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Quem é Gabriel Bortoleto, novo brasileiro no grid da Fórmula 1

Paulistano de 20 anos é agenciado por Fernando Alonso e será titular da Sauber-Audi em 2025

6 nov 2024 - 08h18
(atualizado às 12h32)
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O brasileiro Gabriel Bortoleto foi confirmado nesta quarta-feira como piloto da Sauber-Audi para a temporada 2025 da Fórmula 1. Será a primeira vez que um competidor representará as cores do País como titular na principal categoria do automobilismo desde Felipe Massa, na Williams, em 2017. Ele fará dupla com o experiente piloto alemão Nico Hülkenberg, que deixará a Haas no fim do ano para se juntar à equipe suíça.

Aos 20 anos, Bortoleto atualmente lidera a classificação da Fórmula 2, principal categoria de acesso à F1. Em 2023, após se tornar o primeiro brasileiro a se sagrar campeão da Fórmula 3 com ampla folga, foi anunciado pela McLaren como novo membro da academia de jovens pilotos da equipe, onde teve a oportunidade de desfrutar da estrutura do time inglês e ter contato com os pilotos titulares, o inglês Lando Norris e o australiano Oscar Piastri.

Gabriel Bortoleto cumprimenta fãs no GP de São Paulo, em Interlagos.
Gabriel Bortoleto cumprimenta fãs no GP de São Paulo, em Interlagos.
Foto: Daniel Teixeira/Estadão / Estadão

"Nunca desistir é o que mais eu aprendi neste ano, principalmente depois de começar a temporada da F-2 como eu comecei. Caí para o 15º lugar e agora estou liderando o campeonato e é muito especial. Então, a lição é nunca desistir, manter o foco, cabeça baixa, sempre trabalhando, que as coisas vão dar certa", disse o brasileiro ao <b>Estadão</b>, na semana passada.

Bortoleto é considerado um jovem talento desde o início da adolescência. Seu bom rendimento desde o kart vem chamando a atenção no mundo do automobilismo. O bicampeão mundial Fernando Alonso gostou tanto do que viu na pista que se tornou o empresário do brasileiro, através de sua empresa, a A14 Management.

"Ele me dá várias dicas. São sempre coisas muito técnicas, sobre pilotagem, posicionamento do carro em pista, negociação de ultrapassagens, gerenciamento da degradação dos pneus", explicou Bortoleto, em conversa com a reportagem em 2023. "Ele é um cara bem tranquilo e me passa bastante confiança ter um bicampeão mundial ao meu lado", contou Bortoleto, sobre a relação com o espanhol, que agora será seu rival nas pistas da F1 a partir de 2025 - Alonso é piloto da Aston Martin.

Bortoleto tem como maior ídolo o tricampeão mundial Ayrton Senna. "Sem dúvidas, o maior ídolo no esporte foi Ayrton Senna", disse o jovem piloto, que não chegou a ver o ídolo correndo ao vivo, mas conheceu sua trajetória por vídeos e documentários, sob influência do seu pai, grande fã de Senna. "Dos pilotos da atualidade, eu admiro e me espelho nos estilos de pilotagem do Alonso e do Max Verstappen."

Quando não está na pista ou se preparando para entrar no carro, o brasileiro continua conectado ao automobilismo. "Atualmente, meu maior hobby tem sido praticar a minha pilotagem em meu simulador de casa. Mas curto também outros tipo de jogos eletrônicos. Temos um grande grupo de amigos, quase todos pilotos, e jogamos outros jogos também que não sejam de corrida."

Trajetória

Nascido em São Paulo, Bortoleto vive na Itália desde 2017, quando se mudou com apenas 12 anos para a pequena cidade de Desenzano Del Garda, perto de Veneza - atualmente mora em Milão. O brasileiro começou no kart aos seis anos, por influência do irmão mais velho, Enzo. Ele obteve diversas conquistas na modalidade no Brasil antes de fazer a grande aposta em solo italiano, tradicional destino de aspirantes às grandes categorias do automobilismo.

"Comecei no automobilismo quando tinha seis anos, nos kartódromos da Granja, Aldeia da Serra e Interlagos. Quando comecei, não tínhamos (família) uma condição financeira muito boa. Meu pai criou uma empresa de telecomunicações que, na época em que comecei no kart, era muito pequena. Não tínhamos condições de pagar tudo", lembrou o brasileiro, em entrevista ao canal SBT.

Bortoleto revelou que se mudou para a Europa com apenas 11 anos, e sem avisar sua mãe. "Ela não iria me deixar ir. Sempre foi muito apegada. Então, meu pai disse: 'Daqui a um mês, vocês vão pegar um voo, e eu só vou contar que você não vai voltar quando já estiver lá'. Quando chegamos, ele disse: 'Aluguei uma casa pequena, e eles vão ficar direto'. Minha mãe ficou um mês sem falar com meu pai. Quase deu término de casamento", contou.

Ele também disse que seu irmão chegou a sonhar com a carreira de piloto, mas desistiu porque a família não tinha condições de bancar duas carreiras no automobilismo. "Meu pai adorava (F1), sempre acompanhou o Senna. Ele vem de uma condição bem simples, então nunca pôde competir, mas sempre foi uma paixão dele. Meu irmão, seis anos mais velho do que eu, começou a competir antes e foi até os 16 anos. Mas teve que parar porque ele não tinha condições de manter os dois ao mesmo tempo", declarou.

"Acho que ele (irmão) entendeu que não conseguiria chegar à Fórmula 1, até por ter começado mais tarde do que eu, com 12 anos. Eu já estava ganhando nas categorias de base do automobilismo europeu e ele disse: 'Deixa o meu irmão'. Ele decidiu parar para que eu pudesse continuar", afirmou.

Longe do Brasil, Bortoleto se destacou em palcos maiores, como o Campeonato Europeu e o Mundial, entre 2017 e 2019. O ano de 2020 marcou sua transição para as primeiras competições de monoposto. Ele terminou a Fórmula 4 italiana no quinto lugar. Em 2021, deu novo salto: entrou na Fórmula 3 Europeia, a antessala da F3, na qual entrou e foi campeão logo em sua primeira temporada.

Agora na F2, ele é o grande favorito a levantar o troféu. Antes de iniciar a preparação para a estreia na F1 em 2025, Bortoleto tem pela frente ainda duas etapas para a conclusão da temporada: no Catar e nos Emirados Árabes Unidos, nos dois primeiros fins de semana de dezembro.

Estadão
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