Red Bull, sobre porpoising na F1: “Reclamar é mais fácil”
Christian Horner critica pilotos e equipes que pedem interferência da FIA para combater porpoising: “Injusto com quem fez carro decente”
O porpoising voltou a ser tema de discussão e preocupação na Fórmula 1 após o GP do Azerbaijão. A longa reta do circuito de Baku se mostrou cruel aos carros e pilotos, que sofreram com os quiques constantes a altas velocidades.
Uma das imagens da corrida foi Lewis Hamilton apresentando dores nas costas ao sair de seu Mercedes. O britânico, cujo carro é um dos que mais sofre com os pulos, afirmou que chegou a correr mordendo os dentes para tentar aliviar a dor.
Outros pilotos também se manifestaram, fazendo coro a Hamilton e a Carlos Sainz, que já havia levantado o tema anteriormente. Pierre Gasly afirmou que Baku foi a corrida mais brutal de sua carreira e revelou estar fazendo fisioterapia antes e depois de cada sessão para tratar sua coluna. “Definitivamente, não é nada saudável”, afirmou.
Segundo a Autosport, os pilotos relataram, ainda, dificuldades de pilotagem causadas pelo porpoising. Hamilton afirmou temer perder o controle do carro devido ao balanço do volante. Seu colega George Russell afirmou sofrer para encontrar o ponto de freada em meio aos pulos. Já Gasly contou ter problemas de visibilidade, especialmente nos retrovisores, que balançavam constantemente.
O francês da AlphaTauri contou que o tema foi abordado no briefing dos pilotos e levado à FIA. “Não acho que a FIA devesse nos colocar numa situação em tenhamos que escolher entre saúde e performance”, opinou. Para ele, os pilotos “vão acabar precisando de bengala aos 30 anos”, se a situação não for revista pela Federação.
Não é problema meu...
Abordamos os possíveis caminhos que podem ser adotados para solucionar o porpoising hoje mesmo, nesse artigo. É possível contornar o problema, mas o que não parece ser possível é haver consenso quanto à forma. Qualquer medida mais duradoura implicaria, obrigatoriamente, em aumento de custo. Isso, por si só, seria um problema. Mas é ainda outra questão que incomoda Christian Horner, o chefe da Red Bull: a perda de uma vantagem de sua equipe.
A Red Bull é uma das equipes que melhor lidou com o porpoising, e seus carros (e pilotos) sofrem bem menos que os rivais como esse efeito. Para Horner, intervenções da FIA nesse tema seriam “injustas”: “Parece injusto penalizar aqueles que fizeram um trabalho decente, ante aqueles que talvez tenham errado o alvo”.
O porpoising da Ferrari e Mercedes!
Red Bull nem sofre!
— Massinha Desaposentado (@MassinhaF1_) June 10, 2022
O chefão afirmou haver formas para os outros times resolverem o porpoising por conta própria: “A coisa mais óbvia é levantar o carro. Você tem a escolha de como quer que seu carro ande, não tem?”. A sugestão é válida, mas as equipes têm evitado ao máximo aumentar a altura em relação ao piso pois isso compromete a eficiência do efeito solo, diminuindo a aderência dos carros.
Para o mandatário, deve haver ação da Federação apenas em casos de problemas de segurança, o que ele entende não ser o caso: “Você nunca deve correr com um carro que seja inseguro. Mas acho que é mais uma questão técnica, porque alguns carros têm o problema e outros têm muito pouco. Se está afetando pessoas ou equipes isoladas, então é algo que essas equipes devam lidar.”
Por fim, questionado sobre o que faria se fossem os carros de sua equipe a apresentar o problema, Horner afirmou o que sugeriria que seus pilotos fizessem: “Pediria para que reclamassem o quanto pudessem no rádio. É parte do jogo.” E concluiu: “Há remédios para o porpoising, mas eles afetam a performance dos carros. A coisa mais fácil de se fazer é reclamar. Cada time tem sua escolha.”