Stroll é contradição de projeto ambicioso da Aston Martin rumo ao topo da F1
Projeto da Aston Martin é de se tornar potência na Fórmula 1 a médio prazo, mas Lance Stroll não deu indicativos de que está pronto para ser parte de um time de ponta após seis anos na categoria
STROLL REALIZOU SONHO E VIVEU FÓRMULA 1. É HORA DE SAIR DELA
Dono da Aston Martin, o empresário bilionário Lawrence Stroll avisou há alguns anos que tem a intenção de investir o suficiente para tornar a marca britânica uma das potências da Fórmula 1, brigando por vitórias e títulos. Com uma injeção parruda de dinheiro, uma nova fábrica está sendo construída em Silverstone e a equipe almeja um salto de patamar digno dos sonhos, mas segue com uma peça que pode lhe atrapalhar no caminho da glória: Lance Stroll, justamente o filho do mandatário.
Não que Stroll seja um piloto horrível, longe disso. O canadense já deu mostras de talento em algumas oportunidades, como a pole da Turquia ou os pódios na Itália e no anel externo de Sakhir — todos em 2020. No entanto, ainda não deu nenhuma indicação de que tem talento suficiente para liderar um projeto vencedor, e as últimas contratações da Aston Martin provam que a equipe tem percebido isso.
Sebastian Vettel saiu da Ferrari para o time britânico e se tornou uma pessoa completamente diferente, absolutamente mais feliz do que nos tempos de Maranello. Muito mais importante do que a felicidade do alemão, porém, era o plano do time verde de levar um piloto experiente, que ajudasse na evolução da equipe e do próprio Stroll.
Lance Stroll não está pronto para o nível de competitividade que a Aston Martin quer para o futuro (Foto: Aston Martin)
Na segunda temporada do tetracampeão junto à equipe, isso ainda não aconteceu. Lance apresenta dificuldades claras em ritmo de classificação, quase sempre atrás de seu companheiro de equipe, o que o força a largar em posições bastante desconfortáveis no grid. Ainda que suba o nível no dia seguinte, com um ritmo de corrida substancialmente melhor, encara uma tarefa ingrata em escalar o grid com o carro da Aston Martin e muitas vezes se envolve em acidentes desnecessários.
É comum encontrar críticas sobre a presença de Stroll no grid da F1, já que obviamente a única coisa que mantém o piloto na categoria é o fato de seu pai ser dono da equipe. A gestão do canadense poderia ter deixado até mesmo Sergio Pérez, hoje companheiro de Max Verstappen na Red Bull, sem emprego.
O contrato do mexicano com a então Racing Point se encerraria no fim de 2020, e a equipe optou por anunciar justamente a contratação de Vettel. Stroll seria mantido e Pérez, naquele momento, não tinha uma equipe para atuar em 2021. O piloto fez uma corrida espetacular na reta final da temporada em Sakhir, venceu e acabou garantindo uma proposta da Red Bull para o ano seguinte.
Stroll superou Vettel em apenas três classificações de 2022, mesmo com o alemão fora no início da temporada (Foto: Aston Martin)
O que chama atenção é a classificação do Mundial de Pilotos daquele ano: Pérez terminou com 125 pontos na quarta colocação — atrás apenas de Lewis Hamilton, Valtteri Bottas e Max Verstappen —, enquanto Stroll acumulou 75 tentos e foi apenas o 11º.
A recapitulação se faz necessária, pois o ano de 2022 não traz grandes novidades. Stroll segue dependendo quase que exclusivamente do desempenho do carro e raramente alcança posições superiores às que a equipe almeja. Além disso, apresenta uma estagnação alarmante para quem está em seu sexto ano de Fórmula 1 e é tratado como futuro da equipe.
Com apenas 4 pontos somados — cortesia de quatro décimos lugares —, Stroll já vê Vettel, claramente desanimado com a F1 e com aposentadoria marcada para o fim do ano, alcançar 16 tentos com duas corridas a menos. O tetracampeão ficou afastado das etapas de Bahrein e Arábia Saudita por ter sido contaminado pela Covid-19, e quando voltou, nem precisou de um ritmo forte para deixar o companheiro de equipe facilmente para trás.
Stroll superou o alemão em apenas três classificações das 11 corridas que ambos disputaram juntos: em Miami, Áustria e Hungria. Foi eliminado ainda no Q1 incríveis nove vezes, enquanto Vettel constantemente entra no Q2 e já marcou presença em alguns Q3 da temporada — Lance foi ao Q2 quatro vezes e só em uma oportunidade seguiu ao Q3, na corrida disputada na Flórida.
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Outras comparações só deixam o cenário pior para o piloto canadense: até o estreante Guanyu Zhou, que tem um conjunto superior na Alfa Romeo, mas sofre pela falta de experiência, tem 1 ponto a mais. Alexander Albon, titular da Williams — certamente o pior carro do grid —, tem apenas 1 tento a menos e já conseguiu ser nono em Miami, por exemplo.
O fato é que Lawrence Stroll precisa se decidir: se o plano é transformar a Aston Martin em uma equipe vencedora e digna de levantar a taça da Fórmula 1, seu filho Lance não deveria fazer parte do projeto. É uma verdade dura, mas pouco foi mostrado em seis anos de F1 para justificar sua presença em um time de ponta. Fernando Alonso desembarca em Silverstone em 2023, em mais um episódio dos veteranos que chegam para ajudar equipe e piloto.
O único companheiro de equipe que Stroll conseguiu superar desde que chegou à Fórmula 1 foi o russo Sergey Sirotkin, que não passou de uma temporada na categoria e conquistou exatamente um ponto. No ano que vem, a Aston Martin tenta mais uma vez dar o 'pulo do gato' tão sonhado, mas que nunca se concretiza. Com Lance no volante, a direção é cada vez mais perigosa.
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