Atletas da WNBA apoiam boicote liderado pela NBA e jogos também são adiados
Elizabeth Williams, do Atlanta Dream, foi escolhida como porta-voz e pediu justiça para o caso de Jacob Blake
Poucas horas depois de os times da NBA boicotarem a rodada desta quarta-feira, as equipes da WNBA fizeram o mesmo, também em apoio aos novos protestos antirracistas, nos Estados Unidos. Os três jogos marcados para o dia foram adiados numa demonstração dos times em favor de Jacob Blake, um homem negro alvejado com sete tiros nas costas por policiais no estado de Wisconsin, no domingo.
As partidas adiadas foram: Washington Mystics x Atlanta Dream, Los Angeles Sparks x Minnesota Lynx e Connecticut Sun x Phoenix Mercury, todas válidas pela temporada regular. Uma nova data para estes jogos ainda não foi definida pela direção da WNBA.
O boicote teve início em Bradenton, na Flórida, a poucas horas do início da partida entre Washington e Atlanta. Jogadoras das duas equipes, junto de atletas do Los Angeles e do Minnesota conversaram em quadra por cerca de uma hora para decidir se jogariam nesta quarta.
As jogadoras das quatro equipes chegaram a se ajoelhar em quadra, como protesto pelos tiros em Jacob Blake, antes de se retirarem do ginásio. A ala Elizabeth Williams, do Atlanta Dream, acabou sendo escolhida como porta-voz das jogadoras. Diante das TVs, ela leu um comunicado.
"Estamos em solidariedade aos nossos irmãos da NBA e vamos continuar essa conversa com nossos irmãos em todas as ligas para tomarmos uma ação conjunta. O que vimos ao longo dos últimos meses e recentemente com o tiros em Jacob é opressor. Quando ouvimos sobre Jacob e a comunidade dele, nós tivemos a oportunidade de manter o foco nas questões e exigir mudança", declarou.
No comunicado, as jogadoras convocaram os americanos a se registrarem para votar nas eleições presidenciais de novembro. "Neste momento é importante que nossos fãs fiquem focados, escutem nossas vozes, conheçam nossos corações e liguem os pontos do que dizemos para o que fazemos. Encorajamos todo mundo a se registrar para votar hoje, agora. Se você realmente acredita que vidas negras importam, então vote. Vá e complete o cadastro de 2020 agora."
Elas também fizeram referência ao movimento "Black Lives Matter" (Vidas Negras Importam, em tradução livre), que teve início durante a pandemia do novo coronavírus em resposta a atos violentos por parte de policiais contra negros nos EUA.
"Não espere. Se esperamos, não fazemos a mudança. Isso importa. Sua voz importa. Seu voto importa. Faça tudo o que puder para que sua liderança pare com palavras vazias e faça algo. Essa é a razão da temporada 2020. Está no nosso DNA. Estamos dizendo os nomes de mulheres negras e pardas cujos assassinatos foram esquecidos. Vamos continuar a usar nossa plataforma para falar destas injustiças que ainda acontecem e exigir ação para mudá-las. Vidas negras importam. Digam o nome dela. Digam o nome dele."
Horas antes, pelos playoffs da NBA, o Milwaukee Bucks não entrou em quadra nesta quarta para enfrentar o Orlando Magic. Os jogadores dos Bucks permaneceram nos vestiários enquanto o rival entrou em quadra para o aquecimento. Pouco antes do horário marcado para o início, o time do Orlando Magic também se retirou. Na sequência, os árbitros fizeram o mesmo.
Os outros jogos desta quarta-feira pelos playoffs da NBA, entre Oklahoma City Thunder e Houston Rockets e Los Angeles Lakers e Portland Trail Blazers, também não vão acontecer. A NBA confirmou o adiamento dos jogos, que terão nova data de disputa. Logo após o Milwaukee Bucks decidir pelo boicote, LeBron James, astro dos Lakers, publicou uma mensagem de protesto no Twitter.
A postura da equipe de Milwaukee antecipou o movimento que começou com os jogadores de Toronto Raptors e Boston Celtics. Eles estavam cogitando não entrar em quadro para o jogo 1 das semifinais da Conferência Leste, agendado para esta quinta-feira.