Oscar e Marcel falam sobre chances do Brasil no Mundial 2019
Brasil garantiu participação na edição da China, que será disputada a partir de 31 de agosto, e enfrenta Grécia, Montenegro e Nova Zelândia
Que a Seleção Brasileira de futebol é única a ter participado de todas as Copas do Mundo, não é novidade. Mas você sabia que a Seleção de basquete também participou de todos os Mundiais? No último mês, o Brasil garantiu classificação nas eliminatórias das Américas e estará na 19ª edição do torneio, disputado na China a partir de 31 de agosto.
Além do Brasil, só os Estados Unidos estiveram nas outras 18 competições. E apesar de não conquistar uma medalha desde 1978, a Seleção Brasileira ainda é uma das mais vitoriosas do torneio, tendo ficado entre os quatro primeiros em oito oportunidades, com dois ouros (em 1959 e 1963), duas pratas (1954 e 1970) e dois bronzes (1967 e 1978). O Terra conseguiu falar com duas lendas que participaram da última medalha, no ano em que o torneio foi disputado nas Filipinas: Marcel de Souza e Oscar Schmidt.
“Foi graças à minha cesta que nós ganhamos a medalha, eu tinha só 21 anos na época”, lembra Marcel, aos risos. No jogo que decidiu o terceiro lugar, o Brasil enfrentou a Itália e venceu por 86x85, com Marcel sendo o cestinha da partida ao anotar 22 pontos, incluindo a cesta da vitória no último segundo em um contra-ataque fulminante.
Os dois estavam em quadra na última vez que o Brasil disputou medalha, em 1986, quando perdemos para a Iugoslávia. “Você não pode bobear porque se não você não chega na medalha, é sempre um jogo decisivo. A gente merecia ter uma medalha, aquela geração foi maravilhosa”, afirma Oscar. No início dos anos 2000 o basquete brasileiro entrou em declínio e ficou de fora de três edições de Jogos Olímpicos, mas nunca deixou o Mundial.
“É muito difícil, o Brasil teve muitas chances boas, inclusive no Mundial lá da Turquia [em 2010] em que a gente perdeu para a Argentina no final [o Brasil perdeu por quatro pontos nas oitavas de final]. Se a gente tivesse ganho, teríamos ido para a zona de medalha e quem sabe, né?”, relembra Oscar. O brasileiro é o maior cestinha da história do torneio, tendo marcado 843 pontos em quatro edições.
Já Marcel, que é um dos três jogadores que jogaram um recorde de cinco edições do Mundial, lembrou de outra ocasião: “A gente já teve que pagar para participar”. Em 2014 o Brasil só participou da competição porque foi convidado depois de não conseguir se classificar, tendo pago quase um milhão de euros para a Fiba.
“A competição ficou muito mais difícil do que na minha época. Por exemplo, tinha Estados Unidos, União Soviética e Iugoslávia, aí eles se dividiram e tem Eslovênia, Sérvia e Croácia, antigamente era um time só. Já não era fácil pra gente antes. Hoje não dá pra botar na mesma barca isso daí”, diz Marcel.
A edição de 2019 teve uma classificação diferente do que nos anos anteriores, já que a Fiba diluiu as eliminatórias em várias datas ao longo do ano, ao invés de sediar um torneio preliminar. O Brasil, sob gestão do técnico croata Aleksandar Petrović, ficou em terceiro lugar no grupo F, atrás de Canadá e Venezuela. Tanto Marcel quanto Oscar disseram que o importante era se classificar para, a partir de agora, aparar as arestas do time.
“Vai precisar melhorar alguma coisa, nunca vai estar perfeito, tem que saber que vai ter que melhorar sempre. Eu tenho certeza que o Petrovic está sabendo disso”, diz Oscar. Já Marcel afirma que o Brasil não estava com a força máxima no elenco, com o uso de jogadores jovens do NBB (Novo Basquete Brasil, a liga nacional) em algumas partidas. Mas ele acha que mesmo com força máxima o Brasil não tem grandes chances na China.
“Difícil falar hoje em dia de medalha porque tem muito time de alto nível. Todas as equipes vão estar com equipes melhores, por exemplo esse menino da Grécia, o Giannis Antetokounmpo, o Luka Doncic, da Eslovênia, você vê esses caras que dominam a NBA e vão jogar no Mundial. Foi-se o tempo que era mais fácil, era concentrado”, disse o ex-atleta.
O sorteio dos grupos não foi generoso para o Brasil, que enfrentará justamente a Grécia de Antetokounmpo na fase de grupos, além de Nova Zelândia e Montenegro, duas seleções cujos principais jogadores estão no auge físico e atuam na NBA. “Já tem os Estados Unidos, que vem pra ser campeão pra ir pra Olimpíada, como você compete? O Kobe Bryant só jogava 10 minutos e acabava com os caras, não tinha descanso, era um melhor que o outro”, diz Marcel.
Já Oscar é um pouco mais otimista. “Tenho um otimismo muito grande por essa gestão do Guy [Peixoto, atual presidente da Confederação Brasileira de Basquete] e creio que a gente vai ter muito sucesso em um futuro próximo”, finaliza.