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Zandvoort invoca Hungria e põe Red Bull, Ferrari e Mercedes na roda. Tática é crucial

Tal como em Hungaroring, o curto e manhoso circuito de Zandvoort soube como colocar as três grandes equipes do grid em igualdade. Milésimos de segundo separaram o excelente Max Verstappen (Red Bull) dos carros da Ferrari, enquanto a Mercedes tenta correr por fora com o seu caprichoso W13. E diante de um inesperado equilíbrio, a estratégia terá um papel decisivo no GP da Holanda

3 set 2022 - 17h15
(atualizado às 17h51)
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Max Verstappen festeja pole diante de sua torcida laranja
Max Verstappen festeja pole diante de sua torcida laranja
Foto: Andrej Isakovic/AFP / Grande Prêmio

Há uma semana, quase ninguém no paddock da Fórmula 1 tinha dúvidas de que, mesmo largando da metade final do grid, Max Verstappen tinha todas as chances de vencer o GP da Bélgica, como acabou acontecendo. Em Spa, o holandês e a Red Bull assombraram os rivais com uma performance acachapante - quer dizer, Max seria pole com uma diferença de quase 0s7 para o segundo colocado. Em nenhum momento da temporada, houve tal discrepância. Agora corta para sete dias depois: o mesmo Verstappen garante a posição de honra do grid com apenas 0s021 de vantagem para Charles Leclerc e a Ferrari. Na verdade, 0s092 separaram o dono do #1 dos dois carros italianos. Mas o que foi que houve? Há muitas razões, mas o que fica é um certo alívio de quem tenta concorrer com os taurinos. Isso porque parece que a F1 voltou à Hungria, em um fim de semana que viu uma disputa aberta entre as três ponteiras do campeonato 2022.

Portanto, um dos motivos para esse cenário é, sem dúvida, a própria pista holandesa. O manhoso circuito à beira mar não é exatamente o melhor lugar para o RB18, que gosta de velocidade e pouca carga aerodinâmica. O traçado da Holanda pede boa aderência mecânica e vai exigir mais dos pneus. Daí as dificuldades enfrentadas pelos energéticos na sexta-feira. Para a classificação deste sábado, os engenheiros precisaram recorrer às simulações na fábrica para acertar o carro do touro.

Chefão da Red Bull, Christian Horner falou sobre o trabalho de Max neste sentido. "Ele teve um dia difícil ontem e esteve em desvantagem, mas ficou com a equipe analisando números até tarde da noite, no simulador. É tudo sobre trabalho em equipe. Ficamos em desvantagem após o TL1 de ontem e fomos não competitivos no TL2. Recuperar e conseguir a pole hoje é muito mais do que a gente esperava", revelou.

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E como em Hungaroring, os taurinos imaginavam uma Ferrari forte - como realmente acontece desde os treinos livres. "Não dá para falar em domínio com uma diferença de 0s021, mas em termos de campeonato, me parece saudável. É uma pena que 'Checo' [Sergio Pérez] não conseguiu terminar sua volta, porque dava para ficar na segunda fila. Se você olhar para as hipóteses… Leclerc está um tanto mais rápido. Talvez tenha errado em sua última volta, mas Max arrebentou. Esta foi a diferença hoje. Estávamos esperando vê-los [Ferrari] fortes, em um circuito parecido com Budapeste. Serão competitivos na corrida de amanhã, porque não sofrem com desgaste dos pneus, e isso será um fator. Também não têm nada a perder", explicou o dirigente.

Outra razão é que os pneus vão verdadeiramente desempenhar um papel crucial neste domingo. Por duas situações: a primeira se dá também pela pista, que é muito agressiva e demanda dos compostos por conta das diferentes curvas. O segundo ponto está no calor: a previsão aponta para temperaturas mais altas, o que deve também provocar maior degradação. A princípio, a corrida de 72 voltas terá uma tática padrão de duas paradas nos boxes. E segundo a Pirelli, a estratégia mais inteligente seria a de largar com pneus macios e depois percorrer dois stints com médios. Há também a chance de partir com os médios e lançar mão nos pneus duros - aqui depende muitíssimo dos termômetros.

A fornecedora não descarta ainda um único pit-stop, especialmente considerando o tempo que se perde no pit-lane. Embora seja o mais curto do campeonato, também é o mais lento, na medida que o limite é de 60 km/h na área dos boxes.

Por isso, a Red Bull traçou um plano e tem um trunfo. Verstappen avançou ao Q3 fazendo uso de pneus utilizados na fase intermediária. Ou seja, o holandês reservou um jogo novo de compostos macios para a corrida - esse também é o tamanho da recuperação feita pelos taurinos entre a sexta e o sábado, o que coloca ainda mais brilho na volta precisa que deu para conquistar a pole-position.

