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NBA cresce mais de 50% em números gerais no Brasil mesmo em meio à pandemia do coronavírus

Liga consegue ampliar lojas físicas e aumentar leque de transmissões para atender à demanda dos fãs brasileiros; projetos para fomentação do basquete também têm grande expansão

18 fev 2022 - 15h10
(atualizado às 23h19)
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O sucesso da NBA no Brasil é inversamente proporcional ao protagonismo brasileiro em quadra neste momento em que o tradicional All-Star Game será disputado no domingo, em Cleveland, na celebração dos 75 anos da liga americana. A NBA, como negócio, cresceu muito nos últimos dois anos no País, mesmo em meio à crise econômica gerada pela pandemia do coronavírus. Os números são impressionantes.

"Crescemos mais de 50% em números gerais", revela Rodrigo Vicentini, head da NBA no Brasil, ao Estadão. Ele comanda o escritório da liga no País, que completa dez anos de operação em 2022. A empreitada começou em uma pequena sala em Botafogo, zona sul do Rio, com apenas dois funcionários, em julho de 2012. Agora são 20 pessoas trabalhando diariamente para atender à expectativa dos fãs brasileiros.

"Isso faz parte da consistência da nossa atuação no mercado brasileiro, um mercado extremamente receptivo, que acolheu muito bem a liga e suas iniciativas. Durante todo o período mais crítico, já que hoje vivemos uma fase diferente, mas ainda não livres da pandemia, nos aproximamos do público por meio de diversas ações e iniciativas, levando entretenimento e o basquete para perto das famílias", reforçou.

O número de pessoas que consomem NBA subiu de 31 milhões em 2019 para 45 milhões em 2021 no Brasil, segundo pesquisa do Ibope Repucom. O público é bastante diversificado. Daqueles mais saudosistas até ao garoto que prefere o basquete ao futebol por causa dos grandes astros em quadra. Outro detalhe interessante: as mulheres são quase metade (45%) dos fãs no País.

"Adoro NBA. Apesar de estarmos no 'país do futebol', eu acompanho mais, gosto mais é de NBA. Todos os melhores jogadores do mundo estão na mesma liga, LeBron, Giannis, Curry, Durant, são tantos craques... E se enfrentando quase que todos os dias, sempre em um nível altíssimo. Não existe jogo ruim. Não existe time ruim. Não tem como não gostar", explica o estudante João Gabriel Serrano, de 16 anos.

Já o empresário David Sérgio, de 48 anos, que trabalha no ramo de gastronomia, se apaixonou pela NBA no final da década de 1980 ao acompanhar astros como Michael Jordan, Larry Bird e Magic Johnson. "Não há esporte como o basquete e não há liga como a NBA. Nenhum outro (esporte) é tão emocionante, competitivo, tão completo. Além do jogo em si, em quadra, tem toda uma magia do entretenimento, da atenção com os fãs de todas as idades. A NBA pensa em tudo nos mínimos detalhes e isso faz com que ela seja esse sucesso", afirmou.

A pandemia também conseguiu fortalecer esta relação. A NBA se tornou exemplo e virou o centro das atenções por conseguir finalizar sua temporada no formato de bolha, na Flórida, em um momento bastante complicado da covid-19. Lá abriu ainda espaço para que os jogadores pudessem protestar oficialmente contra questões importantes, como o racismo.

Neste perfil de fã está Ari Nasser, designer de 39 anos. "Eu assistia a jogos de vez em quando, não era tão ligado em basquete. Mas acho que muita gente começou a se interessar por NBA durante a pandemia porque, claro, era a única competição acontecendo, naquele esquema que confinaram os times na Flórida, mas também por empatia com o posicionamento da liga sobre a questão racial que explodiu naquele período. A forma como a NBA costuma lidar com temas importantes, a maneira como conversa com a sociedade é diferente, é uma demonstração de respeito e consciência do quanto é forte a voz do esporte para a sociedade."

A demanda gera oferta. A NBA passou de seis lojas físicas antes do início da pandemia para 18. A última unidade inaugurada foi no Shopping Catuai Palladium, em Foz do Iguaçu (PR), há uma semana. A próxima será no NorteShopping, no Rio, em breve. Em outubro do ano passado, foi inaugurada no Morumbi Town Shopping, em São Paulo, a NBA Store Arena, maior unidade da América Latina e quarta maior do mundo.

