária da RBT e parte dos gastos são descarregados nela (e da AlphaTauri também). Lembrando que a Red Bull Technology fornece peças para outros times da F1 (ela quem fabrica as estruturas de absorção lateral de impacto) e desenvolve e fabrica o aeroscreen da IndyCar.
Com esta movimentação, a Red Bull Technology pode usar melhor suas estruturas (um novo túnel de vento está em construção) e consegue mais sinergia. A nova satélite da Red Bull teria seu projeto bem mais amarrado às soluções vindas do time comandado por Newey/Wache e ainda ser uma espécie de “ponta de lança” para desenvolvimento de outras soluções.
Não se enganem. O movimento é para fortalecer a Red Bull. Como gosto de dizer: o mais bobo na F1 dá nó em gota de éter usando luvas de boxe em um quarto escuro e de olhos fechados.