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Charles Leclerc está confiante para o domingo em Zandvoort (Foto: AFP)

"O que me impressionou nesta classificação foi que a volta de Max foi com pneus usados no Q2. Isso salvou, para ele, um jogo fresco de compostos para amanhã. Charles deu o tom com a primeira volta no Q3 e colocou pressão para melhorar. Mas ele [Verstappen] conseguiu e tirou tudo no setor 2. Uma margem muito pequena, mas ótima", analisou o chefe da equipe dos energéticos.

De fato, o atual campeão venceu o monegasco com um desempenho cirúrgico no setor intermediário em Zandvoort - a Ferrari se mostrou mais forte no primeiro e no terceiro trechos. De toda a forma, Leclerc (2º) e Carlos Sainz (3º) foram capazes de retomar o ritmo forte de classificação e devem reproduzir também uma performance consistente em corrida.

De novo, a escuderia se vê em uma posição de vantagem em relação aos rivais. O traçado holandês se adapta melhor à F1-75, que também gosta de calor e trata bem os pneus nessas condições. O acerto com uma maior carga aerodinâmica casa bem com o carro vermelho, mas é necessário que tudo seja perfeito. "Podemos ficar razoavelmente felizes com a maneira como a classificação caminhou, mas há ainda um elemento de decepção. Estamos contentes de voltar a brigar pela pole-position numa batalha que foi até as menores frações de segundo com nossos dois carros, mas claro que quando você chega tão perto, gostaria de ter conquistado", afirmou o diretor-esportivo da Ferrari, Laurent Mekies.

"Sabemos que, até agora, Verstappen teve ritmo de corrida muito forte. Amanhã temos de tentar colocá-lo sob pressão e dificultar a vida", completou.

É verdade que o ritmo de corrida da Red Bull é muito sólido e semelhante ao da Ferrari, porém os italianos têm opções para tentar pegar os taurinos. Novamente, são dois contra um, e a Pirelli deixou claro que há escolhas variadas para a corrida. A questão aqui é: os estrategistas de Maranello vão acertar a mão?

Isso porque, além das duas ponteiras, há ainda em Zandvoort um terceiro elemento. Tal como na Hungria, a Mercedes causou espanto. Não tanto quanto a pole de George Russell em Budapeste, mas pela performance apresentada desde os treinos livres. Inclusive, Lewis Hamilton poderia ter entrado na briga pela primeira fila não fosse a bandeira amarela causada por Sergio Pérez nos instantes finais da decisão das posições de largada. O inglês parte da quarta colocação, dois lugares à frente do colega de time.

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Lewis Hamilton parte da quarta posição do grid (Foto: AFP)

"Genuinamente me sinto bem. Estou muito feliz que o carro, finalmente, pareceu vivo neste fim de semana. Passar pelo Q1, pelo Q2, ficar só um pouco atrás da Red Bull… O sentimento é ótimo. [Desempenho] realmente me deu muita esperança de que poderíamos brigar pela primeira fila, mas a bandeira amarela no fim foi ruim para nós. Acontece, faz parte do automobilismo", pontuou o heptacampeão.

As palavras de Hamilton mostram alívio porque a Mercedes esteve perdida na Bélgica com um carro lento e desequilibrado. Agora, o W13 parece realmente outro. Parte da explicação tem a ver com a capacidade de gerar mais downforce, bem como com os níveis de aderência. O acerto geral é muito semelhante ao de Hungaroring. E uma prova de que os alemães podem surgir como oponentes perigosos é o ritmo de corrida, muito parecida ao da Red Bull. "Não vejo razão para não lutarmos por um pódio. Espero que eles [Ferrari] coloquem todo o foco em Max. Temos um carro mais rápido que Ferrari e Checo [Pérez], então, temos de confirmar isso. Espero que esteja muito quente por aqui, para que haja um número maior de paradas e, assim, ganharemos uma oportunidade", disse Russell.

Não é segredo que a Mercedes também aprecia o calor, por isso a esperança de capitalizar mais no dia em que costuma render mais também, uma vez que os prateados são melhores de corrida do que classificação.

Portanto, todos esses elementos convergem para a estratégia e o cuidado com os pneus. Será crucial, porque, na única diferença para a Hungria, Zandvoort não tem grandes espaços para ultrapassagens.

GRANDE PRÊMIO acompanha AO VIVO e EM TEMPO REAL todas as atividades do GP da Holanda de Fórmula 1. No domingo, a largada está marcada para as 10h (de Brasília, GMT-3).

Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.

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