Mais curto, leve e veloz: a evolução do carro da Fórmula E
Indo para a Temporada 9, a Fórmula E cumpre o seu papel de laboratório de soluções e vai tornando a mobilidade elétrica mais veloz
Nesta semana, a Fórmula E começa os serviços da Temporada 9 na Cidade do México. A categoria, que veio para promover a evolução da mobilidade elétrica, traz uma série de novidades para dar mais um passo a frente.
Para a Temporada 9, a categoria traz um carro mais leve, potente e rápido, além de um novo fornecedor de pneus (sai a Michelin, entra a Hankook). Segundo Lucas Di Grassi, a dinâmica deve mudar inteiramente, pois os carros são mais descobertos, ágeis e com um pneu com menos aderência.
O interessante, para quem gosta da parte técnica, é a evolução que o carro teve ao longo do tempo. Desde o início, todas as equipes usam o mesmo chassi, que sempre desenvolvido e fabricado pela Spark (que tem entre seus sócios Frederic Vasseur, atual chefe de equipe da Ferrari).
Gen1: O começo de tudo
O Gen1 foi utilizado de 2014 até 2017. Foi o grande desbravador da categoria. Inicialmente, gerava cerca de 150kw(cerca de 200cv) e tinha uma capacidade de regeneração de energia de 100kw vindo dos freios. Na primeira temporada, tudo era padrão, incluindo as baterias desenvolvidas pela Williams.
Como a capacidade de uso e recarga não davam para uma corrida inteira, gerava uma das situações mais interessantes aos olhos do público: uma parada obrigatória nos boxes para troca de carro.
Na segunda temporada, houve a liberação de que os times poderiam produzir seus próprios trens de força e suspensões traseiras, além de aumento da potencia para 170kw (227cv). Esta mudança também trouxe o uso de câmbios para os carros.
Pode parecer estranho um carro elétrico ter câmbio. Entretanto, por uma questão de poder controlar a potência, já que ela vem toda de uma única vez, foram introduzidas marchas, incluindo a ré...
Em 2017, o carro recebeu uma plástica de meia vida: o spoiler dianteiro ganhou mais uma ala, além de um reforço maior para aguentar os impactos das corridas. Também houve uma atualização das baterias, que aumentou a capacidade de regeneração em 50%. Para a temporada seguinte, mais potência foi liberada para corrida, chegando a 180kW (cerca de 240cv)
A Fórmula E terminava a sua primeira fase com um carro que, em termos de potência, ficava atrás de um F3. Porém, mostrava que poderia chegar a 250 km/h.
Gen2 : a evolução
A Temporada 5 começava com o Gen2. Desta vez, chamou a atenção o desenho. Logo o carro ganhou o apelido de “batmóvel”. Ele era mais curto e mais leve do que seu antecessor, além de usar mais do efeito-solo para gerar pressão aerodinâmica, o que fazia abrir mão do aerofólio traseiro.
Para esta geração, a McLaren assumia o posto de fornecedora de bateria. Atendendo às solicitações da categoria, a autonomia aumentou, tornando desnecessária a troca de pilotos. A potência aumentava para 250kw (335cv) e o carro poderia chegar a 280 km/h. A liberdade técnica foi mantida.
Uma versão Gen2.5 estava prevista, porém os custos e a COVID fizeram os planos mudarem, esticando a vida útil do Gen2 até 2022. A mudança técnica fez o patamar aumentar: o Gen2, em termos de potência se posicionava entre a Fórmula Regional (270cv) e a FIA F3 (335cv).
Gen3: indo um pouco mais além
Para esta temporada, temos a estreia do Gen3. Seu desenho retangular chamou a atenção quando foi apresentado, fazendo muita gente torcer o nariz. O estranhamento passou um pouco a medida que as equipes foram mostrando suas pinturas...
A Williams volta a fornecer as baterias e desta vez, uma mudança radical. Até então, as equipes eram autorizadas a usar seus trens de força na parte de trás do carro. Agora, além deste, o Gen3 tem um trem de força padrão na parte de frente, sendo exclusivo para a regeneração da energia gerada pelos freios da frente. O uso de dois trens de força não é inédito, já que a Nissan usou esta estratégia nas temporadas 17/18 e 18/19.
Falando em freios, o Gen3 só tem os freios dianteiros. Esta solução está fazendo os pilotos terem que adaptar o modo de dirigir. Porém, diante dos problemas surgidos nos testes iniciais e na pré-temporada, um sistema mecânico traseiro será utilizado, devendo ser retirado nas próximas etapas.
Outra solução que deve aparecer mais à frente é a recarga das baterias. O Gen3 foi pensado para ter uma parada de cerca de 30 segundos no box para que pudesse fazer a recarga das baterias. Como esta solução também apresentou alguns problemas, a organização, em conjunto comas equipes, decidiu testar um pouco mais...
O mais importante: o carro emagreceu cerca de 60kg em relação ao seu antecessor e a potência pode chegar a 350kW (470cv). Isso o coloca entre a FIA F3 e a FIA F2 (que tem 620cv). Se considerar a capacidade de regeneração do trem de força dianteiro, que é de 250kW, o Gen3 pode alcançar 600kW (pouco mais de 800cv). Para se ter uma ideia, era foi a potência que os F1 alcançaram no final da primeira temporada da era hibrida, em 2014.
Este é um dos motivos que fazem a Formula E chamar a atenção e cumprir seu papel de desenvolvimento de tecnologias que possam ser usadas no dia-a-dia.