Passagem da Seleção faz Sírio sonhar com retomada a partir da base
Uma das estrelas douradas que adorna o símbolo do Esporte Clube Sírio remete ao título mundial de basquete de 1979, mas a instituição que já contou com astros como Amaury e Oscar atualmente vive fase de ostracismo na modalidade. A recente passagem da Seleção de Novos, convocada pelo campeão olímpico Rubén Magnano, faz a instituição sonhar com uma retomada a partir das categorias de base.
O ginásio do Sírio abrigou uma Seleção formada por jogadores com menos de 23 anos durante aproximadamente três semanas no mês de junho. O grupo treinou no local pela última vez no domingo e partiu para disputar um torneio amistoso na França como preparação para a Universíade da Rússia. Nascidos nos anos 1990, os jovens não viveram os tempos áureos do clube que frequentaram.
De 1959 a 1988, o Sírio ganhou os principais torneios repetidas vezes, como o Sul-Americano e o Brasileiro. Vice-campeão mundial em 1973 e 1981, o clube alcançou a consagração definitiva ao conquistar o título de 1979 sobre o Bosna Sarajevo. Com o time adulto extinto nos anos 1990, o feito logrado por jogadores como Oscar, Marcel e Marquinhos, dirigidos por Cláudio Mortari, é "apenas" uma longínqua recordação.
Como parte do acordo para realizar a preparação da Seleção de Novos no Sírio, a comissão técnica permitiu que os sócios acompanhassem alguns treinamentos durante os finais de semana. Atual diretor de basquete do clube, Felipe Joseph, filho de Dodi, um dos heróis do Mundial de 1979, conta que a passagem do time nacional mexeu com a instituição.
"Foi muito bacana. A gente viu vários pais levando os filhos para acompanhar os treinamentos da Seleção. As pessoas mais antigas, que realmente viveram a fase áurea do basquete do Sírio, também aproveitaram para ter novamente a sensação de ver jogadores profissionais dentro daquela quadra, o que há tempos não acontecia. Ainda existe uma grande quantidade de basqueteiros no clube", contou.
A Seleção de Novos que treinou no Sírio contou com alguns dos destaques da última edição do NBB. Os jovens Matheus Dalla Barba (Limeira) e Lucas Mariano (Franca), por exemplo, foram convidados por Magnano para participar da preparação para a Copa América da Venezuela ao lado da equipe principal. Inspirado pela passagem do time nacional pelo Sírio, Felipe Joseph sonha com uma retomada.
"A gente queria muito voltar pelo menos com as categorias de base. Eu tentei viabilizar isso no final do ano passado, mas foi difícil e não teve continuidade. Em 2013 vamos tentar novamente, nem que seja para começar devagar e ir crescendo aos poucos para quem sabe voltar a ter uma equipe adulta que percorra os caminhos rumo a um campeonato de elite", afirmou.
Além de atuar como diretor do Sírio, Felipe Joseph é coordenador de competições da Liga Nacional de Basquete (LNB), entidade responsável por organizar o NBB, principal torneio de clubes do País, função antes exercida apenas pela Confederação Brasileira de Basquete (CBB). Desta forma, ele conhece bem os meandros que envolvem uma eventual tentativa de participar do evento.
"Como é uma coisa muito profissionalizada, os aventureiros não têm condição. Precisa elaborar um projeto sólido, ter estrutura e planejamento a longo prazo. É necessário contar com profissionais que tenham o know-how para poder gerir uma equipe capaz de passar pelas etapas que são exigidas para pleitear uma vaga dentro do campeonato", enumerou.
Fundado em 14 de julho de 1917, o Esporte Clube Sírio é presidido por Marcelo Audi Cateb. De acordo com o diretor de basquete, a política da atual gestão é priorizar os interesses dos associados em detrimento de investir nos esportes de alto rendimento. Ainda assim, o filho de um dos integrantes do título mundial de 1979 mantém o sonho.
"O clube tem feito uma gestão admirável, com uma filosofia de prestigiar os sócios e está se consolidando em termos de estrutura. Mas, como associado e amante do basquete, tenho sempre o pensamento de em algum momento conseguir ajudar o clube ou de pelo menos motivar as pessoas que tomam as decisões para que a volta do basquete aconteça", disse Felipe, esperançoso.
