Situação do Botafogo escancara excesso de jogos no calendário do futebol brasileiro
Médica do esporte avalia esgotamento físico de times do Brasil em competições internacionais
O Brasil presenciou uma eliminação precoce de uma equipe nacional na disputa da Copa Intercontinental, o Botafogo. O time ganhou a Conmebol Libertadores e o Brasileiro em um intervalo de apenas duas semanas. Mas, horas depois da conquista da Série A, viajou para o Qatar. Enfim, pouco mais de 24 horas após desembarcar em Doha, estreou no Intecontinental e perdeu para o Pachuca: 3 a 0. Eliminado.
Sem destacar os aspectos tático e técnico, que também interferiram no resultado surpreendente para o Pachuca, do México, o esgotamento físico foi evidente entre os atletas do Fogão. Tanto que o técnico Arthur Jorge tomou a iniciativa de poupar alguns dos seus titulares para uma sequência dentro da competição. Um movimento que comprova o quanto o calendário do clube carioca não o perdoou neste fim de temporada.
Somando todas as competições durante o ano, incluindo Carioca, Copa do Brasil, Brasileirão e Libertadores, o Alvinegro entrou em campo 74 vezes antes de disputar a Intercontinental. Segundo com maior número de jogos depois do Botafogo no torneio de fim de ano, o Real Madrid terá realizado 56 partidas em 2024 até a sua estreia na competição. Enfim, uma diferença de quase 20 jogos.
Cansaço
Médica do esporte e nutricionista, especialista em gestão de saúde e performance de atletas, a Dra. Flávia Magalhães explica que não há como negar que a parte física pesou no desempenho do time brasileiro. Vale lembrar que o Pachuca teve cerca de um mês de preparação para entrar em campo na quarta-feira (11/12).
"O calendário do futebol brasileiro e sul-americano tem características que prejudicaram o desempenho do Botafogo no torneio da Fifa, com o desgaste físico por se tratar de final de temporada. Contudo, para as outras equipes, como o Pachuca, ainda é meio da temporada. Dessa forma, isso faz com que elas estejam em um melhor ritmo competitivo e com menos cansaço. Há também outro aspecto que pode interferir na parte emocional, que são as questões das transferências, com muitos atletas já em fase final de contrato", revela Flávia.
Botafogo e o excesso de jogos
A médica lembrou que o Botafogo jogou 74 partidas em 2024, muito acima da média de clubes em ligas europeias ou de outros continentes.
"O número excessivo de jogos, combinado com viagens longas entre cidades e estados no Brasil, sobrecarrega os jogadores, aumentando o risco de lesões. Assim, o resultado é o aumento de problemas musculares, fadiga crônica. E, muitas vezes, ocorre uma queda na qualidade técnica dos jogos. Esse cenário afeta diretamente a saúde dos jogadores e, em competições internacionais, coloca os clubes brasileiros em desvantagem em relação a adversários que possuem um calendário mais equilibrado", finaliza Flávia.
Siga nosso conteúdo nas redes sociais: Bluesky, Threads, Twitter, Instagram e Facebook.