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Retrospectiva 2022: Red Bull consegue proeza de acabar ano perfeito envolvida em polêmicas

Equipe taurina teve 2022 dominante, com muitos méritos. Acertou mão do RB18 ao longo da temporada e terminou com carro beirando a perfeição, Max Verstappen atingiu o auge de sua pilotagem, conquista dos dois títulos… ainda assim, polêmicas parecem não largar o pé de Christian Horner, Helmut Marko e companhia

12 dez 2022 - 05h17
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Red Bull venceu tudo em 2022, mas não conseguiu se livrar do fantasma da polêmica
Red Bull venceu tudo em 2022, mas não conseguiu se livrar do fantasma da polêmica
Foto: Red Bull Content Pool / Grande Prêmio

Historicamente falando, a conquista da Red Bull no Mundial de Construtores da F1 2022 foi enorme. A equipe taurina venceu quatro campeonatos seguidos, de 2010 a 2013, mas depois passou oito anos acompanhando — de pertinho — a Mercedes levar tudo. O time dos energéticos, enfim, conseguiu colocar uma pedra no período enorme de domínio das Flechas de Prata.

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O tão sonhado título só aconteceu porque a Red Bull acertou em cheio com o RB18, bólido da temporada. O carro taurino terminou o ano de maneira dominante, mas nem sempre foi assim ao longo de 2022. A F1-75 da Ferrari, principal rival, tinha claras vantagens: confiabilidade — vale lembrar que a equipe de Christian Horner teve três abandonos nas três primeiras corridas —, menor peso, melhor gerenciamento dos pneus e ritmo imponente no miolo do circuito. 

O RB18 conseguia contra-atacar com a velocidade em retas, absoluta. Quando foi aos poucos consertando seus problemas de confiabilidade, os taurinos equilibraram o jogo, pois. Foi somente na Hungria que o bólido energético mostrou-se superior. A escuderia italiana cometeu erro crasso de estratégia com os pneus duros, verdade, mas ainda assim Max Verstappen não teve problemas em escalar o pelotão e cruzar a linha de chegada em 1º. O ponto de virada definitivo foi ali. A prova seguinte, em Spa-Francorchamps, só corroborou isso.

Vitória na Hungria foi ponto de virada
Vitória na Hungria foi ponto de virada
Foto: Red Bull Content Pool / Grande Prêmio

A partir daí, a Red Bull nadou de braçada. Verstappen levantou o caneco do bicampeonato ainda no Japão, e terminou o campeonato 146 pontos à frente do vice Charles Leclerc. No Mundial de Construtores, outra vantagem absoluta dos taurinos: 759 tentos contra 554 da Ferrari e 515 da Mercedes.

"Após oito longos anos, o título significa tudo para nós. Tem sido uma jornada e tanto. Passamos pelas temporadas difíceis, tivemos de nos levantar sempre. O trabalho duro, sangue, suor e lágrimas que colocamos nessa missão… significa o mundo para nós", comemorou Horner, logo após a conquista. Tudo lindo para a Red Bull em 2022, então, certo? 

Errado.

Mesmo na temporada em que mais dominou na F1, a Red Bull conseguiu a proeza de terminar o ano envolvida em duas grandes polêmicas — que levaram o grande rival Lewis Hamilton, inclusive, a dizer que o ambiente na equipe taurina "parece um show das Kardashians".

Lewis Hamilton brincou sobre as polêmicas da Red Bull em 2022
Lewis Hamilton brincou sobre as polêmicas da Red Bull em 2022
Foto: Rodrigo Berton/Grande Prêmio / Grande Prêmio

Quando os títulos do Mundial de Pilotos e Construtores estavam quase garantidos, mas não eram certezas, a primeira polêmica estourou. Em Singapura, indícios iniciais reportavam que a Red Bull havia estourado o limite orçamentário de US$ 145 milhões (cerca de R$ 762 milhões, na cotação atual) na temporada de 2021. 

O que inicialmente era suspeita virou realidade. A FIA (Federação Internacional de Automobilismo) confirmou que os taurinos quebraram o teto de gastos em uma margem inferior a 5% e fizeram um acordo com a equipe. Multa de R$ 37 milhões aplicada e redução no tempo disponível para os testes aerodinâmicos de olho na temporada 2023.

A Red Bull se indignou. Christian Horner disse que a punição aplicada pela FIA foi "severa" demais — especialmente a redução de tempo para testes aerodinâmicos. Segundo o chefe taurino, a equipe taurina em nada se beneficiou com a violação do teto orçamentário. Em um discurso talvez até fatalista demais, Horner garantiu que Max Verstappen e Sergio Pérez terão prejuízo de 0s250 a 0s5 por volta em 2023 por conta disso.

Horner convocou entrevista coletiva no México logo após decisão da FIA
Horner convocou entrevista coletiva no México logo após decisão da FIA
Foto: Red Bull Content Pool / Grande Prêmio

Helmut Marko, consultor da equipe dos energéticos, e Toto Wolff, chefe da Mercedes, também fizeram previsões mais definitivas. Fato é: seja mais, seja menos, a Red Bull começará 2023 em desvantagem, indubitavelmente. 

