Boxe: lutas na Rio 2016 foram manipuladas, diz investigação
Investigação foi conduzida pelo canadense Richard McLaren, conhecido por fazer o dossiê que descobriu o esquema de doping no esporte russo
Uma extensa investigação conduzida pelo professor canadense Richard McLaren revelou um possível sistema de manipulação de resultados das lutas de boxe na edição de 2016 dos Jogos Olímpicos, no Rio de Janeiro.
McLaren é conhecido por ter elaborado o dossiê que descobriu o esquema de doping no esporte russo. Desta vez, o canadense foi contratado pela Associação Internacional de Boxe (Aiba) para apurar os combates das Olimpíadas do Rio.
Após a divulgação dos resultados da primeira fase da investigação de McLaren e sua equipe, o presidente da Aiba, Umar Kremlev, afirmou que acompanha o caso "com preocupação" e confirma que "amplas reformas foram implementadas para garantir a integridade" das competições organizadas pela entidade.
"Devemos examinar cuidadosamente o relatório e ver quais passos são necessários para garantir a justiça", disse Kremlev.
Segundo o relatório, os oficiais da Aiba selecionaram os árbitros para garantir que as lutas pudessem ser manipuladas nas eliminatórias olímpicas e nos Jogos de 2016. O canadense ainda confirmou que encontrou sinais de que os combates de Londres 2012 também foram afetados.
Destacando uma "cultura de medo" e até "intimidação" por parte dos juízes, McLaren não formulou um número exato de lutas afetadas pelo suposto esquema. O professor, contudo, estimou que cerca de 10 combates foram manipulados, incluindo batalhas valendo medalhas.
Uma das lutas em 2016 que mais gerou controvérsia aconteceu nas quartas de final da modalidade. Apesar do irlandês Michael Conlan ter dominado a luta contra Vladimir Nikitin, a arbitragem deu a vitória ao pugilista russo. Ele, no entanto, não conseguiu disputar as semifinais por causa dos ferimentos do combate anterior.
A investigação tem o objetivo de restaurar a imagem da Aiba que Kremlev planeja comandar. Por decisão do Comitê Olímpico Internacional (COI), a associação não teve o direito de organizar a competição dos Jogos de Tóquio, no Japão, em função das denúncias de corrupção e irregularidades financeiras..