Honda anuncia nova estrutura e avalia entrar no FIA WEC
Anúncio de que a unidade dos EUA fará parte oficialmente da estrutura de competições aumenta a possibilidade da marca entrar no FIA WEC
Poderia ser algo comum, mas, em se tratando de mundo corporativo, é possível. Ainda mais se tratando de Honda. Nesta quinta (21), a divisão estadunidense de competições da Honda, a Honda Performance Development (HPD), anunciou que fará formalmente parte da Honda Racing Corporation (HRC), holding que congrega toda a parte de esporte a motor da montadora japonesa.
Mas como uma divisão da Honda agora faz parte da Honda? É louco, mas se explica: Para entrar na IndyCar, os japoneses criaram no início dos anos 90 uma célula específica para desenvolver um motor para a categoria. Aos poucos, foi ampliando seu ramo de atuação, incluindo IndyCar, IMSA, Baja Off-Road, Touring Cars e Fórmula Regional América.
Após a IndyCar, o IMSA é o principal programa da HPD. Com o apoio da ORECA, desenvolveu o Acura ARX-06, protótipo que se enquadra na categoria LMDh. Hoje, dois protótipos são operados pela Meyer Shank e pela Wayne Taylor.
Por conta da convergência técnica do FIA/ACO (FIA WEC) e IMSA, o Acura ARX-06 poderia participar das 24 Horas de Le Mans e do FIA WEC. Entretanto, a divisão americana sempre deixou claro que esta era uma decisão que dependeria da Honda global. Até houve a expectativa de uma inscrição na prova francesa este ano, mas a questão da aprovação da Matriz apareceu mais uma vez.
Com o anúncio de hoje, as coisas ganham outro rumo e musculatura. A HPD passa também a fazer parte do esforço coordenado japonês para a volta da montadora à F1 e volta a abrir a possibilidade de participar do FIA WEC, onde se enfrentaria com a sua rival local Toyota.
De acordo com David Salters, Presidente da HPD, a participação da marca no FIA WEC estaria em “avaliações sérias”, já que o dirigente disse que a mudança organizacional poderia agora permitir tal programa, embora a decisão ainda não tenha sido tomada.
“Temos agora a missão de competir num cenário global e todos nos unirmos”, disse Salters aos repórteres. “Obviamente, temos que avaliar o que faz sentido comercial e competitivo”.
“Se vamos correr, precisamos ser capazes de competir. Esta nova mudança de organização certamente permite que isso seja mais possível, com certeza. E então precisamos ter certeza de que isso faz sentido para nossas marcas. Podemos ir e competir? É bastante interessante, eu acho”, explicou.
Programa no WEC além de 2024
Sendo assim, Salters explicou durante a coletiva de imprensa, que uma possível entrada no WEC não ocorrerá em 2024, e que não tem um programa definido agora.
“Acho que sempre fomos muito claros”, disse ele. “Precisamos olhar para o WEC. Na minha humilde opinião, temos um ARX-06 incrível, que tem sido o trabalho da nossa equipe. A ORECA e as nossas equipes de corrida fizeram um trabalho impressionante”, salientou.
“Estamos apaixonados pelo nosso ARX-06. Nós amamos isso. Claro que é elegível para ir ao WEC. Mas sempre dissemos que precisamos avaliar o que faz sentido. É preciso fazer sentido para os negócios, para o marketing, para a marca e, o que é mais importante para mim, para a competitividade. Precisamos ser capazes de competir. Não corremos para não competir. Avaliamos constantemente essas coisas”.
Uma porta que se abre no FIA WEC seria a participação da Wayne Taylor Racing, que terá dois Acuras no IMSA WeatherTech SportsCar Championship a partir do próximo ano. Quem teria interesse neste movimento seria Michael Andretti, que se tornou sócio do time este ano e cada vez mais se expande no automobilismo internacional.