São mais de 3 mil peças de Stock Keeping Unit (Unidade de Manutenção de Estoque, em português) diferentes oferecidas aos fãs em produtos oficiais e licenciados. Tudo isso faz do Brasil o terceiro maior mercado de varejo físico do mundo fora dos Estados Unidos.

TRANSMISSÕES

Mas o fã da NBA não quer apenas vestir os uniformes dos principais jogadores e equipes ou ter experiências que o aproximem da atmosfera da liga. Eles querem assistir aos jogos. E, claro, o leque de opções foi devidamente ampliado no Brasil.

São mais de 460 transmissões ao vivo por tevês aberta (Band) e fechada (ESPN e SporTV) e plataformas digitais (YouTube e Twitch), além do NBA League Pass, aplicativo da própria liga que exibe todos os jogos da temporada e playoffs e oferece diversos pacotes de assinatura. O Brasil se tornou o país número 1 em assinantes deste serviço, superando a Austrália, líder até o ano passado.

Destaque para o streaming Gaules, da Twitch, que somou mais de 3,5 milhões de horas assistidas nas lives na temporada passada, sua primeira como parceiro da NBA. A linguagem de transmissão direcionada ao público da Geração Z (pessoas nascidas entre 1995 e 2010), foi uma aposta certeira.

"O Brasil é um país estratégico, muito importante para a NBA globalmente, vemos o mercado aberto à inovação, então temos investido bastante nesse segmento em projetos que vão desde à NBA House, passando pela distribuição de jogos em plataformas, espaços como a NBA Store Arena, ativações desenhadas com os nossos parceiros, oportunidades de interagir e alimentar essa paixão dos fãs do Brasil", afirmou Rodrigo Vicentini.

"Sabemos que a NBA é muito consumida dentro de quadra, por suas equipes, pelos astros, jogos, finais, lances fantásticos... Mas vemos o quanto o fã brasileiro é interessado no 'fora de quadra' também, em pontos de contato da liga com a cultura urbana, com o lifestyle, com os produtos, a moda, os eventos, com as parcerias... Vemos isso em todas as frentes porque monitoramos índices de vendas, audiência, expansão de lojas, transmissões de TV, streaming... Brasileiro ama NBA e estamos muito felizes em termos essa relação cada vez mais forte com os fãs por todo o país", completou.

A forte relação é facilmente comprovada também pelas redes sociais. O Brasil é o líder na América Latina e um dos maiores no mundo, sempre desconsiderando os Estados Unidos. São mais de cinco milhões de seguidores juntando Twitter, Facebook, Instagram e TikTok. A liga tem investido em muitas ações de engajamento pelos perfis oficias. No canal do YouTube, que transmite alguns jogos em parceria com a Budweiser, são mais de 600 mil inscritos.

NÃO É APENAS ENTRETENIMENTO

O crescimento da NBA também aconteceu nos projetos que buscam fomentar o basquete no Brasil. O NBA Basketball School, que tem como propósito compartilhar o método de ensino do basquete americano, por exemplo, subiu de mais de 80 núcleos no segundo semestre de 2021 para mais de 150 unidades já nesse começo de ano. É o país com este programa mais desenvolvido no mundo.

Além disso, o programa jr. nba, lançado em setembro do ano passado e que visa ajudar na capacitação de instrutores/professores, para o desenvolvimento e massificação do basquete pelo País, já passou de 8 mil profissionais capacitados pela metodologia.

Não à toa, o escritório no Brasil certamente terá vida longa. "Os brasileiros receberam a NBA de coração e braços abertos e, ao longo dessa década, os fãs nos ajudaram a construir uma historia maravilhosa no País. O brasileiro adora esporte, pratica esporte, joga basquete, entende tudo da bola laranja, segue os jogos, acompanha os seus ídolos... E a NBA é uma liga aspiracional, isso cria uma conexão única, uma combinação perfeita. Nossos fãs são muito exigentes e nós nos desafiamos todos os dias a criar iniciativas e promover ações movidos por essa paixão, sempre buscando, claro, surpreender. Temos colhido ótimos resultados e que possamos fazer ainda mais pelos próximos dez anos", finalizou Rodrigo Vicentini.

Estadão
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