Guia Fórmula E 2023: Di Grassi chega para temporada de construção na Mahindra
Lucas Di Grassi chega para a nona temporada da Fórmula E, a primeira da Gen3, de casa nova e como o piloto mais experiente da história da categoria. A esperança do brasileiro é que a parceria da Mahindra com a ABT consiga o colocar novamente na briga pelo título
Lucas Di Grassi é a principal esperança de título, ainda que distante, do Brasil na Fórmula E. O campeão da categoria em 2016-17 chega para a temporada de 2022-23, a nona da FE e a primeira da Gen3, terceira geração de monopostos, como o piloto mais experiente do grid. Em 2022, Di Grassi bateu três marcas históricas: maior número de vitórias da categoria, primeiro piloto a alcançar 100 corridas e primeiro a bater a marca de 1.000 pontos.
Mas os últimos três anos não foram dos mais fáceis para Lucas. Ainda que o veterano de 38 anos não tenha terminado nenhuma das últimas três temporadas abaixo do sétimo lugar, Di Grassi não conseguiu de fato brigar por títulos. A mudança para a Venturi em 2021 após sete anos com a Abt era promissora, mas um começo devagar de temporada, com resultados ruins no México, Roma e Berlim, acabaram tirando o brasileiro da briga.
Di Grassi fechou a oitava temporada na FE em alta com pódios em Nova Iorque e Seul e uma vitória em Londres, terminando o campeonato na quinta posição. Contudo, 2021-22 marcou a primeira temporada em que Lucas terminou atrás de seu companheiro de equipe, o suíço Edoardo Mortara, que foi o terceiro colocado com quatro vitórias no total.
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Para 2023, Lucas decidiu mudar novamente de equipe e será piloto da Mahindra ao lado do britânico Oliver Rowland. O brasileiro vai voltar a ter contato com a Abt, que retorna ao grid e terá a montadora indiana como fornecedora de seu trem de força. Se a parceria técnica de quatro carros pode ser um trunfo, o desempenho ruim recente do time pode colocar o campeão de 2016-17 brigando na parte de trás do grid pela primeira vez na carreira.
Nas últimas três temporadas, a Mahindra não conseguiu terminar acima da oitava colocação e o terceiro lugar em 2016-17 já parece distante. A aposta de Di Grassi de deixar a Venturi, que deixou o grid e foi substituída pela Maserati, parece ousada, mas o brasileiro sabe que vencer campeonatos é um objetivo a longo prazo.
"Com a introdução dos carros Gen3 na nona temporada da Fórmula E, todos estão começando do zero. Ter sete anos de relação com a Abt, no qual vencemos o campeonato mundial juntos, vai nos dar um bom ponto de partida — a equipe vai usar o trem de força da Mahindra, e esses dados adicionais somados à minha proximidade com os engenheiros vai nos colocar em uma boa situação", salientou Lucas ao ser anunciado pela Mahindra.
"O objetivo a curto prazo é vencer corridas, e a longo prazo é ajudar a Mahindra a vencer o campeonato mundial, se tornando um ícone no automobilismo elétrico mundialmente", avaliou o brasileiro. "Vamos construir um futuro animador e sustentável juntos", finalizou.
A primeira mudança de geração da Fórmula E na temporada 2018-19 não ajudou a Mahindra, que caiu da quarta colocação para a sexta posição. A ordem de forças naquele ano inclusive foi praticamente a mesma, com a Techeetah e a Audi de Di Grassi se mantendo como os times a serem batidos. Logo, o cenário para 2023 não é encorajador na busca pelo bicampeonato.
O grande trunfo da Mahindra pode ser a chegada de Frédéric Bertrand como novo diretor-executivo da equipe. Ex-diretor da Fórmula E e de projetos esportivos inovadores na Federação Internacional de Automobilismo (FIA), a chegada do francês gerou polêmica, já que Bertrand era parte fundamental na elaboração do conjunto de regras do campeonato e possuía acesso direto aos avanços tecnológicos da categoria. O ex-diretor, que ocupava um alto cargo na modalidade desde 2014, chegou a participar do processo de confecção do carro Gen3, ao lado da chefe do projeto Alessandra Ciliberti.
A parceria com Rowland será fundamental para alavancar a equipe indiana. O britânico vem de duas temporadas sólidas na Fórmula E terminando na frente de seus companheiros. Oliver chegou a ser terceiro colocado da Fórmula 2 em 2017 e foi piloto de desenvolvimento da Renault e da Williams. Com quatro temporadas na FE, a dupla com Lucas só não tem mais tempo na categoria de monopostos elétricos do que Mitch Evans/Sam Bird na Envision.
Elevar o nível da Mahindra deve ser o primeiro objetivo de Di Grassi. Mas seu tempo de casa na Fórmula E junto com a chegada de Bertrand colocam o time como uma das possíveis surpresas da temporada de 2023. A expectativa inicial do brasileiro não é de brigar pelo bicampeonato, mas um ano com vitórias e pódios já seria extremamente promissor para o futuro.
A temporada de 2023 da Fórmula E se inicia neste fim de semana, com o eP da Cidade do México no domingo (14), com cobertura completa do GRANDE PRÊMIO.
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