Pascal Wehrlein, a vitória da persistência na Fórmula E
Após ser uma aposta da Mercedes e não ter chances na F1, Wehrlein reconstrói a carreira e conquista o título desta temporada da Fórmula E
Se existe um campeonato que tem de ser visto com outros olhos por parte do público, este é a Fórmula E. OK, muita gente questiona a falta de barulho e também algumas decisões que demoram a sair e acabam mudando os resultados bem depois da bandeirada final. Realmente, são fatos. Só que o grupo do “não vi e não gostei” é numeroso...
Só que também não se pode negar que a categoria entrega muito entretenimento e não existem favoritos claros em cada prova. Embora tenhamos sim equipes que oscilam menos, a Fórmula-E não tem favoritos claros. Embora com a introdução do Gen3, os carros com os trens de força da Porsche e Jaguar tiveram um melhor desempenho até aqui.
Errados? Se pegarmos os resultados desta temporada, 12 das 16 corridas foram vencidas por carros impulsionados por estes dois trens de força. E dos quatro pilotos que chegaram com chance de títulos, todos eram das equipes oficiais de fábrica...
No final, o título ficou nas mãos de Pascal Wehrlein. O alemão, que surgiu como um potencial estrela da F1, protegido da Mercedes e até mesmo cogitado para assumir um posto na equipe quando Nico Rosberg anunciou sua aposentadoria após seu título.
Essa negativa acabou o deixando um pouco fora de rumo. A Mercedes ainda o colocou andando no DTM após a Manor anunciar que não correria em 2017, mas a relação acabou no final desta temporada. Os alemães até tinham a intenção de ir para a Fórmula E, mas não contando com Wehrlein.
Após alguns testes pela Mahindra, o alemão foi contratado pelo time para a temporada 18/19. Embora tenha vindo como uma opção não tão certeira, Wehrlein conseguiu achar seu caminho e conseguiu sua primeira vitória, na Cidade do México.
Embora tenha sido um ano complicado, Wehrlein ficou mais um ano e na temporada 20/21 se mudou para a Porsche, se tornando piloto de fábrica. Foi um ano difícil, de adaptação e uma série de problemas, incluindo a perda de uma vitória em Puebla por conta de pneus.
Aos poucos, Wehrlein se tornou um dos principais pilotos da categoria e o seu esforço foi recompensado esta temporada, onde fechou com três vitórias (Cidade do México, Misano e Londres), dois podiums e consistência, que é uma das marcas da categoria: não basta somente vencer, mas saber aproveitar bastante as oportunidades de pontuação.
É uma bela redenção para um piloto que soube reconstruir a sua carreira a partir do momento em que viu as portas fechadas por aqueles que os apoiaram. Sem contar a representatividade: em um mundo tão fechado, Wehrlein se torna o segundo piloto preto a conquistar um campeonato mundial (sim, sua mãe vem da Mauritânia). Para uma categoria que tem um dos seus objetivos a inclusão, é um grande feito para a Fórmula E.