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Guia FE 2021/22: Di Grassi elogia Mortara e vê "missão dupla" na Venturi em 2022

Em sua primeira temporada pela Venturi, Lucas Di Grassi terá a companhia do atual vice-campeão da Fórmula E, Edoardo Mortara, e destacou divisão de foco da equipe em 2022 e 2023, com a construção dos carros Gen3

26 jan 2022 - 04h17
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Lucas di Grassi terá um novo desafio na Fórmula E em 2022, após deixar a Audi rumo à Venturi
Lucas di Grassi terá um novo desafio na Fórmula E em 2022, após deixar a Audi rumo à Venturi
Foto: Fórmula E / Grande Prêmio

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Campeão da Fórmula E na temporada 2016/2017, o brasileiro Lucas Di Grassi se tornou um dos maiores nomes da história da categoria ao acumular recordes — detém o maior número de pódios (35) e ainda acumulou três vezes o recorde de sete corridas seguidas entre os três primeiros — e alcançar outros dois vice-campeonatos. E na temporada 2021/2022 da categoria de monopostos elétricos, que se inicia em 28 de janeiro com o ePrix de Diriyah, um desafio novo se apresenta: pela primeira vez, Di Grassi não será piloto da Audi — em 2022, corre pela Venturi.

A montadora alemã já havia avisado que deixaria o campeonato, o que deixou Di Grassi em posição de aguardar por alguma oferta. E ela veio da equipe de Mônaco, que alcançou o vice-campeonato mundial de Pilotos de 2020/2021 com o suíço Edoardo Mortara — que permanece na equipe e será companheiro de Di Grassi em 2022.

"Quando você é o novo membro de uma equipe, seja no automobilismo, seja em qualquer atividade, a primeira coisa é aprender o método de trabalho de seu novo grupo", disse Di Grassi. "Pode parecer que o trabalho de um piloto é só chegar lá e acelerar, mas é bem longe disso. Então minha primeira meta é me integrar completamente ao time", começou Lucas, antes de tecer elogios ao futuro parceiro na Venturi.

Lucas Di Grassi celebra vitória no ePrix de Berlim 2021, cena que espera repetir na Fórmula E pela Venturi (Foto: Audi Sport)

"Certamente [Mortara] vai ser competitivo. Ninguém ganha o apelido de "Mister Macau" à toa. Macau é a pista mais difícil do mundo na visão de muita gente, e isso diz muito sobre o 'Edo'", elogiou Lucas ao lembrar das duas vitórias do suíço no GP de Macau, em 2009 e 2010. "Então, eu tenho um companheiro bem forte, o que é exatamente o mundo ideal, porque isso me força a trabalhar e focar cada vez mais na competição. Nós fomos companheiros de Audi por alguns anos, cada um na sua categoria, já nos conhecemos e sei que vamos formar uma dupla muito forte. Acho que vamos nos ajudar muito ao longo do ano", completou.

A sessão de classificação da Fórmula E também vai mudar para a temporada 2021/2022, com a introdução de um sistema que envolve uma fase de grupos e classifica os pilotos com os melhores tempos para um mata-mata, em disputas de um contra um. Na opinião do brasileiro, o novo formato traz mais equilíbrio à disputa de posições para o grid de largada.

"O início da sessão terá os pilotos divididos em dois grupos, mas a parte final verá os quatro melhores de cada grupo disputando duelos, um contra um", explicou. "Eu acho que vai ser mais justo, pois o formato anterior penalizava demais quem estava à frente na pontuação, que acabava tendo que fazer suas voltas com a pista menos emborrachada. Testamos esse formato em Valência [na pré-temporada] e parece que vai funcionar. No entanto, só com a temporada em andamento nós veremos se serão necessários ajustes", ressaltou.

Edoardo Mortara fez bela campanha na Fórmula E em 2021 e ficou atrás apenas do campeão, Nyck De Vries (Foto: FIA Fórmula E)

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O novo sistema de classificação não será a única mudança que os pilotos vão encarar de um ano para o outro. A partir desta temporada — a oitava na história da Fórmula E — os participantes passarão a ter 220kW de potência disponível nas corridas, um aumento de 10% em relação aos 200kW que eram permitidos até o ano passado.

