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WEC: O grande enigma chamado Peugeot

Após mudar radicalmente o 9X8, a Peugeot vem buscando achar o caminho para o bom desempenho. Interlagos pode ter dado bons sinais

30 jul 2024 - 23h08
(atualizado às 23h32)
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Peugeot 9X8 em ação nas 6 Horas de São Paulo. O 8º lugar em Interlagos foi um sinal animador para os franceses
Peugeot 9X8 em ação nas 6 Horas de São Paulo. O 8º lugar em Interlagos foi um sinal animador para os franceses
Foto: Paulo Abreu / Parabólica

Desde quando divulgou as primeiras imagens do 9X8, a Peugeot atiçou a atenção dos fãs de automobilismo. Depois de 11 anos, os franceses voltavam a principal competição de protótipos do mundo, o FIA WEC, com um carro dentro dos requisitos de um hypercar LMH e ousou de uma vez: concebeu um veículo sem aerofólio traseiro.

Quando o CEO Carlos Tavares apresentou o 9X8 nas 24 Horas de Le Mans de 2020, todos acharam uma loucura: como assim o carro sem aerofólio? O objetivo dos técnicos da Peugeot era se basear no uso massivo do efeito-solo para garantir o máximo de pressão aerodinâmica. Em pistas como Le Mans, onde se tem aceleração máxima em boa parte de seus mais de 13km, era a pedida perfeita.

Por conta da Covid-19 e questões técnicas, o 9X8 teve sua estreia marcada para as 6 Horas de Monza de 2022. Orgulhosa de seus feitos, a Peugeot colocou o numero 93 em um de seus carros, que era o ano em que tinha vencido pela última vez as 24 Horas de Le Mans. E na primeira prova já obteve um respeitoso 4º lugar, resultado repetido nas 8 Horas do Bahrein.

A vitória em Le Mans em 1993 inspirou a numeração atual no FIA WEC
A vitória em Le Mans em 1993 inspirou a numeração atual no FIA WEC
Foto: 24 Horas de Le Mans

2023 seria o primeiro ano completo do time no FIA WEC. O carro mostrou lampejos de desempenho, chegando a liderar em Le Mans. Porém, sérios problemas de confiabilidade, especialmente no câmbio, levaram a Peugeot a trabalhar bastante muito em mecânica e eletrônica. E se pensou em adotar uma postura mais "convencional" na aerodinâmica.

Olivier Jansonnie, o Diretor Técnico da Peugeot, declarou que o time teve que fazer muitas mudanças na concepção do carro especialmente quando uma série de alterações no regulamento apareceram em 2022, principalmente para acomodar pedidos de Porsche e Ferrari, que estreariam na categoria em 2023, e a equalização final com o IMSA.

Como mudanças radicais poderiam levar a usar parte dos 5 pacotes ("Tokens") de atualização que os Hypercar tem direito a usar ao longo do regulamento (até então 2026), a Peugeot optou por trabalhar na confiabilidade e se debruçar praticamente numa "versão B" do 9X8. 2023 foi um ano de mais estudos e o melhor resultado veio em Monza, com um 3º lugar do trio Di Resta/Jensen/Vergne.

A versão "com asas" do 9X8 veio nas 6 Horas de Imola, após um surpreendente desempenho na primeira prova do campeonato, os 1812km do Catar. O #93 andou muito tempo em 2º lugar e se não fosse uma pane seca na última volta, teria chegado ao pódio. Como não havia combustível para verificação e o motor elétrico foi usado fora das condições previstas, o carro foi desclassificado.

Na apresentação, Jansonnie declarou que a mudança mais notável, que era o aerofólio traseiro, demandou uma série de outras alterações. Não ficou claro o quanto dos pacotes de atualização da Peugeot utilizou, mas o 9X8 passou por outra homologação, pois cerca de 90% da carenagem havia sido mudada, além da distribuição de peso, motor. câmbio e o fundo do carro.

Peugeot 9X8 em outro ângulo, já com aerofólio traseiro
Peugeot 9X8 em outro ângulo, já com aerofólio traseiro
Foto: Peugeot Sport

Uma consequência desta atualização era permitir o 9X8 usar pneus dos mesmo tamanho dos demais:  29cm de largura na dianteira e 34 cm de largura na traseira. Até o Catar, usavam 31 cm de largura nos 4 pneus, o que inclusive levava a usar o motor elétrico em velocidade diferente dos demais times.

Embora a equipe e os pilotos tenham definido que esta nova versão significou um passo à frente, que deixava o carro mais previsível, especialmente em superfícies mais onduladas, os resultados não se traduziram efetivamente: em Imola, os carros chegaram em 9º e 15º lugar. Em Le Mans, a prova "caseira", outra prova discreta: ambos chegaram ao final, mas em 10º e 11º lugares.

Em São Paulo, tive a oportunidade de conversar com o Diretor Técnico da Peugeot, em conjunto com os amigos Milton Rubinho e Rodrigo Mattar. Enquanto os jornalistas estrangeiros perguntavam a Jansonnie sobre a pressão dos resultados que não vinham após a introdução o novo pacote, nosso foco era perguntar sobre os impactos das mudanças e quais eram as expectativas.

Em sentido horário: Jansonnie (de camisa branca), Mattar, Milani e Rubinho
Em sentido horário: Jansonnie (de camisa branca), Mattar, Milani e Rubinho
Foto: Paulo Abreu / Parabólica

Soando até um pouco aliviado, Jansonnie respondeu que a Peugeot ainda buscava entender todos os dados daquelas mudanças, mas que tanto a equipe como os pilotos tinham certeza de que, embora extenso, o pacote de modificações era uma verdadeira melhora. Afinal, uma série de parâmetros foram mudados e é quase como um carro novo tivesse ido para a pista.

O autor em conversa com Olivier Jansonnie no HC da Peugeot em Interlagos
O autor em conversa com Olivier Jansonnie no HC da Peugeot em Interlagos
Foto: Paulo Abreu / Parabólica

Embora tenha feito uma classificação muito discreta, o 9X8 chegou a liderar o Treino Livre 1 e andou uma parte da prova em 2º lugar nas 6 Horas de São Paulo, apostando em uma estrategia ligeiramente diferente de corrida. O 8º lugar final acabou sendo uma injeção de ânimo para os franceses, em um momento em que se fala que a gestão da WEC poderia ir para outra marca da gigante Stellantis em um futuro próximo.

Faltando 3 etapas para o final da temporada 2024, a Peugeot quer aproveitar para entender mais do 9X8 para efetivamente rugir no grupo da frente para 2025. Austin pode ser uma boa oportunidade, já que se trata de novidade para todos. Fuji e Bahrein foram pistas em que o 9X8 teve lampejos ano passado. Mas como tudo mudou, que os ares de São Paulo signifiquem o início de uma recuperação.

Parabólica
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