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Retrospectiva 2020: Red Bull sofre com desenvolvimento e deixa Verstappen na mão

A Red Bull ficou com o vice-campeonato do Mundial de Construtores da Fórmula 1 e levou Max Verstappen a outra grande temporada. Mas o bom desempenho do holandês em parte do certame dá a sensação de que a equipe poderia ter ajudado mais o piloto desenvolvendo o RB16

23 dez 2020 - 05h02
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É a primeira pole-position da Red Bull em 2020.
É a primeira pole-position da Red Bull em 2020.
Foto: Red Bull Content Pool / Grande Prêmio

Desde que chegou à primeira vitória na Fórmula 1, em 2009, a Red Bull é presença constante em disputas por campeonatos, tanto que conquistou oito títulos — quatro no Mundial de Pilotos, com Sebastian Vettel, e outros quatro como construtora. Em 2020, beliscou duas vitórias com Max Verstappen, uma pole-position e o vice-campeonato entre as equipes.

Apesar do bom desempenho em um ano dominado pela Mercedes, a Red Bull terminou 2020 com a sensação de que poderia ter feito mais, muito mais com o modelo RB16. Primeiro porque só Verstappen teve algum tipo de destaque ao longo da temporada, com Alex Albon apagado por apresentações ruins e poucos momentos positivos para lembrar — um deles, o pódio no GP da Toscana. Por isso, a equipe contratou Sergio Pérez para o próximo ano, mas talvez não seja o suficiente. É preciso mais do carro para se aproximar de quem domina a categoria.

Com 13 vitórias ao longo do ano, Lewis Hamilton foi quem mais se destacou e controlou o campeonato desde o início. Valtteri Bottas não conseguiu ser constante e, em muitos momentos, foi presa fácil para um veloz Verstappen que, em diversas vezes, mostrou estar no auge da capacidade técnica. Um desses foi no GP dos 70 Anos, quando administrou bem os pneus para vencer, ou quando passou o finlandês da Mercedes em Ímola. Faltou a equipe acompanhar este salto.

A parceria entre Red Bull e Honda chega ao término no fim de 2021 (Foto: Getty Images/Red Bull Content Pool)

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Em mais um ano com os motores Honda, a parceria mostrou-se mais afiada. Poucos problemas atingiram a equipe, ainda que Verstappen tenha abandonado logo na abertura. A sensção, no entanto, foi de que a Red Bull ficou confortável com a situação atual, de ser a segunda força do grid, ainda mais com a queda vertiginosa da Ferrari neste ano.

Apesar dos bons resultados, o clima não foi sempre de paz entre Red Bull e Honda. Helmut Marko, consultor da equipe, demonstrou certa insatisfação com o trabalho dos japoneses ao dizer que foram cautelosos na atualização da unidade de potência, dificultando uma disputa contra a Mercedes. O casamento, inclusive, sofreu um duro golpe com o anúncio da montadora de que vai abandonar a F1 no fim do campeonato de 2021.

"Em configuração de classificação, eles [Mercedes] têm mesmo muita potência. A Honda ainda é muito conservadora com a configuração do motor. Nossa abordagem é diferente nesse sentido. A gente prefere usar um motor a mais na temporada e, assim, conseguir atacar. Quando você recebe a punição na pista certa, o prejuízo não é tão grande", disse o dirigente para a revista Auto Motor und Sport.

O difícil carro da Red Bull deu muita dor de cabeça para engenheiros e pilotos (Foto: Red Bull Content Pool)

Ainda em setembro, o quadro foi descrito como complicado pela própria equipe. Adrian Newey apresentou um projeto inovador e complexo, um bólido difícil de guiar e que só Verstappen conseguiu entender. As mudanças feitas na parte frontal do carro e também na suspensão não ajudaram muito.

A promessa de mais desempenho nas classificações não se confirmou, com apenas uma pole no ano e conquistada na última corrida, embora nas corridas a história fosse diferente, ao menos com Max. O carro pouco sofreu com variações de temperatura, andando bem no calor e no frio, além de ter sido generoso com os pneus. Mudanças no assoalho e na asa dianteira pouco mudaram o cenário na primeira metade da temporada, no entanto.

Christian Horner, chefe da equipe, chegou a citar "algumas anomalias" no carro e que "algo na aerodinâmica não estava se comportando bem". A caçada por problemas e questões difíceis de resolver travaram o avanço da Red Bull na luta contra a Mercedes durante a temporada e estacionaram Max Verstappen como terceiro melhor do grid, sem alcançar a rival alemã.

Red Bull mostrou força ao longo do ano, mas ainda ficou distante da Mercedes (Foto: Red Bull Content Pool)

Por conta da pandemia de Covid-19, o automobilismo parou, os gastos ficaram insustentáveis e as equipes encontraram-se em uma situação difícil. Não apostar no desenvolvimento, por diferentes situações, complicou o rendimento da Red Bull no ano. De promissor, ficou estacionado. Mesmo assim, Verstappen ficou apenas nove pontos atrás de Bottas no Mundial, aumentando a sensação de que poderia ter conquistado ainda mais se o carro ganhasse modificações ao longo do ano.

Para 2021, sem grandes modificações nos carros para manter o controle dos gastos, o cenário na Fórmula 1 parece intocado. Tanto com a Mercedes dominando a situação, quanto com a Red Bull seguindo no seu status de segunda melhor equipe do grid. Mas sem as atualizações necessárias, alcançar a Mercedes se coloca em posição de limbo.

Com Max andando muito bem e um renovado Pérez que chega ao time, talvez os taurinos têm a chance de brigar de vez pelo menos para conquistar o Mundial de Construtores ou, no mínimo, incomodar o poderio da Mercedes. É o que o holandês mais quer para 2021.

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