Rio encaminha acordo com a F1 e fica perto de derrotar SP
Negociação chega ao estágio final e apenas detalhes separam a prova brasileira de mudar de sede
O consórcio Rio Motorsports encaminhou nos últimos dias o acordo com a Fórmula 1 para a realização do GP do Brasil por dez edições a partir de 2021. O Estadão apurou que as conversas estão concluídas. A tendência é que o anúncio oficial seja realizado nas próximas semanas e possa, assim, estar confirmado que a prova deixará Interlagos para ser disputada em um autódromo previsto para ser construído em Deodoro. As obras ainda não começaram.
As negociações entre o consórcio e a cúpula da Fórmula 1 se intensificaram nos últimos meses. Reuniões por teleconferência e a troca de versões atualizadas do contrato marcaram as conversas entre as partes. Na semana passada, as duas partes conseguiram chegar a um acordo sobre todo um complexo pacote de contrapartidas, que vai desde os valores da taxa de promoção até a venda de ingressos VIPs e a indicação de patrocinadores.
Para atrair o Liberty Media, grupo dono da Fórmula 1, a candidatura do Rio oferece um pacote de US$ 65 milhões (cerca de R$ 339 milhões) anuais para a categoria. Desse valor, US$ 35 milhões (183 milhões) são para a taxa de promoção, valor cobrado pela F-1 para organizar as provas, e mais US$ 30 milhões (R$ 156 milhões) de receita garantida para a Fórmula 1 pela venda de ingressos VIPs.
Para viabilizar os primeiros anos de pagamento da taxa de promoção, a candidatura carioca conta com a liberação feita ano passado pelo governo estadual de um valor de R$ 302,4 milhões. O valor foi aprovado em novembro pela Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude do Rio de Janeiro e virá de renúncia fiscal a partir de empresas interessadas em repassar até 3% do ICMS para recolhimento para o projeto intitulado "Fórmula 1 Rio de Janeiro de 2021-2030". O repasse ao consórcio será em parcelas anuais até 2022.
Justamente as garantias financeiras maiores pesaram para o Rio despontar no momento como favorito para desbancar São Paulo, sede do GP do Brasil de forma ininterrupta desde 1990. A prova paulistana tem contrato para receber a prova somente até este ano e sinalizou meses atrás com uma proposta de US$ 20 milhões (R$ 104 milhões) pela taxa de promoção para renovar o acordo. Junto com Mônaco, o GP do Brasil é o único do calendário atual da Fórmula 1 que não paga essa taxa aos donos da categoria.
A decisão da Fórmula 1 sobre o destino da prova brasileira não deve demorar porque até julho a entidade pretende montar um rascunho de como será o calendário do próximo ano. Essa versão prévia é necessária porque no próximo mês a entidade vai realizar uma reunião com o Federação Internacional do Automobilismo (FIA) para escolher quais provas vão fazer parte do campeonato em 2021.
O consórcio interessado em construir o autódromo pretende investir R$ 700 milhões para viabilizar a obra em um terreno na zona oeste do Rio, área que pertence ao Exército. O Rio Motorsports promete contar apenas com recursos privados para erguer o empreendimento e além da negociação com a Fórmula 1, já assinou contrato com a MotoGP. A categoria de motociclismo tem acordo realizar provas no Rio a partir de 2022.
Apesar da negociação com a Fórmula 1, a obra ainda não tem data para começar. O consórcio precisa da emissão de licenças e estudos de impactos ambientais para iniciar a construção. Uma audiência pública destinada para essa finalidade foi cancelada em março por causa da pandemia e remarcada meses depois para realização por videoconferência. No entanto, o compromisso acabou desmarcado por decisão da Justiça. O tempo necessário para se construir o autódromo é de aproximadamente 14 meses. A Rio Motorsports foi procurada e disse que não se pronunciaria sobre o assunto.