Tsunoda desperdiça cartas na manga e repete 2021 com erros e descontrole
Piloto da AlphaTauri não aproveitou cartas na manga — sim, elas existiam — para dar um salto na temporada de 2022 da Fórmula 1. Pelo contrário: permaneceu mais do mesmo. E isso inclui poucos momentos positivos e muitas falhas pessoais
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O mundo da Fórmula 1 tem uma característica louvável com relação aos outros esportes: a paciência com os novatos. E isso, teve de sobra com Yuki Tsunoda em 2021. Não que o piloto japonês não merecesse receber tamanha benevolência, longe disso. Mas seu ano de estreia na principal categoria de automobilismo foi ruim. Direto e reto.
Tsunoda não estava pronto para dar o salto — notadamente cru, passou muito rapidamente pela base e chegou ainda em construção à Fórmula 1. Mas deu o salto, ainda assim. E qualquer que fosse o resultado na temporada, era necessária a anteriormente citada paciência. Natural, há de se respeitar o processo de desenvolvimento.
Mas haja, viu? Tsunoda foi um piloto muito errático em 2021. Descontrolado, na pista e no rádio, também. Pegou um carro bom da AlphaTauri e um companheiro de equipe voando — faltam elogios à temporada passada de Pierre Gasly. Mas só foi melhorar na segunda metade do ano, pouco a pouco, e acabou coroado com um excelente 4º lugar em Abu Dhabi.
Yuki Tsunoda terminou a temporada de 2021 em alta (Foto: AlphaTauri)
O cenário estava armado, então, para sentarmos e aguardarmos a temporada de 2022 do piloto de 22 anos. As expectativas eram as melhores possíveis, afinal, além da experiência adquirida, Tsunoda tinha outras cartas na manga para ir bem.
A primeira delas foi vista em Barcelona, nos testes de pré-temporada: Tsunoda impressionou a AlphaTauri com seu ritmo. "Ele foi rápido, sem erros, nada. O feedback foi muito bom também no quesito técnico", reconheceu Franz Tost, chefe da equipe de Faenza.
Franz Tost comanda a AlphaTauri, de Pierre Gasly e Yuki Tsunoda (Foto: Peter Fox/Getty Images/Red Bull Content Pool)
A segunda: como todo mundo sabe, a F1 passa, em 2022, pelo início de uma nova era técnica — com a utilização de pneus maiores, aro 18, cinco polegadas a mais que nos anos anteriores. Tsunoda, veja você, usou tais compostos durante sua participação na Fórmula 2 - a categoria de base determinou a utilização dos pneus 18″ a partir de 2020. "Tenho um pouco de experiência com o pneu aro 18, andei com ele dois anos trás. Posso usar isso para ajudar o time", prometeu.
Terceira carta na manga: autocrítica. Tsunoda tomou uma dura de Tost e reconheceu: não levou a preparação física a sério em seu primeiro ano na Fórmula 1. Mas, novamente, a perspectiva era de mudança. "Yuki melhorou muito durante a última temporada. Ele treinou muito durante as férias. Então, no quesito físico, ele está em um nível muito mais alto do que no ano passado", jurou o chefe da AlphaTauri.
Agora, a primeira metade do ano da Fórmula 1 acabou. Dá para dizer: Tsunoda não aproveitou nenhum desses aspectos, segue errando e segue dando dores de cabeça ao grupo Red Bull.
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13 corridas e 11 pontos. 3 provas no top-10. O carro da AlphaTauri não é o mesmo de 2021, muito pelo contrário, e nem Pierre Gasly parece conseguir tirar qualquer coisa dele. Mas a questão aqui, para Tsunoda, vai muito além do desempenho bruto. Os problemas do ano passado persistem, não houve aprendizado.
Erros? Sim, temos. Como o do GP do Canadá, em que forçou demais o carro ao sair do pit-lane e bateu sozinho na barreira de proteção, de maneira até que bizarra. No GP da Inglaterra, o pior deles: inexplicavelmente tentou uma difícil ultrapassagem em cima do próprio companheiro de equipe, na curva 3 do circuito de Silverstone, e tirou a AlphaTauri da disputa. Detalhe: colisão em uma batalha pelo 7º lugar, com ambos na zona de pontuação.
Descontrole no rádio? Temos também — ao ponto da Red Bull já olhar para o japonês como "filho problemático" e contratar acompanhamento psicológico para melhorar o preparo de seu piloto.
Yuki Tsunoda: 'fora da casinha'? (Foto: AlphaTauri)
O resultado desta conjuntura não poderia ser outro: pressão. Franz Tost afirmou recentemente que ainda falta "paciência e disciplina" ao seu comandado. Disse também que o jovem piloto segue em processo de desenvolvimento na F1. Mas a questão que fica é: até quando essa paciência vai durar?
"Só depende dele. Se ele mostrar um bom desempenho, ele fica; se ele não mostrar um bom desempenho, vai sair. É muito simples", disparou Tost. Talento, existe. Resta saber se Tsunoda consegue deixar gritos, xingamentos e erros para trás e focar em somente extrair o máximo que pode de si.
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