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Red Bull subestima força da estratégia da Mercedes e vê melhor carro neutralizado

A Red Bull não parecia pronta para uma briga estratégica no GP do Bahrein. A equipe não soube reagir quando a Mercedes deu o pulo do gato com Lewis Hamilton. Pois é hora de entender: estratégia promete ser particularmente importante ao longo de 2021

30 mar 2021 - 04h47
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Max Verstappen e Lewis Hamilton: os protagonistas do GP do Bahrein e, provavelmente, de toda a temporada da F1
Max Verstappen e Lewis Hamilton: os protagonistas do GP do Bahrein e, provavelmente, de toda a temporada da F1
Foto: Honda Racing / Grande Prêmio

A retórica pós-treino classificatório na Fórmula 1 parecia óbvia. A Red Bull tem o melhor carro e tudo em mãos para abrir a temporada 2021 com vitória no Bahrein. Como sabemos, a Mercedes usou a estratégia com perfeição e levou a melhor com Lewis Hamilton, criando a sensação de briga parelha na principal categoria do automobilismo. E é mesmo, mas muito por conta de um detalhe: a equipe dos energéticos não parecia levar em conta que os atuais campeões precisam apenas da inteligência para ser uma ameaça constante.

Explica-se: a Mercedes pensou fora da caixa no GP do Bahrein, ao contrário da Red Bull. A equipe não precisava chamar Lewis Hamilton tão cedo para o primeiro pit-stop, mas o fez porque sabia que era o jeito de incomodar Max Verstappen. Ao invés de responder no giro seguinte, quando o holandês provavelmente seria capaz de manter a liderança, os taurinos esperaram mais cinco giros. A ideia era não cair no jogo da Mercedes, mas ficou soando mais como pensamento positivo em excesso. Afinal, com um carro veloz a tendência é de que Max fosse fazer a estratégia funcionar de um jeito ou de outro.

Hamilton celebra sua vitória no GP do Bahrein, após lutar contra Max Verstappen e gerenciar pneus de forma brilhante
Hamilton celebra sua vitória no GP do Bahrein, após lutar contra Max Verstappen e gerenciar pneus de forma brilhante
Foto: Beto Issa / Grande Prêmio

Claro que não foi bem assim. Verstappen teve ainda chance de vitória, incomodando Hamilton até a bandeira quadriculada e criando a polêmica da curva 4, mas acabando em segundo após voltas finais das mais tensas. A sensação ainda era de que o holandês seria uma pedra muito maior no sapato do britânico se tivesse reagido à estratégia da Mercedes.

Ver a Mercedes arriscando assim na estratégia é algo novo. A equipe que venceu com um pé nas costas ao longo de 2020 não precisava de malabarismos. Mantidas as CNTP, Hamilton e Bottas formariam dobradinhas com estratégias chatas, de uma parada ou duas. Aí a Red Bull conseguiu acertar o carro de 2021 e o jogo mudou. Estratégias óbvias tendem a ser superadas por outras mais elaboradas, como Sakhir bem mostrou. Era de se esperar que a atual campeã fosse justamente alguém com mais dificuldades de pensar fora da caixa, dado que não precisou nos últimos tempos, mas tirou dez por colocar a pressão sobre os taurinos e forçar um erro de cálculo inesperado.

É evidente que a Red Bull não vai ser sempre a equipe a ficar para trás da Mercedes em estratégias, ainda mais após um aparente choque de realidade no Bahrein. Para seu próprio bem, Christian Horner e companhia hão de estar mais espertos em Ímola. Dito isso, fica claro também que uma estratégia bem feita, uma jogada de mestre, tem o potencial de neutralizar o carro da Red Bull, aparentemente mais rápido neste momento. A Mercedes não está tão para trás a ponto de ser indefesa e ter de aceitar o destino de ver Verstappen empilhar vitórias.

Max Verstappen não ficou na frente de Lewis Hamilton por muito tempo
Max Verstappen não ficou na frente de Lewis Hamilton por muito tempo
Foto: Beto Issa / Grande Prêmio

Essa nova dimensão da briga pelo título, a de estratégias interessantes, é fruto de uma mudança pouco comentada na F1 2021. Os pneus são novos, isso após dois anos sem mudanças. Os compostos se desgastam mais e levaram a uma corrida de duas paradas, mas que poderia muito bem ter sido de três. Isso vem a calhar para a Mercedes, que teria menos alternativas se ainda estivéssemos com compostos que duram uma eternidade. Tudo que os campeões não querem agora, em um momento de aparente fragilidade, é uma temporada de corridas óbvias.

Não podemos cair na tentação de achar que todas as corridas vão ser como a do Bahrein daqui pra frente. Quem dá o bote também se sujeita a levar o bote. De qualquer forma, fique de olho: o tão aguardado embate entre Hamilton e Verstappen não será vencido apenas no braço, no embate para ver quem é mais aguerrido em busca de cada centímetro de pista, mas, sim, pelas cabeças pensantes nos boxes de Mercedes e Red Bull.

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