Reutemann aproveita quebra de Fittipaldi e frustra brasileiros no primeiro GP do Brasil
Carlos Reutemann aproveitou quebra de Emerson Fittipaldi para vencer o primeiro GP do Brasil em 1972 em Interlagos, que ainda não estava incluso no calendário oficial da Fórmula 1
O ano era 1972 e a Fórmula 1 chegava pela primeira vez ao Brasil, em São Paulo, graças aos esforços do ex-piloto e jornalista Antonio Carlos Scavone. A data era extremamente peculiar: uma quinta-feira, dia 30 de março, já que era preciso evitar bater o calendário com uma prova da F2 na Inglaterra. Um atraso por conta de obras em Interlagos acabou impossibilitando a realização da corrida em janeiro, mas isso não impediu que a principal categoria do automobilismo enfim se apresentasse em solo tupiniquim.
É verdade que aquela prova ainda não contava de fato para a temporada da Fórmula 1 de 1972. O primeiro GP do Brasil entrou como uma prova extra no campeonato, servindo como um evento teste para entrar de vez no calendário da F1 no ano seguinte.
Assim, grandes equipes optaram por não participar da primeira corrida em Interlagos, como Ferrari, McLaren e Tyrrell. No total, 12 pilotos se inscreveram para a prova, sendo quatro brasileiros: Emerson Fittipaldi, da Lotus, Wilson Fittipaldi, da Brabham, José Carlos Pace, da Williams, e Luiz Pereira Bueno, da March.
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Na disputa pela pole-position, melhor para o herói local: Emerson Fittipaldi levou a posição de honra no grid com uma volta de 2m32s383, até então a melhor marca da história de Interlagos, que na época tinha um traçado de quase oito quilômetros. A volta de Fittipaldi foi dois segundos mais veloz do que a do segundo colocado, o argentino Carlos Reutemann, da Brabham, que foi seguido pelo sueco Ronnie Peterson, da March. Wilson se classificou em quarto, com Pace em sétimo e Bueno na décima posição.
No dia da corrida, mais uma baixa: o francês Jean-Pierre Beltoise teve problemas mecânicos na sua BRM e sequer conseguiu largar. Assim, apenas onze carros se alinharam no grid para o primeiro GP do Brasil da história.
Às 13h, sob forte calor, foi dada a largada para a corrida em Interlagos. Wilson Fittipaldi assumiu a ponta, com o irmão Emerson na segunda posição, seguido por Reutemann e Peterson. Três carros acabaram abandonando ainda na primeira volta, com a BRM do britânico Peter Gethin e as Williams de Pace e Henri Pescarolo fora da disputa.
Wilson segurou Emerson por apenas três voltas. Assim que assumiu a liderança, o piloto da Lotus disparou, abrindo uma vantagem de mais de 20 segundos para Reutemann. A vitória brasileira em Interlagos parecia garantida, até que, com cinco voltas para o final, Fittipaldi rodou sozinho após uma falha na suspensão traseira e teve que abandonar.
A vitória caiu no colo do argentino, sua primeira na Fórmula 1 (ainda que não contasse pontos para o campeonato). Carlos terminou com mais de um minuto e meio de vantagem para Peterson na segunda posição. Wilson Fittipaldi colocou o Brasil no pódio, seguido pela BRM do austríaco Helmut Marko, atualmente consultor da Red Bull, e da Lotus do australiano Dave Walker. Bueno foi o sexto e último dentre os pilotos que completaram a prova.
"É claro que eu queria vencer. Era a primeira corrida de F1 no Brasil. O mais importante, entretanto, era aprovar Interlagos e garantir a corrida para o futuro. E conseguimos isso", lembrou Emerson em entrevista ao site oficial da Fórmula 1 em São Paulo.
De fato, o evento foi fundamental para garantir à categoria que Interlagos era capaz de receber uma etapa da F1. No ano seguinte, o GP do Brasil foi inserido oficialmente no calendário da principal categoria do automobilismo mundial para só ficar de fora em 2020, por conta da pandemia da Covid-19.
Em 2022, comemoram-se 50 anos do primeiro GP do Brasil. A Fórmula 1 volta a visitar o circuito de Interlagos neste fim de semana, para o GP de São Paulo. O GRANDE PRÊMIO acompanha tudo 'IN LOCO' com equipe cheia.
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