Quando tudo parecia desmoronar ao redor, a Red Bull ainda tinha em Verstappen e Pérez uma dupla de sintonia, entrosada. Era um ponto de esperança, pois: que mesmo com o prejuízo na temporada seguinte, os dois poderiam se ajudar, ajudar a equipe e minimizar os danos. 

Só que até mesmo essa percepção, inesperadamente, caiu por terra. Logo em Interlagos, de todos os lugares. Vamos para a segunda polêmica.

Pérez e Verstappen se desentenderam em Interlagos
Pérez e Verstappen se desentenderam em Interlagos
Foto: Sébastien Bozon/AFP / Grande Prêmio

Na lendária pista paulistana, em meio ao GP de São Paulo, o holandês passou o mexicano para tentar atacar Fernando Alonso, então quinto colocado, mas não conseguiu. Na última volta, o pedido foi no caminho inverso: se não desse para passar, que o bicampeão mundial devolvesse a posição para o companheiro. Verstappen afirmou que não faria isso e que era para a equipe "não perguntar de novo" porque ele "já tinha dado os motivos".

Já seria uma atitude grave, claro. Ficou ainda mais com o cenário apresentado: Verstappen não tinha mais nada a disputar no ano, tampouco a Red Bull, já campeã. O único taurino envolvido em algum tipo de competição, naquele ponto do campeonato, era 'Checo' — travando briga intensa, eventualmente perdida, contra Charles Leclerc pelo vice-campeonato.

Foi o começo de uma verdadeira novela. Ainda no carro, Pérez ironizou. "Obrigado, pessoal. Isso mostra quem ele realmente é". Depois, seguiu atacando o companheiro de equipe. "Acho que, se ele tem dois títulos, agradeça a mim. Depois de tudo que fiz por ele, estou um pouco desapontado", completou 'Checo'.

Verstappen confirmou, depois da corrida, que não cedeu a posição por algo que "aconteceu no passado" — segundo a imprensa holandesa, o bicampeão mundial se vingou do ocorrido em Mônaco, quando Pérez bateu em sua última volta rápida no Q3, negando a Verstappen a chance de conquistar a pole-position. 'Checo' acabou vencendo a corrida no dia seguinte, e admitiu a Christian Horner e Helmut Marko que bateu de propósito no treino classificatório.

Até hoje, nenhuma das partes veio a público confirmar ou desmentir tal versão. 

Fato é: a Red Bull correu para colocar panos quentes na situação. Defender Pérez da injustiça? Nada disso. Fez-se necessário agradar Verstappen. A nota oficial taurina após a prova em Interlagos gerou reações mais acaloradas do público, que apontou o que, de certa maneira, é verdade: o holandês, por conta de seu talento, manda e desmanda no time. 

Verstappen: ‘reizinho’ da Red Bull?
Verstappen: ‘reizinho’ da Red Bull?
Foto: Red Bull Content Pool / Grande Prêmio

"Como um time, cometemos alguns erros no Brasil. Nós não tínhamos previsto a situação que se desenrolou na última volta e não concordamos com uma estratégia para tal cenário antes da corrida. Lamentavelmente, Max (Verstappen) só foi informado do pedido para ceder a posição na última curva, sem que todas as informações necessárias tivessem sido transmitidas a ele. Isso colocou Max, que sempre foi um jogador de equipe aberto e justo, em uma situação comprometedora com pouco tempo para reagir — o que não era nossa intenção", informou tal comunicado — mesmo com evidências de que Verstappen teve, sim, muito mais tempo para ceder a posição a 'Checo'.

"Após a corrida, Max falou aberta e honestamente, permitindo que os dois pilotos resolvessem quaisquer preocupações ou problemas pendentes. A equipe aceita a argumentação de Max. A conversa é um assunto pessoal, que continuará privada entre o time. Nenhum comentário adicional será feito", seguiu a nota.

Resumindo para você, querido leitor e leitora: uma bagunça. Bagunça desnecessária, vale dizer. A Red Bull venceu tudo em 2022, com méritos. Carro absoluto, Verstappen no auge de sua pilotagem… mas a mancha das polêmicas mostrou-se, mais uma vez, maior do que qualquer reconhecimento de conquista.

O que 2023 reserva para os taurinos?
O que 2023 reserva para os taurinos?
Foto: Red Bull Content Pool / Grande Prêmio

Para 2023, duas dúvidas centrais. Será a Red Bull capaz de superar a desvantagem pela quebra do teto de gastos e seguir no pelotão da frente? Assim fazendo, conseguirá Verstappen — ou Pérez, vai que… — vencer o título sem qualquer rastro de polêmica, ao contrário de 2021 e 2022?

Só o tempo vai dizer. Até lá, aguardemos.

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