E na opinião do piloto brasileiro, a nova regra também traz impactos para a pilotagem dos competidores, que precisarão se ajustar a uma quantidade maior de potência disponível em seus carros — em uma categoria na qual o gerenciamento da bateria é primordial para um bom resultado.

"Pode parecer pouco, mas em um nível de corrida isso muda muita coisa. Essa alteração terá um impacto no consumo dos pneus, especialmente os traseiros; na temperatura da bateria, que é algo que pode ser crítico, e também no consumo de energia - nós já vimos muita gente ficar sem energia ao longo destes anos de Fórmula E", destacou. "Nós estudamos os possíveis cenários e testamos nossas soluções na prática durante os testes coletivos de Valência. Coletamos muitos novos dados e tivemos várias confirmações de que estamos no caminho certo. Estamos confiantes sob o aspecto técnico este ano", animou-se.

A Audi se despediu da Fórmula E em Berlim, e Di Grassi precisou encontrar outra equipe para 2022 (Foto: Audi)

Após as duas mudanças já implementadas para a temporada deste ano, no formato de classificação e na potência dos carros, uma terceira — e consideravelmente maior — está programada para 2023. A Fórmula E vai passar a utilizar os carros de terceira geração, que prometem ser ainda mais leves e sustentáveis que os atuais.

Não apenas isso, mas os novos carros também terão um tempo de recarga menor, o eixo traseiro do monoposto não terá mais freios hidráulicos e o motor elétrico será capaz de suprir até 350kW de potência. Até os pneus serão diferentes, com a fornecedora Hankook prometendo compostos mais sustentáveis.

"Todas as equipes terão a missão dupla de, ao mesmo tempo em que competem com o atual carro, desenvolver o que for possível para ser usado no ano que vem", considerou. "Na Venturi, nós teremos duas operações em paralelo, uma liderada pelo Jérôme [D'Ambrosio, chefe da equipe], com o carro usado em 2022, e outra dirigida pela Susie [Wolff, CEO], com foco na Fórmula E do ano que vem. Os pilotos têm que dar atenção aos dois projetos. Sinceramente, para mim isso é diversão pura, porque todo mundo sabe que gosto de tecnologia e desenvolvimento. Então, estou bem feliz com isso", ressaltou.

Susie Wolff é CEO da Venturi e já trabalha no carro Gen3 de 2023 (Foto: Venturi)

Por fim, Di Grassi abordou a expectativa para o início da próxima temporada, com o ePrix de Diriyah, na Arábia Saudita, agendado para o dia 28 de janeiro — com a primeira corrida de uma jornada dupla, algo que o piloto fez questão de destacar. Será a primeira experiência do brasileiro com a Venturi em uma corrida oficial.

"Por ter uma etapa no sábado e outra no domingo, é um fim de semana bastante importante e, se conseguirmos nos sair bem, nos dará a tranquilidade de que acertamos o caminho inicial", destacou Di Grassi. "Para mim em especial, por ser uma novidade na equipe, é um momento importante. Vai ser a primeira vez trabalhando pra valer com os engenheiros e mecânicos da Venturi", explicou.

"A gente ainda não tem essa experiência como grupo e começar bem pode nos dar uma dose extra de confiança mútua. Eu os respeito muito e sei que eles me respeitam também", continuou. "Sentimos isso no trabalho diário na oficina e também lá na pista de Valência, nos testes oficiais. Na soma de tudo e ponderando cada detalhe, sei que estamos prontos. Eu acredito que será um bom ano", encerrou.

A oitava temporada da Fórmula E começa com a rodada dupla do ePrix de Diriyah, na Arábia Saudita, em 28 e 29 de janeiro. A categoria terá transmissão exclusiva na TV aberta por parte da Cultura, e na grade de televisão fechada será responsabilidade dos canais SporTV.

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