Isotônico ao "povo" e rodo quebrado: NBB tem o seu charme
Episódios extraquadra fizeram parte do duelo Palmeiras x Flamengo, que não resumiu, mas certamente exemplificou, o que é a principal competição do basquetebol brasileiro
Criado em agosto de 2008 e reconhecido pela Federação Internacional de Basquete (Fiba) como a liga brasileira de basquete, o Novo Basquete Brasil (NBB) pode não ser um grande atrativo ao torcedor nacional - que nos últimos anos se rendeu ao vôlei e até tem preferido acompanhar futebol americano e MMA. Inegavelmente, porém, o campeonato da bola laranja tem o seu charme. Seja por situações curiosas, fatos engraçados ou até mesmo pela proximidade que um anônimo pode ter com os protagonistas do "espetáculo", é praticamente impossível assistir in loco a alguma partida do torneio nacional de basquete e não se apaixonar.
O jogo entre Palmeiras e Flamengo, nesta quinta-feira, no Ginásio Palestra Itália, por exemplo, dificilmente desagradou os 1247 torcedores que quase lotaram a acanhada casa alviverde em plena véspera de Carnaval. O clássico das camisas - como é conhecido o duelo entre palmeirenses e rubro-negros no basquete - terminou com vitória carioca por 89 a 85, foi um dos mais emocionantes da sétima edição do NBB, mas, também, transcendeu as quatro linhas. Episódios extraquadra fizeram parte do duelo, que não resumiu, mas certamente exemplificou, o que é a principal competição do basquetebol brasileiro.
Logo no primeiro quarto - um dos mais pegados e equilibrados do confronto -, o jovem responsável por limpar a quadra do Ginásio do Palestra Itália no setor ofensivo do Flamengo protagonizou fato que chamou a atenção dos presentes ao local.
O Palmeiras tinha a posse de bola e trabalhava a jogada de ataque no cinco contra cinco. Momento ideal para o menino tirar o suor do piso na outra extremidade do território de jogo, certo? Sim.
Mas o problema foi que o time rubro-negro roubou a bola e escapou em velocidade no contragolpe. Distraído, o pequeno garoto levou um susto com a presença de tantos jogadores à sua volta e, na ânsia de sair da quadra rapidamente, quebrou o rodo dentro das quatro linhas.
Foram necessários mais alguns segundos de "desespero" até que ele recolhesse a tira de pano e, mesmo sem conectá-la ao cabo, se dirigisse à parte de trás da tabela. Ufa! Que sufoco!
Nas arquibancadas do ginásio palmeirense, outra curiosidade deixou por alguns minutos em segundo plano o que os jogadores faziam com a bola laranja em mãos. Perto do final do primeiro tempo, um membro da comissão técnica do Flamengo, responsável por encher com água e isotônico os copos de plástico servidos aos atletas durante os tempos-técnicos, simplesmente serviu um torcedor do Palmeiras.
É isso mesmo! O simpático profissional flamenguista percebeu o sofrimento de um fã alviverde com o calor que fazia no abafado Palestra Itália, pôs isotônico no recipiente e esticou o braço até "premiar" o torcedor adversário.
O palmeirense subiu os (poucos) lances de arquibancada com o copo cheio na mão, voltou ao lugar ao lado dos amigos e ingeriu o líquido em poucos goles. Naquele instante, as ofensas dos donos da casa aos flamenguistas deram lugar a gargalhadas e trocas de elogios entre eles.
Outros fatos são capazes de despertar sensações surpreendentes em um jogo do NBB. A grande presença na torcida de idosos e crianças - cada vez mais distantes das arquibancadas de futebol - é um deles. Havia até mãe circulando com o pequeno filho em um carrinho de bebê em pleno ginásio.
O que aconteceu após a partida, contudo, é insuperável: jogadores de Palmeiras e Flamengo simplesmente deixaram o ginásio pelo mesmo portão dos torcedores. O ônibus rubro-negro, por exemplo, estava estacionado em plena Rua Turiaçú, que há poucos dias se transformou em praça de guerra de alviverdes e policiais militares antes do clássico Palmeiras x Corinthians no futebol.
Ver o experiente Marquinhos, que já passou pela NBA, circulando normalmente entre a torcida e distribuindo autógrafos na calçada foi demais. Observar o armador e ídolo palmeirense Neto conversando com um torcedor e ainda segurando o tênis de jogo nas mãos em plena saída do Palestra Itália foi tocante.
O NBB tem, sim, o seu charme.